Fábio Góis O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, designou o procurador Gustavo Pessanha Velloso para acompanhar as investigações da Polícia Legislativa do Senado sobre as suspeitas de irregularidades praticadas pelo ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. A indicação foi uma resposta à
solicitação feita no último dia 4 do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), para quem a participação do Ministério Público seria bem-vinda.
No ofício em que comunica a designação, o procurador-geral informa à polícia institucional que já havia fornecido a Velloso, no âmbito da Procuradoria da República no Distrito Federal, uma orientação criminal sobre a investigação em curso no Senado.
O
inquérito policial se concentra na reportagem da revista
Época publicada em 25 de abril (
leia), segundo a qual Zoghbi participa de esquema de empresas de fachada, e teria posto a ex-babá de seus filhos - uma senhora de 83 anos - como sócia majoritária em três empresas que teriam lucrado R$ 3 milhões em um ano e meio. De acordo com a reportagem, o Banco Cruzeiro do Sul, que operava empréstimos consignados no Senado, era o responsável pela maior parte desse montante. O banco teve seu convênio cancelado pela Casa, na semana passada.
Além do inquérito, Zoghbi e sua esposa, a ex-diretora do Instituto Legislativo Brasileiro (onde o marido é lotado) Denise Zoghbi, são alvos de
ocorrência policial, no âmbito do Senado, que apura as circunstâncias de outra reportagem, na mesma revista, com entrevista na qual o casal garante haver um amplo esquema de corrupção - cujo mentor seria o ex-diretor-geral Agaciel Maia - que controla as compras, contratações e licitações do Senado (
leia). Segundo o casal, Agaciel seria sócio em todas as empresas terceirizadas que firmaram contratos com a Casa nos últimos anos, com a anuência do corregedor, Romeu Tuma (PTB-SP), e do ex-primeiro-secretário, Efraim (DEM-PB).
Mas o próprio casal se contradisse em depoimento prestado a portas fechadas, e separadamente, como determina o Código de Processo Penal, na polícia legislativa, no último dia 6 (quarta-feira). Na oitiva, segundo o advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, "ambos confirmaram que nunca fizeram qualquer tipo de acusação, nunca fizeram qualquer tipo de insinuação sequer de ilegalidade" (
leia).
Neste momento, representantes da empresa Contact Assessoria de Crédito Ltda., que seria uma das beneficiárias do suposto esquema de pagamento de propina para a execução de empréstimos consignados para servidores do Senado, prestam depoimento à polícia legislativa, no subsolo do prédio. A empresa está em nome da ex-babá, que até hoje mora com os Zoghbi em bairro nobre de Brasília.
A senhora também presta depoimento, neste instante, à polícia legislativa - mas, por se tratar de uma idosa, o depoimento está em curso na residência do casal Zoghbi. Em nota divulgada ontem (quinta, 7), a polícia comunica
novo depoimento de Denise e João Carlos, no próximo dia 19.
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