Fábio GóisEm decisão unânime, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram recurso ajuizado pela defesa do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, no processo referente ao caso do caseiro Francenildo Costa - que levou à queda, em 2006, do então ministro da Fazenda e atual deputado Antônio Palocci (PT-SP). Com pedido de embargo de declaração, os advogados de Mattoso contestaram o acolhimento, pela corte, da denúncia pela quebra de sigilo bancário de Francenildo e pelo vazamento dos dados da conta corrente do caseiro para a imprensa.
Na apreciação da mesma denúncia contra Palocci, a corte rejeitou a ação acusatória. Na época, os dados bancários de Francenildo revelaram o recebimento de R$ 50 mil, valor alto para os padrões de sua profissão. Palocci e seus assessores usaram a descoberta para demonstrar que Francenildo havia recebido dinheiro de adversários políticos, com o objetivo de fazer falsos relatos sobre reuniões entre Palocci, assessores e amigos em uma mansão de Brasília. O ex-ministro era figura frequente nos encontros, que supostamente incluía mulheres, jogos e bebida.
No embargo declaratório, a defesa de Mattoso alegou que, como o STF rejeitou a denúncia contra Palocci, o único com foro privilegiado no processo, teria deixado de ser o foro competente para levar adiante a ação - e, como consequência, não poderia julgar os demais denunciados. Mas o relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, lembrou ontem (dia 2) que esse argumento foi analisado em plenário, chegando-se à conclusão de que os fatos que pesam contra Palocci e os outros envolvidos são indissociáveis, sem haver fundamentação jurídica para enviar os réus sem foro para a Justiça comum.
A corte recebeu denúncia do Ministério Público Federal em agosto de 2009 contra Palocci e Mattoso, bem como um assessor de imprensa do ex-ministro. Os magistrados acolheram apenas a acusação contra o ex-presidente da Caixa, que responde a ação penal da Justiça Federal.
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