O vice-presidente da CPI Mista dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou, que o depoimento do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, dono da Planan, acusado de ser um dos chefes da chamada máfia das ambulâncias, é "excepcional" e "aterrador".
No depoimento prestado na 2ª Vara da Justiça Federal e Mato Grosso, Vedoin revelou um esquema criminoso envolvendo (prefeitos de) 19 Estados, centenas de pessoas e entre 60 e 80 parlamentares, com indícios fortíssimos. Jungmann disse estar convencido de que a CPI confirmará essa dimensão do escândalo e o envolvimento dessas pessoas. "Eu acredito que é o resultado ao qual vamos chegar. Aliás, tenho certeza", afirmou Jungmann.
Desde o dia 3 de julho, a justiça federal de Mato Grosso está tomando o depoimento de Vedoin e deverá concluir o trabalho amanhã ou depois. A máfia envolve parlamentares, empresários, assessores do Ministério da Saúde e prefeitos de vários Estados em um esquema de venda de ambulâncias a preços superfaturados para prefeituras, pagas com recursos oriundos de emendas de parlamentares ao Orçamento da União.
Os membros da CPI esperavam ouvir Vedoin amanhã, mas só poderão fazer isso quando o empresário concluir seu depoimento ao juiz Schneider da 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso. A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino está sendo ouvida agora. Penha é acusada de ser o braço da quadrilha no Ministério que liberava o dinheiro para as emendas dos parlamentares voltadas para compra de ambulâncias.
Logo após ser presa, ela prestou depoimento em que chegou a apontar suposto envolvimento de 81 parlamentares na fraude. Hoje, porém, a avaliação dos integrantes da CPI é a de que ela não está colaborando no depoimento. "Ela está na contramão. Neste momento, Luiz Antonio Vedoin está colaborando, e outras delações virão", disse Jungmann.
O empresário decidiu colaborar com a Justiça e contar tudo o que sabe, com o objetivo de conseguir uma pena mais branda Vedoin, benefício conhecido como delação premiada. Ele entregou ao juiz documentos que ainda não constam do inquérito da Polícia Federal sobre o caso. Amanhã, se não puderem ouvir Vedoin, os integrantes da CPI deverão tomar depoimentos de outras das pessoas envolvidas na fraude que estão presas em Cuiabá.