O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse agora há pouco que o Planalto não deve se meter nas discussões sobre a composição e os trabalhos da CPI dos Cartões Corporativos. Segundo Jucá, o governo não vai interferir no entendimento da base no Parlamento, “porque aqui o bicho vai pegar”. Hoje (21), a oposição
anunciou que, enquanto não for lido o requerimento de abertura da CPI exclusiva, apresentado por PSDB e DEM, não indicará membros para a composição da comissão mista, o que causaria um impasse para o início dos trabalhos.
O peemedebista se referiu ao fato de que a oposição, descontente com o fato de o governo não abrir mão dos cargos de comando da CPI mista (deputados e senadores), instalará uma comissão exclusiva dos senadores para investigar os gastos com os cartões corporativos do governo federal, além de ameaçar obstruir os trabalhos do plenário.
“A posição do Planalto é não se envolver na decisão da base do Congresso. A CPI é mista e, portanto, tanto as lideranças da Câmara quanto as do Senado precisarão estar fechadas no mesmo posicionamento”, declarou Jucá, dizendo ser o “entendimento” o melhor caminho para os começos dos trabalhos do colegiado.
“Como ainda não há essa unanimidade, o Palácio não vai se envolver. Vamos tentar, na próxima semana, conversar com o restante das lideranças da base e verificar se teremos uma posição. Eu continuo defendendo um entendimento como único caminho para trabalharmos rapidamente nessa CPI”, ponderou.
Esquecimento
Diante das ameaças da oposição em não indicar membros para a CPI mista, Jucá foi irônico. “Eu vejo isso como uma manobra com um pouco de esquecimento da oposição. Eles deveriam se recordar que o Supremo determinou que, se não houver indicação pelos líderes para membros de CPI num prazo determinado a Mesa do Senado irá indicar esses membros”, provocou Jucá, dizendo que “não há a possibilidade de a CPI ficar sem a indicação de seus membros” e garantindo estar buscando soluções para “esse tipo de conflito”.
Segundo o senador, o impasse quanto à composição da CPI mista e as ameaças da oposição não representam perigo à unidade da base aliada. “Não vamos rachar a base. A base vai entrar unidade nessa CPI, e é por isso que nós não tomamos uma decisão [a respeito da interferência do Planalto]”, assegurou.
“Rachar a base seria o primeiro erro no início da CPI. Nós queremos que a base entre unida e que a oposição atue em conjunto com a base”, declarou Jucá, garantindo não haver “acordão” para abafar as investigações, que incidirão nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.
(Fábio Góis)