Os próximos passos da investigação

Diante das evasivas de Silvio Pereira, a CPI dos Bingos decidiu convidar a jornalista Soraya Aggege, de O Globo, que o entrevistou na semana passada. Os senadores querem saber em que circunstâncias foram dadas as declarações e a reação de Silvinho ao saber que a entrevista seria publicada no fim de semana. O presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), irá solicitar as gravações da conversa entre a jornalista e Silvinho. A oposição vai insistir na convocação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério de Souza para evitar que a temperatura da crise esfrie.

O depoimento de Silvinho dividiu a oposição. O senador José Agripino (PFL-RN) chegou a sugerir o cancelamento da sessão diante do comportamento confuso de Silvinho. "Ele respondeu o que quis, com negativas e evasivas", reclamou. "Ele veio aqui para não falar, mas disse e confirmou que a entrevista é verdadeira. Não há nada mais importante que isso", comemorou Efraim.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), e o relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), consideraram positivo o fato de Silvinho ter admitido a entrevista a O Globo. "A participação inicial foi muito confusa, mas ele mostrou claramente que deu a entrevista e que sofreu pressão dos que poderiam pressioná-lo. Não sei dizer quem fez isso, não posso dizer se foi o Delúbio, o José Dirceu ou o próprio presidente Lula", avaliou Garibaldi.

Os líderes governistas, por outro lado, minimizaram o estrago. Para eles, Silvio estava visivelmente abalado e se limitou a repetir informações já obtidas pelas CPIs e que estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

"O depoimento não acrescentou nada aos propósitos da oposição. Ele está apenas repetindo o que já vimos nas outras CPIs. Há uma tentativa da oposição de reeditar momentos destas CPIs, reeditar críticas ao governo, mas não vi nenhuma novidade", afirmou o senador Tião Viana (PT-AC). "O que eles (da oposição) querem é atingir o governo Lula, mas isso até agora não teve efeito nas pesquisas. Não houve nada de novo depois da saraivada que recebeu aqui", disse a líder petista, Ideli Salvatti (SC).