O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) acusou o relator do seu processo no Conselho de Ética, deputado César Schirmer (PMDB-RS), de mentir e ter sido omisso no relatório em que pediu sua perda de mandato. "Vossa excelência mente!", disparou o petista, durante a sessão. "Vossa excelência omite aquilo que não (lhe) é favorável", completou, ao dizer que poderia mostrar aos integrantes do Conselho "três ou quatro passagens" em que ele teria usado de má-fé.
O Conselho suspendeu há pouco a votação do relatório de Schirmer, logo após o início da Ordem do Dia no plenário da Câmara. Mas o presidente da comissão, Ricardo Izar (PTB-SP), avisou que o parecer ao processo de João Paulo será vontado ainda hoje.
Irritado com o relatório desfavorável, o ex-presidente da Câmara chegou a insinuar que Schirmer seria mau caráter e preconceituoso. "Vossa Excelência é omisso, para não dizer de caráter". Em outro momento, João Paulo disse que o relator - ao acusar ex-funcionários da Câmara de petistas - fazia pré-julgamento. "Há um leve traço de preconceito. É um deputado preconceituoso", disse. "O funcionário não pode ser do PT, do PSDB e do PFL?"
Segundo João Paulo, desde o dia 19 de novembro passado, o deputado já tinha "opinião formada". Apesar dessa constatação, disse que não vai desistir de provar sua inocência. "Eu vou em todas as bolas", afirmou. "Mesmo aquelas difíceis de chegar, eu vou".
Ao final da sessão do Conselho de Ética, suspensa com o início da votação em Plenário, ele se desculpou do que disse, e citou nominalmente Schirmer. "Peço perdão se fui grosso", disse.
O relator listou dez fatos que incriminariam o petista e comprovariam seu envolvimento no esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza. A principal acusação contra João Paulo é de tráfico de influência. (Ricardo Ramos)