Servidores acusam Abadia de chantagem

Diretores de escolas públicas do Distrito Federal acusam a governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) de fazer chantagem em troca de apoio político. Eles ocupam cargos comissionados e dizem que têm sido pressionados a participar da campanha da tucana, que concorre ao governo, sob o risco de serem exonerados.

Em gravação feita durante reunião com a secretária de Educação, Vandercy Antônia de Camargos, Abadia pede o recrutamento de funcionários comissionados para trabalharem em sua campanha. O diálogo, divulgado hoje (13) pelo DFTV, da TV Globo, teria ocorrido na casa da secretária.

"Então são aqueles diretores, governadora, que têm alunos maiores de 16 anos. Então que trabalho eles estão fazendo? Eles estão fazendo com os alunos, tá?", diz Vanderci. "A população está na nossa mão. Nós temos 16 mil cargos com confiança, não é concurso. E vocês sabem, quando muda (de governo), muda tudo. Então, nós temos esse poder na mão, que é muito poder. Depende de nós, a nossa permanência (no governo), ou não é", responde a governadora.

O procurador regional eleitoral, Osnir Belice, pediu cópia da gravação à emissora e disse que vai solicitar ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal a instauração de um inquérito para apurar se houve crime eleitoral. "Se houver, realmente, provas de abuso de poder econômico, então poderá ser cassado o registro do candidato que utilizou da máquina administrativa", explica.

No domingo (10), o jornal Correio Braziliense publicou reportagem que acusa a secretária de Educação de coagir funcionários comissionados a trabalharem na campanha de Abadia. Ela enviou fax ao subsecretário de Apoio Operacional, Irã Coutinho, pedindo que ele convocasse servidores para uma carreata de campanha e escreveu: "é bom quem tem cargo comissionado aparecer".

Procurada para comentar as acusações, Abadia disse que não comentaria a respeito de gravações feitas sem autorização e que o caso deve ser resolvido na Justiça. "Eu não vou falar sobre pessoas que gravam conversas, dessas parafernalhas de fitas gravadas e de abuso a constituição brasileira. Quem quiser que entre na Justiça. E eu estarei na Justiça para dar as explicações", afirmou. Ela não quis responder se tem pressionado funcionários comissionados participando de sua campanha.