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Manchetes dos jornais de hoje - 21jul2008
Congresso em Foco
21/07/2008 | Atualizado às 00h00
Folha de S. Paulo
PF cita Heráclito, mas não o inclui na lista de investigados
Citado em pelo menos cinco situações diferentes no inquérito da Operação Satiagraha, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) é apresentado como integrante da rede de influência do Opportunity no poder. O relatório da PF aponta ainda a troca de favores entre o congressista e um lobista ligado a Daniel Dantas, mas, apesar disso, afirma que nem ele nem outras autoridades citadas são formalmente investigadas.
Se a Justiça decidir o contrário, isso poderá alterar os rumos da investigação. Nesse caso, o inquérito será enviado da 6ª Vara Criminal de São Paulo ao STF (Supremo Tribunal Federal), onde cada novo passo dependerá de autorização do ministro escolhido como relator. Qualquer advogado dos envolvidos pode reivindicar a transferência do inquérito.
Na semana passada, o presidente do STF, Gilmar Mendes, ao permitir a Heráclito acesso aos autos, considerou o senador como investigado.
Entre as cinco citações, segundo os documentos obtidos pela Folha, está um organograma que o aponta como integrante do grupo "agentes públicos e políticos associados".
O congressista também aparece em escutas telefônicas falando com o publicitário Guilherme Sodré, o Guiga, que, segundo a PF, é lobista de Dantas em Brasília. No relato da conversa, Guiga diz a Heráclito que "todas as pendências foram resolvidas" e agradece a "grande ajuda" do senador.
Heráclito diz que ajudou "Guiga" a obter visto
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse ontem que ajudou o publicitário Guilherme Sodré, o Guiga, a antecipar uma entrevista da filha dele na embaixada dos Estados Unidos para conseguir um visto de entrada naquele país. Segundo Heráclito, essa foi a "grande ajuda" dada por ele a Guiga.
O senador disse que, naquele dia, os dois conversaram sobre a entrevista. "Eu liguei na embaixada e pedi para antecipar a audiência."
Heráclito negou participação em qualquer negociação envolvendo o Opportunity. "Não fiz nenhum negócio. São só questões de amizade."
Heráclito pediu à Justiça para ter acesso à íntegra do inquérito da PF, mas ainda não decidiu se pedirá a transferência do inquérito para o STF. O advogado do senador, Délio Lins e Silva Júnior, só deve decidir na quarta-feira.
Quando está em São Paulo, Heráclito usa os carros de Guiga. Para ir ao velório de Ruth Cardoso, disse ter usado um carro do amigo, onde a PF teria encontrado uma agenda do senador.
Sobre a mensagem que deixou na caixa postal de Carlos Rodenburg quando estava ao lado do ministro Nelson Jobim (Defesa), Heráclito disse que, ao falar sobre a "segurança do empresário", referia-se ao divórcio entre ele e a mulher. "A Caroline [mulher de Rodenburg] estudou com a mulher do Jobim", contou.
BrT tinha "sala de escuta" durante a gestão de Dantas
Alvo de interceptação de telefones e de e-mails, feita com ordem judicial na Operação Satiagraha da Polícia Federal, o banqueiro Daniel Dantas montou uma "sala de escuta" durante sua passagem pela companhia telefônica Brasil Telecom, controlada pelo banco Opportunity até 2005.
Os equipamentos na sala foram descobertos por uma auditoria interna realizada em novembro de 2005 pelos novos controladores da BrT. A sala funcionava num andar abaixo da presidência da empresa, no SIA Sul (Setor de Indústria e Abastecimento), em Brasília.
No teto da sala, os auditores encontraram cabos para "monitorar outros ambientes". O local era freqüentado por fornecedores da empresa, jornalistas e outros visitantes.
Os auditores crêem que tudo o que era conversado na sala era gravado sem conhecimento dos visitantes. "Foi localizada uma sala no 1º andar, bloco A, utilizada como central de escuta. A pessoa que fazia uso desta sala era (...) (ex-funcionário da BrT, gerente de videoconferência/inteligência), para monitorar outros ambientes (dados, voz e imagem). Essas informações foram confirmadas pelo (gerente de controle de serviços). Foram encontrados os cabeamentos para ligação de equipamentos de vídeo, tubulação exclusiva e infra-estrutura de dados elétrica", diz relatório da auditoria da ICTS Global, contratada pela BrT.
A auditoria também detectou movimentações de madrugada e à noite nesse andar cerca de 30 dias antes do início do trabalho dos auditores. Por meio de imagens do circuito interno, diversos funcionários foram flagrados transportando caixas, sacolas e mochilas.
Banco diz que já contestou auditoria
A assessoria de imprensa do Opportunity informou que o banco enviou reclamação à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) contestando os problemas apontados pela auditoria, após uma entrevista de 12 de dezembro de 2005, durante a qual os atuais administradores da Brasil Telecom teriam divulgado à imprensa a denúncia encaminhada à comissão contra os ex-gestores da telefônica.
De acordo com a assessoria, na reclamação à CVM, onde tramita o processo administrativo, o banco acusa a atual gestão da BrT de "práticas abusivas" e "responde ponto por ponto aos ataques".
Segundo notas públicas, declarações e cartas enviadas à imprensa, o Opportunity tem afirmado que a Kroll não fez espionagem e foi contratada pela Brasil Telecom "com o intuito de identificar irregularidades cometidas no processo de aquisição da CRT [Companhia Riograndense de Telecomunicações] pela Brasil Telecom". O Opportunity suspeitava que o negócio tivesse dado um prejuízo de R$ 250 milhões para a BrT.
Em depoimento dado à Comissão de Constituição e Justiça do Senado em 2006, Dantas afirmou não ter tido responsabilidade na contratação da Kroll pela BrT. A Kroll, desde 2004, tem negado irregularidades nos serviços que prestou à Brasil Telecom.
PF retrata obsessão de banqueiro por segurança
O inquérito da Operação Satiagraha retrata a sede de Daniel Dantas por segurança e controle. A obsessão do empresário está descrita num e-mail de 14 de setembro de 2007, da diretora jurídica do Opportunity, Danielle Silbergleid Ninio, para o advogado Nelson Eizirik.
"Há muito tempo trabalhamos com procedimento de segurança redobrado, ie [isto é], temos telefone e videoconferência encriptados, nunca houve política de retenção de documentos (ao contrário), evitamos comunicação escrita. Enfim, esse é o contexto [em] que vivemos", afirma Danielle.
Segundo relatório de março de 2007, até a Polícia Federal enfrentou dificuldade para analisar as conversas. "Os dados do VoIP [transmissão pela internet] foram acessados, mas não foi possível analisá-los porque estavam criptografados", informava o relatório. O documento dizia que a PF estava prestes a quebrar os códigos.
Dantas insistia no uso do telefone que acreditava inviolável. "Bom dia. Esse aí é o pretinho?", pergunta, numa conversa com Danielle, referindo-se ao telefone na sede do Opportunity. "Só te ligo no pretinho", responde a advogada em telefonema de dezembro de 2007.
Segundo um ex-integrante do conselho de administração da Brasil Telecom, a sala de reuniões da empresa era vizinha à do banqueiro, que acompanhava as discussões da empresa por um circuito de TV.
Gilmar Mendes precisou de mobilização tucana para ter nome aprovado
Dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em atividade, Gilmar Mendes foi o que mais sofreu contestação para assumir o cargo. Foram 15 votos contrários durante a análise de sua indicação pelo plenário do Senado -o triplo de rejeição que sofreu o segundo colocado, ministro Eros Grau, com cinco reprovações.
A indicação do nome de Mendes pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi avaliada em maio de 2002 pelo Senado. Na presidência do STF no período, Marco Aurélio Mello declarou que Mendes teria de "superar o desafio".
Preso, Cacciola "perde" o sorriso e corta o cabelo
Em seu primeiro fim de semana na cadeia, Salvatore Cacciola teve fotos como prisioneiro divulgadas pelo jornal carioca "O Dia". Nelas, o ex-banqueiro aparece vestindo o uniforme do presídio Petrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, na zona oeste do Rio.
As fotos mostram Cacciola com os cabelos cortados -ele chegou de Mônaco na quinta, exibindo, sorridente, uma vasta cabeleira. Na prisão, ele é obrigado a vestir calça tipo jeans e camiseta branca.
Célio de Castro, ex-prefeito de BH, morre aos 76 anos
Morreu na manhã de ontem em Belo Horizonte, aos 76 anos, o ex-prefeito da capital mineira Célio de Castro (PT), uma das principais referências dos quase 16 anos da gestão petista na cidade.
Médico, ele estava afastado da política desde 2001, quando sofreu um derrame cerebral. Não falava e nem andava. Mas esteve lúcido todos esses anos.
Na última sexta, foi internado no hospital Mater Dei com arritmia cardíaca. O quadro agravou-se por causa de infecção urinária, que acarretou infecção generalizada. O ex-prefeito morreu no Centro de Tratamento Intensivo, às 10h30.
Ainda no PSB, Castro se elegeu vice-prefeito do hoje ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), em 1992. Em 1996 foi eleito o sucessor de Patrus. Reelegeu-se prefeito em 2000. No primeiro ano do segundo mandato, já filiado ao PT, sofreu o derrame e se afastou. No seu lugar assumiu Fernando Pimentel (PT), que foi reeleito prefeito em 2004.
PT indica jornal do governo Lula como munição eleitoral
A estratégia do PT de municiar seus candidatos a prefeito e a vereador com dados sobre o governo Luiz Inácio Lula da Silva conta com pelo menos uma ferramenta criada com recursos públicos. Há cerca de um mês, o site do partido (www.pt.org.br) abriga um "link" com notícia sobre o jornal "Mais Brasil para Mais Brasileiros", editado pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).
Lançado no fim de maio, a cerca de quatro meses das eleições, o jornal teve um custo de R$ 1,2 milhão e tiragem de 1,2 milhão de exemplares, segundo a Secom. As 44 páginas coloridas trazem relatos de ações do governo em diversas áreas.
"Jornal traz principais ações e políticas do governo Lula. Peça o seu!", diz o site do PT, que abre o texto informando que a publicação "já está disponível para consulta, impressão, aquisição e distribuição".
As edições anteriores do jornal editado pela Secom haviam saído em dezembro de 2005 e junho de 2006, meses que antecederam a eleição em que Lula foi reeleito. Em 2007, ano sem eleições, não houve jornal.
O Estado de S. Paulo
Governo engorda receita de aliados
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o cofre para os aliados no ano das eleições municipais. Das 50 cidades que mais receberam transferências federais, a base aliada administra 43. Ao todo, o governo federal já liberou R$ 8,5 bilhões para convênios com Estados, municípios e entidades públicas e privadas desde o início do ano. Metade disso foi paga nos últimos 40 dias, com a proximidade do prazo final estipulado pela Lei Eleitoral para que o governo inicie obras.
A reportagem do Estado identificou os 935 municípios que receberam mais de R$ 800 mil neste primeiro semestre. O grupo soma R$ 2,7 bilhões em liberações. Destes, 81% dos recursos foram repassados para partidos da base aliada - o PT, que tem 7% dos prefeitos do País, abocanhou 23% das verbas, seguido por outra sigla governista, o PMDB, com 22% dos recursos liberados.
Ou seja, os prefeitos do PT e do PMDB, juntos, receberam 45% dos recursos liberados para todos os municípios pesquisados. Com o PSB e o PR na soma, essa conta sobe para 60%. Dos oposicionistas, o PSDB é o que teve a maior parcela de repasses, com 10%. Todos estes dados são oficiais e foram coletados pela assessoria do DEM no sistema eletrônico de registro dos gastos federais (o Siafi) e processados pelo Estado.
A Prefeitura de Salvador, com 2,8 milhões de habitantes e dirigida pelo candidato à reeleição João Henrique, do PMDB, é a maior beneficiária: R$ 99,3 milhões. A capital baiana recebeu R$ 75 milhões por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), repassados pelo Ministério das Cidades. Do Ministério da Integração Nacional, comandado pelo peemedebista e também baiano Geddel Vieira Lima, recebeu outros R$ 5 milhões. Um dos convênios, assinado em 1º de julho, teve a primeira parcela, de R$ 2 milhões, liberada no mesmo dia.
De 10 governadores que mais tiveram verba, 8 são da base
Oito governadores aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão entre os 10 principais agraciados com verbas federais de convênios em 2008. Juntos, eles receberam R$ 1,2 bilhão de um total de R$ 2,6 bilhões repassados pelo governo federal aos Estados entre 1º de janeiro e 10 de julho, de acordo com os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) fornecidos ao Estado pela assessoria do DEM.
Ao todo, 18 governadores considerados amigos do Palácio do Planalto concentraram 66,3% do dinheiro repassado nesse período.
São Paulo e Minas Gerais, governados pelo PSDB, de oposição, também aparecem na lista dos maiores recebedores, mas com muito menos recursos do que seria de esperar pelo tamanho de sua população. Entre os governistas, os destaques na lista de favorecidos pelas liberações do Palácio do Planalto são Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, Cid Gomes (PSB), do Ceará, e Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco - todos à frente do tucano Aécio Neves, de Minas.
Marta e Alckmin afirmam que a pesquisa reflete trabalho passado
A promessa de voto é o reconhecimento do trabalho passado. Foi com essa confiança que a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) reagiram aos resultados da pesquisa Ibope contratada pelo Estado e pela TV Globo, divulgada ontem. "Estar na frente é reconhecimento pelo que fiz na prefeitura", afirmou Marta. "É uma enorme prova de confiança do povo em meu trabalho como governador", disse Alckmin. O prefeito Gilberto Kassab (DEM), que apareceu com 10%, comentou que a pesquisa mostra "a largada da campanha" e disse que está muito confiante em sua vitória.
Na pesquisa, a petista teve 34% e o tucano, 31%, em situação de empate técnico. Na simulação de segundo turno, a pesquisa mostrou que Alckmin bateria Marta por 47% a 43% e venceria Kassab por 58% a 23% e Marta ganharia de Kassab por 51% a 35%. Ontem, Marta fez dois encontros com militantes na zona leste, Alckmin circulou pelo Grajaú e Kassab foi a um evento na Sala São Paulo para homenagear as vítimas do acidente da TAM.
Líder no Rio, Crivella vira alvo dos adversários
Uma eleição em que tudo pode acontecer. Dessa forma a maioria dos candidatos à Prefeitura do Rio encarou a primeira rodada do Ibope, em pesquisa contratada pelo Estado e pela TV Globo, divulgada ontem. Os números fizeram os adversários do senador Marcelo Crivella (PRB), que lidera com 23%, intensificarem o discurso contra ele. Com as dificuldades de sua candidata, Solange Amaral (DEM), o prefeito Cesar Maia (DEM) deu o tom carregando nas acusações de uso eleitoral da religião contra o ex-bispo da Igreja Universal. É justamente dessa imagem que o senador tenta escapar para superar a mais alta rejeição entre os candidatos. Crivella vence a maioria das simulações de segundo turno, mas empata com a segunda colocada, Jandira Feghali (PC do B), em 33%.
O senador admite que temeu pela contaminação de sua campanha pela comoção de junho, provocada pela morte de três jovens do Morro da Providência, que estava recebendo do Exército obras do projeto Cimento Social , de sua iniciativa. Eles foram entregues a traficantes por militares. Para o senador, a pesquisa mostra consistência de popularidade, em boa parte fruto da fidelidade evangélica. "Os efeitos eram uma incerteza, uma dúvida, mas ela passou quando verifiquei na pesquisa que o povo entendeu o meu projeto", disse Crivella.
Prefeito faz ataque à Universal
Para tentar ajudar a catapultar sua candidata para o segundo turno, o prefeito Cesar Maia (DEM) escolheu o ataque. No sábado, discursando num evento de campanha de Solange Amaral (DEM) pouco antes da divulgação da pesquisa, ele chamou Marcelo Crivella (PRB) de "demagogo pseudo-evangélico" e referiu-se à Igreja Universal como "clube caça-níqueis". Maia ainda cutucou a campanha de Paes, seu desafeto, ao dizer que a eleição do governador Sérgio Cabral (PMDB)passou pela cumplicidade do tráfico de drogas e das milícias.
"O que fiz foi mostrar os pecados de cada um. Sublinhar o populismo de Crivella é importante para que ele não dê uma de bom pastor, quando o que faz é a básica clientela", justificou ontem o prefeito.
Maia diz ainda que não vai aceitar que os adversários de Solange se comportem como "franco-atiradores, como se não tivessem nada com os problemas da cidade".
Caso Dantas evidencia racha na PF
O furacão institucional causado pela Operação Satiagraha - na qual o banqueiro Daniel Dantas foi acusado de lavagem de dinheiro, entre outros crimes -, além de colocar dois Poderes da República em rota de colisão, deixou a descoberto a existência de duas polícias federais, uma comandada pelo diretor-geral, Luiz Fernando Correa, e outra pelo ex, Paulo Lacerda, que hoje chefia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Os dois ensaiaram uma ruptura ao longo da semana, mas recolheram as armas, com a entrada em cena de bombeiros do Palácio do Planalto. Correa tirou dez dias de férias e Lacerda trouxe de volta os arapongas que havia emprestado ao delegado Protógenes Queiroz, encarregado da operação.
O maior problema é que a disputa se refletiu na base e revelou uma categoria perigosamente dividida em torno desses dois pólos de poder.
Na sexta-feira, os representantes das principais entidades da categoria se digladiaram em debates públicos na mídia e nos sites corporativos. Um grupo de mais de 400 delegados divulgou manifesto pela volta de Protógenes ao comando da Satiagraha e de repúdio ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que mandou soltar o banqueiro Daniel Dantas e outros acusados de lavagem de dinheiro.
Crise alimenta os críticos
A crise que pôs na berlinda a operação da Polícia Federal após a prisão do banqueiro Daniel Dantas escancarou o racha na PF e deu mais combustível aos críticos da descentralização das áreas de inteligência da instituição. A autonomia conferida às superintendências regionais para tocar as investigações é vista pelo grupo de Paulo Lacerda como o fator que mais contribuiu para os vazamentos ocorridos na Satiagraha.
Os críticos da descentralização - adotada pelo atual diretor-geral da PF -, dizem que a medida reduz o controle que a cúpula tem sobre as operações. Lembram, por exemplo, que a Operação Anaconda, em outubro de 2003, foi executada na surdina, embora tivesse ramificações em cinco Estados.
"No tempo do Lacerda", dizem, as investigações não vazavam porque os policiais escalados só tomavam conhecimento de detalhes na última hora. Isso fazia com que o controle da cúpula sobre as operações dos policiais fosse bem maior, comentam.
Lula não me tem como candidato, diz Tarso
Após enfrentar cotoveladas na Polícia Federal, broncas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, críticas da oposição e cara feia no PT, o ministro da Justiça, Tarso Genro, encerrou a semana como um dos principais personagens da novela em que se transformou a Operação Satiagraha. Para jogar água na fervura produzida pelos que vêem interesses eleitorais em suas ações, ele recolheu as armas políticas e disse estar fora do páreo para a sucessão de Lula, em 2010. Mais: afirmou que o presidente não o quer na disputa.
"Nessa questão da sucessão à Presidência eu estou subordinado ao presidente Lula que, como é óbvio, não me tem como pré-candidato", disse Tarso. "Estou totalmente fora disso." Na avaliação do homem que incomodou a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - ao constatar que ela não tem vida partidária -, os rumores sobre seu desejo de ocupar a cadeira de Lula não passam de "tentativa de enfraquecer o trabalho contra a corrupção" no País. Apesar do discurso para consumo externo, Tarso mira o Palácio do Planalto. Como o presidente não esconde sua preferência por Dilma, no entanto, ele prepara em banho-maria sua candidatura ao governo gaúcho, também em 2010. Tudo porém, pode mudar, dependendo do cenário.
Julgamento do STF sobre caso Dantas será o mesmo de Edemar
O julgamento de outro banqueiro famoso no Supremo Tribunal Federal (STF), em junho de 2006, antecipa qual será o destino do habeas corpus que, duas semanas atrás, beneficiou o dono do Banco Opportunity, Daniel Dantas, e da jurisprudência do STF. Assim como em 2006, quando os ministros da 2ª Turma consideraram ilegal a prisão preventiva de Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, a liminar concedida a Dantas para se livrar da prisão durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, será referendada pelos mesmos ministros da 2ª Turma, com exceção de Gilmar Mendes, que assumiu a presidência do STF. Dantas, portanto, permanecerá em liberdade.
As circunstâncias que envolvem os dois casos são as mesmas, a começar pelo juiz que decretou as prisões em operações da Polícia Federal: Fausto De Sanctis. E, tanto no caso Edemar como no caso Dantas, a polêmica sobre tratamentos distintos entre pobres e ricos no STF foi aventada.
Desta vez, a crítica veio de fora, mas em 2006 a suspeita de privilégio partiu de um ministro da Corte: Joaquim Barbosa. Ele reclamou, durante a sessão, que o STF deveria respeitar uma súmula que impede o tribunal de analisar habeas corpus antes que as instâncias inferiores - Tribunal Regional Federal e Superior Tribunal de Justiça (STJ) - julguem o assunto. Discussão idêntica à travada por magistrados, juristas e promotores no caso Dantas.
Para ministros, prova foi ilegal
As investigações que levaram à prisão dos banqueiros Edemar Cid Ferreira e Daniel Dantas tiveram no rol de provas de acusação e-mails trocados entre os advogados de defesa. Na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, em que Dantas é investigado, os agentes transcreveram no inquérito e-mails trocados pelos advogados do banqueiro, em que revelam uma estratégia para que a liminar contra a prisão do banqueiro fosse pedida ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante o recesso de julho, tática comum entre os advogados.
No caso de Cid Ferreira, em 2006, as provas foram criticadas e classificadas como ilegais por ministros do Supremo, especialmente por Eros Grau, hoje relator do caso de Dantas. "Quanto à violação do computador do advogado para a averiguação do conteúdo de mensagens eletrônicas, é de enorme gravidade", criticou Eros Grau em 2006. "A violação do computador utilizado pelo advogado não pode ser decretada com esteio em prova cuja licitude é questionada. Essa escalada de invasão de privacidade poderá nos levar a um triste destino." A crítica foi depois referendada por Gilmar Mendes, atual presidente do STF, no julgamento de 2006. "Tudo que se fala sobre estratégia de defesa restaria abalado a partir desse tipo de análise", afirmou.
O Globo
Acusações de Amorim enfraquecem Brasil na OMC
A declaração do chanceler Celso Amorim comparando a tática dos países ricos à dos nazistas gerou mais que mal-estar. Para o próprio ministro e negociadores brasileiros, os EUA usam agora o deslize para desqualificar a posição do Brasil na Rodada de Doha, da OMC, sobre comércio global.
Caso Dantas ganha reforço de força-tarefa
Uma força-tarefa de cerca de 50 pessoas, envolvendo desde a Polícia Federal (PF) até o Ministério Público e o Banco Central, começa hoje a analisar o material recolhido nas 58 ações de busca e apreensão da Operação Satiagraha, que tem como alvo o banqueiro Daniel Dantas.
Projetos mudam gestão da Previdência Social
O governo mandará ao Congresso, mês que vem, dois projetos de mudança na Previdência. Segundo o ministro José Pimentel, um prevê que caberá ao INSS, e não mais ao trabalhador, comprovar o tempo de serviço para aposentadoria.
Lula pede a libertação de reféns na Colômbia
Num domingo marcado por manifestações em centenas de cidades na Colômbia e no mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva juntou-se ao coro dos que pediram a libertação dos reféns da guerrilha colombiana. Em Letícia, na fronteira com o Brasil, ele assinou acordo para combater o tráfico de drogas e armas com os presidentes da Colômbia e do Peru.
Correio Braziliense
R$ 35 milhões jogados fora
Era para ser uma obra que atenderia 182 famílias de produtores agrícolas. Já consumiu R$ 35 milhões de dinheiro público. Mas o projeto de irrigação de Três Barras, em Cristalina, a 160km de Brasília, não só está sucateado como acabou invadido pelo mato. Para piorar, os governos federal e de Goiás querem investir mais R$ 20 milhões, embora a Corregedoria-Geral da União (CGU) faça o alerta: trata-se de uma “aberração administrativa” e a tendência é de que nunca venha a funcionar. E mesmo quem seria beneficiado reconhece que é dinheiro jogado fora: “Se tem alguém solicitando dinheiro, está com má intenção. Não funciona como está’, diz o presidente da Cooperativa Agrícola de Três Barras, Belchor dos Santos.
O apelo de Lula por paz
Ao som de Shakira em plena Floresta Amazônica, os presidentes Lula e Álvaro Uribe unem-se para pedir a libertação dos reféns das Farc.
Caos aéreo maquiado
Nos saguões dos aeroportos, o clima é tranqüilo. Mas nos bastidores, controladores e vôo reclamam da falta de profissionais qualificados.
Carteiros tentam tirar o atraso
Os funcionários dos Correios que voltam a trabalhar hoje vão esticar o horário para normalizar as entregas. Processo deve levar 15 dias.
Temas