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O MST e a autocrítica de Stédile

Congresso em Foco

5/11/2009 6:20

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Celso Lungaretti*

Entrevistado pela TV Brasil, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra, João Pedro Stédile, admitiu que a destruição dos laranjais da Cutrale foi "um equívoco" e "uma atitude desesperada".

Segundo ele, os militantes do MST encontravam-se acampados na região de Iaras (interior paulista) há seis anos, sem atendimento de suas demandas, e perderam a cabeça ao serem informados, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, de que a terra ocupada pela Cutrale era grilada:

"Foi uma atitude desesperada das famílias que ocupavam a fazenda. Com a notícia do próprio Incra de que a área é da União desde 1910, naquele clima de indignação, alguns dos companheiros pegaram o trator e destruíram os laranjais".

Stédile admite que tal descontrole acabou fornecendo um trunfo poderoso para a propaganda adversa:

"Evidentemente que foi um equívoco, porque a direita e os órgãos de comunicação deste país, que servem aos interesses da burguesia brasileira, se utilizaram daquelas imagens, que foram gravadas pelo serviço de inteligência da PM de São Paulo, com o uso de helicóptero, e nos execraram na opinião pública".

Também denuncia que os danos constatados nas casas dos trabalhadores foram produzidos depois da saída dos militantes, no intervalo entre a desocupação e a chegada da imprensa, quando "ficou a polícia sozinha com a Cutrale dentro da fazenda por uma hora".

O certo é que há muito deveria ter caído esta ficha para os dirigentes do MST: como atuam na contramão dos interesses dominantes, todos os trunfos que fornecerem aos inimigos serão magnificados e explorados ao máximo pela indústria cultural.

A lição já poderia ter sido aprendida quando da depredação dos pedágios ou da invasão da Câmara dos Deputados: ações desse tipo vão sempre aparecer com destaque no Jornal Nacional, nas manchetes de jornais e nas capas de revistas, servindo como estopim de campanhas reacionárias contra o MST.

É puerilidade alegar-se que a mídia estará sempre contra o MST, faça o que fizer. Denúncias descabidas não causam maiores estragos, pois o público já deixou de confiar cegamente nos veículos de comunicação.

Agora, quando se fornecem imagens tão chocantes como as da destruição dos laranjais, o inimigo é competente para extrair delas total proveito. Como agora, ao conseguir a convocação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

Corações e mentes

A maior vitória conquistada nas últimas décadas contra o sistema, em países desenvolvidos, foi o repúdio à intervenção estadunidense no Sudeste Asiático: o país mais poderoso do mundo foi obrigado a se retirar de uma guerra que seus jovens não queriam travar.

A conquista dos corações e mentes teve importância fundamental: aos poucos, a população foi convencida de que nada justificava aquele morticínio, até que o complexo industrial-militar teve de curvar-se à vontade da maioria.

Isso foi possível porque os contestadores geralmente atuaram com criatividade e discernimento: sabiam que o objetivo último de suas demonstrações era sensibilizar os neutros, os indecisos, os indiferentes e os antagonistas não muito convictos.

Então, não era fácil para a imprensa passar, deles, uma imagem tão negativa quanto gostaria.

Cabe ao MST incutir nos militantes a noção de que suas manifestações públicas devem também priorizar a conquista dos corações e mentes, angariando simpatia para a causa ao invés de acentuar as rejeições.

Stédile fez, com muita propriedade, a autocrítica que se impunha. Falta o MST fazer a autocrítica na prática, passando a conviver de forma menos amadoresca com a tendenciosidade da indústria cultural.

* Jornalista e escritor, Celso Lungaretti mantém os blogues Náufrago da Utopia e O Rebate.

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