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Congresso em Foco
18/9/2006 | Atualizado 19/9/2006 às 12:16
Lúcio Lambranho
O advogado Gedimar Pereira Passos, um dos acusados de negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra o ex-ministro da Saúde e candidato a governador de São Paulo, José Serra, foi reprovado no exame psicotécnico durante concurso para delegado da Polícia Federal em 1993. Inconformado com o resultado, ele entrou com uma ação, no ano seguinte, contra a própria PF. O processo tramita desde 1994 na Justiça Federal.
Gedimar foi preso na última sexta-feira (15) com o empresário Valdebran Carlos Padilha da Silva, com R$ 1,75 milhão em espécie (R$ 1,168 milhão em moeda nacional e mais US$ 248 mil em dólares) em um hotel em São Paulo. Os dois tinham encontro marcado com o empresário Luiz Antônio Vedoin e o tio dele, Paulo Roberto Trevisan, que teriam um dossiê capaz de relacionar Serra e Alckmin com a venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras.
O empresário e o advogado disseram que tinham a missão de verificar a autenticidade do material, fazer o pagamento e a divulgação das fotos e vídeos que seriam entregues por Luiz Antonio Vedoin e Paulo Roberto Trevisan. Em depoimento prestado anteontem, Valdebran Padilha contou que recebeu o dinheiro para adquirir o dossiê pessoalmente de um representante do diretório estadual do PT em São Paulo.
Na ocasião, o empresário paulista deu detalhes do encontro e fez uma descrição física do emissário petista, mas não deu nomes. Em novo depoimento, Valdebran identificou o responsável pela entrega do R$ 1,75 milhão como o assessor especial da Presidência Freud Godoy.
Policial aposentado
O advogado de Gedimar Pereira Passos, Jurandir Grossmann Anastácio, disse que ficou surpreso com a prisão de seu cliente. "Ele (Gedimar) é um homem correto, reto e muito digno. Se ele me chamar estou pronto para fazer a defesa dele a qualquer hora", afirmou.
Segundo ele, Passos foi reprovado no exame psicotécnico, mas não poderia ter deixado de ser nomeado, pois já estava na função de policial federal há mais de 20 anos: trabalhou como agente até se aposentar. "Não existe nenhuma lógica nesse exame, que também é contestado por mais de mil pessoas que fizeram o mesmo concurso. O edital tem uma série de erros administrativos", explica o advogado.
A ação está no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas Anastácio garante que deve levar o processo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Mais de 700 candidatos já foram nomeados delegados e o meu cliente ainda aguarda decisão na Justiça", diz.
O advogado, que deixou a Polícia Federal em 1990, disse ao Congresso em Foco que nunca ouviu falar de Freud Godoy, atual assessor especial da Presidência e ex-segurança de Lula. "Nunca ouvi falar de Freud, só mesmo pela imprensa", declarou Anastácio.
Freud se explica
Em entrevista ao telejornal Hoje, da Rede Globo, Freud admitiu ter se encontrado quatro vezes com Gedimar, desde que foi apresentado a ele no diretório do PT em Brasília há um mês, mas negou qualquer envolvimento com o episódio. O advogado, segundo Freud, participaria da equipe que cuida da segurança e da logística da campanha.
Nos dois contatos seguintes, eles teriam discutido como seria feita a varredura dos telefones usados na campanha à reeleição do presidente Lula.
O assessor disse que recebeu um telefonema esta manhã do próprio presidente Lula, que cobrou explicações sobre o episódio. "Eu disse a ele (Lula): se o problema do senhor para governar o país e fazer campanha for esse, pode colocar a cabeça no travesseiro tranqüilo, porque eu não tenho nada a ver com isso e vou provar", afirmou Freud Godoy, que trabalha há 17 anos na equipe de segurança de Lula.
Freud não é estreante nas páginas dos jornais. Em reportagem no dia 16 de dezembro de 2004, o jornal Correio Braziliense mostrou uma tentativa do assessor da Presidência de interferir na intervenção feita pelo Ministério da Educação (MEC) na faculdade Garcia Silveira (Fags), em Brasília.
A faculdade, na época, corria o risco de ser fechada e o MEC já tinha nomeado uma interventora. "No dia 11 do mês passado, Freud Godoy, assessor especial da Presidência lotado no gabinete de Marisa, encaminhou ao MEC um pedido de informações sobre o processo de descredenciamento da Fags", narra a matéria do Correio.
"Não há intenção de influenciar ou favorecer ninguém. Chega todo tipo de pedido ao gabinete, de A a Z. É uma praxe atender", afirmou Freud, segundo o jornal. O assessor, de acordo com a reportagem, tentava atender a uma proposta da Associação dos Educadores e Estudantes do Ensino Superior de Brasília (Assesubra) para assumir o curso de Serviço Social da faculdade. O grupo havia participado de uma audiência com a primeira-dama, Marisa Letícia, cuja segurança era feita por Freud.
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