Delgado e Alencar admitem que CPI não deve prosperar

Um dos autores do requerimento de criação da CPI da Navalha, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) admitiu há pouco ao Congresso em Foco que, ao decidirem protocolar o documento com a adesão de apenas 172 deputados e trinta senadores, já estavam cientes de que o risco de a comissão não prosperar era grande.

"Mas não íamos jogar as assinaturas fora, até em respeito a quem assinou, a gente tinha que apresentar", disse. Para o deputado, a simples apresentação do requerimento é positiva porque mostra que pelo menos 1/3 do Congresso está disposto a investigar o evolvimento de parlamentares com o esquema desmontado pela Operação Navalha. "Será difícil recolher vinte ou trinta assinaturas agora", resignou-se.

Um dos que trabalhava no recolhimento de assinaturas, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) acusa de "covardes" aqueles que retirarem as assinaturas do requerimento - ao menos 20 parlamentares até a meia-noite de hoje, conforme previsão do vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS).

"Apresentamos o requerimento com a confiança de que as pessoas não fariam esse vexame, não autorizariam a população a suspeitar da razão da mudança. Só um alto grau de degradação política permite que essas firmas sejam tão pouco firmes", criticou.

Chico Alencar e Júlio Delgado não acreditam que a CPI seja de fato instalada. "Mas há ainda a possibilidade de criar outra comissão, ou criar só no Senado", planeja o carioca. (Carol Ferrare)