Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
30/10/2006 | Atualizado 3/11/2006 às 19:22
O brasileiro gosta, e muito, de campanha eleitoral. E não interessa se a campanha é enfadonha, repetitiva, monótona. Não interessa nem mesmo se os dois candidatos têm mais semelhanças do que diferenças no plano administrativo. O que importa mesmo é a briga televisionada pelo poder.
Uma campanha eleitoral serve, além de distribuir renda e certezas num futuro melhor, como uma miragem no deserto de nossa cidadania. O brasileiro gosta que alguém vá à televisão, aos jornais, às rádios, e garanta que o país tem jeito, tem solução. Diria até que o brasileiro precisa da campanha eleitoral para existir.
A campanha à Presidência da República deste ano foi inovadora em vários aspectos. Pela segunda vez na história deste país um presidente é reeleito. Se bem que, pela primeira vez na história da República, um presidente disputa um segundo turno eleitoral.
Lula conseguiu uma votação histórica: 58,2 milhões de votos. Apesar dos sucessivos escândalos de corrupção que assolaram o seu primeiro mandato, e de mais de um ano de pesados ataques contra a sua administração, o presidente Lula atingiu uma votação sem precedentes na história deste país.
Ainda é muito cedo para análises mais profundas e definitivas sobre as razões que fizeram Geraldo Alckmin ter menos votos nessa fase final da eleição, em relação ao primeiro turno do pleito, onde o tucano conseguiu mais gente disposta a apoiar a sua proposta de governo. Aliás, é muito cedo para praticamente tudo o que se relaciona sobre a votação do segundo turno.
Mas podemos, ao menos, citar algumas passagens dessa extensa campanha ao Planalto. Passagens significativas e que auxiliarão no entendimento de mais uma eleição no Brasil.
Os ponto altos
O segundo turno
Garantia da continuidade do debate, o segundo turno foi um dos mais surpreendentes e melhores momentos das eleições. Com as pesquisas apontando a vitória certa de Lula no primeiro turno, até a ala tucana se surpreendeu com a votação de Geraldo Alckmin (PSDB). O próprio Fernando Henrique Cardoso classificou a ida do ex-governador de São Paulo ao segundo turno como "uma proeza". Após um exercício de humildade, o presidente Lula desceu do salto e agradeceu a Deus pelo segundo turno, confessando que este seria o melhor caminho para a população escolher entre os dois presidenciáveis.
Debate da Bandeirantes
Outro ponto alto do segundo turno foi o primeiro debate televisionado entre Lula e Alckmin, promovido pela TV Bandeirantes. Diferentemente dos outros três embates entre os candidatos, no debate da Bandeirantes a coisa esquentou. Geraldo Alckmin, que até então se mostrava sem graça e carisma na campanha, apareceu com uma faceta decidida e agressiva, surpreendendo a todos. Por diversas vezes Lula reclamou: "Esse não é o Alckmin que eu conheço" e no final do debate comentou: "Pensei que não estava na frente de um candidato, mas de um delegado de porta de cadeia". A declaração do deputado federal recém-eleito Clodovil Hernandes (PTC-SP) retratou a mudança de Alckmin: "Temperaram o chuchuzinho".
Declaração de apoio
Um ato raro, porém positivo nesta campanha foi a declaração de apoio que alguns veículos da mídia impressa deram às candidaturas dos presidenciáveis. O jornal O Estado de S. Paulo declarou apoio à candidatura de Geraldo Alckmin. Já a revista Carta Capital, também por meio de editorial, apoiou a candidatura à reeleição do presidente Lula. Isso significa uma evolução da mídia e do próprio sistema democrático. Ou será que alguém realmente ainda acredita na imparcialidade da imprensa?
Os pontos baixos
Dossiê
Nem Freud explicou a origem do dinheiro e a tentativa de adquirir documentos contra políticos do PSDB mudou os rumos da campanha no primeiro turno e provocou baixas significativas no PT. O próprio coordenador da campanha de Lula à época, deputado Ricardo Berzoini, teve que ser afastado. Outro que também deixou o seu cargo foi um assessor especial de Lula, Freud Godoy.
O "laranja podre"
O PSDB também deslizou nessa campanha. Na reta final do segundo turno o aparecimento de um falso laranja para o episódio da compra do dossiê gerou acusações e comentários irônicos do presidente que disse que "por causa do desespero, o PSDB arranjou um laranja podre". O fato foi desvendado em pouco tempo.
Privatizações
A fraquíssima discussão sobre as privatizações foi outro ponto baixo da campanha. O PT encontrou no tema o "calcanhar de Aquiles" do PSDB e o partido tucano embarcou em uma discussão furada e sem profundidade. Nenhum dos candidatos esclareceu ao certo o que pensava sobre o assunto, só teimavam em tentar convencer o eleitor de que não venderiam o país. Para mostrar que sua intenção não era privatizar estatais importantes como o Banco do Brasil e a Petrobras, Alckmin chegou a usar uma jaqueta com os nomes das estatais e a assinar o "documento" de proposto por uma criança se comprometendo a não fazer privatizações.
Informações falsas
Números precipitados e informações falsas surgiram dos dois lados. No debate da Bandeirantes, o presidente afirmou que antes dele o país "não tinha crédito, não conseguia controlar a inflação", mesmo sabendo que a queda e estabilização da inflação aconteceu com a criação do Plano Real, em 1994. Alckmin, por outro lado, garantiu que "A Febem é uma instituição que não tem irregularidade", apesar do local ser alvo de diversas denúncias de maus tratos, tortura e corrupção e de, entre 2000 e 2005, ter enfrentado 147 rebeliões, 595 fugas (com 4.107 fugitivos) e nove assassinatos em suas instalações.
A dança dos números
O cenário criado pelos candidatos em suas afirmações foi no mínimo curioso. Cada um dos presidenciáveis puxava a "sardinha" para o seu lado, aumentando os benefícios dos quais eram responsáveis. Lula, por exemplo, garantiu que investiu "14 vezes mais recursos em saneamento básico do que realizou o governo anterior". De acordo com dados do próprio Ministério das Cidades, no entanto, a diferença não chegaria nem a quatro vezes mais. Entre janeiro de 2003 e setembro deste ano, Lula gastou R$ 12,8 bilhões, enquanto Fernando Henrique em seus oito anos, investiu R$ 13,5 bilhões. Tudo bem que os valores do governo FHC foram corrigidos monetariamente e os de Lula são valores históricos somados ano a ano e que o governo de Lula ainda tem obras em andamento e que aumentarão esse número. Mesmo assim, 14 vezes é demais.
O candidato por sua vez superestimou o número de hospitais e casas construídos por ele enquanto estava à frente do governo de São Paulo. Ao afirmar que havia construído 19 hospitais, Alckmin contabilizou as obras concluídas por seu antecessor, Mário Covas, do qual foi vice durante sete anos. A própria assessoria do candidato tucano confirmou que apenas oito obras foram concluídas por ele. O mesmo aconteceu com o programa habitacional realizado em São Paulo. Na propaganda eleitoral, Alckmin se vangloriava de ter construído 225 mil casas, no entanto, no período em que foi governador, esse número não chegou a 100 mil, de acordo com dados da própria assessoria do candidato.
Temas
IMUNIDADE PARLAMENTAR
Entenda o que muda com a PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara
Educação e Pesquisa
Comissão de Educação aprova projeto para contratação de pesquisadores