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Marco Maia suspende convocação de Palocci
Congresso em Foco
01/06/2011 | Atualizado às 00h00
Mário Coelho e Eduardo Militão
Não durou oito horas a convocação do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, para depor no Congresso. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), suspendeu nesta quarta-feira (1º) a convocação do ministro para prestar depoimento na Comissão de Agricultura da Casa. Pressionado pelo governo, o petista decidiu tornar sem efeito até terça-feira (7) a oitiva com Palocci. O ministro foi convocado após uma manobra da oposição e de um cochilo dos governistas na comissão.
Palocci aumentou seu patrimônio em 20 vezes em quatro anos, ao abrir uma consultoria econômica assim que deixou o governo Lula e pouco antes de se tornar deputado. Nos últimos meses de mandato, após a campanha vitoriosa de Dilma Rouseff, comprou um apartamento de luxo no valor de R$ 6,6 milhões. A oposição suspeita de enriquecimento ilícito e tráfico de influência do Palocci.
Hoje, Marco Maia entendeu que era necessário considerar reclamação feita por Paulo Piau (PMDB-MG) e apoiada por três dezenas de colegas. ?Pelos argumentos que tenho colhido sobre o tema, e considerada a complexidade da questão, e destacando que o deputado Lira Maia (DEM-PA) tem se pautado pelo cumprimento do Regimento Interno, a Presidência não pode desconsiderar que a questão de ordem vem assinada por mais de 30 deputados da comissão que estavam presentes?, afirmou Marco Maia. Após a sessão, várias vezes ele lembrou que era ?muito ruim? existir um questionamento de mais de 30 deputados contra a decisão de Lira, mas Maia garantiu que isso não é indicativo de sua decisão.
O presidente da Câmara disse que vai ouvir Lira, os deputados, ver o vídeo gravado pelas câmeras de segurança, as notas taquigráficas, a orientação dos votos e a lista de presença dos parlamentares. ?Vou fazer tudo dentro do regimento?, garantiu Maia.
Veja o vídeo da convocação de Palocci:
Supremo
O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), disse considerar que Palocci está convocado, mas informou que Lira Maia vai esperar a decisão do presidente da Câmara antes de mandar o ofício ao Palácio do Planalto. Se Marco Maia negar a convocação do ministro da Casa Civil, o DEM e o PSDB ameaçam recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Comissão de Agricultura, Lira Maia anunciou: ?Os deputados que aprovam o requerimento permaneçam como estão?. Segundo ACM Neto, no máximo 12 deputados levantaram as mãos em meio a um grupo de 31 presentes à reunião.
Para o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), a situação de Palocci se agrava porque ele não fala em público sobre sua evolução patrimonial desde que os fatos foram revelados há quase um mês. ?Há um silêncio ensurdecedor por parte do governo em negar essas explicações à sociedade?, criticou o tucano.
Golpe
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a oposição não fez manobra na comissão, mas um ?golpe?. ?Nos dois momentos, a maioria dos deputados foi contra o requerimento?, disse o petista. Ele afirma que Palocci não precisa vir à Câmara, porque já está prestando esclarecimentos à Procuradoria Geral da República.
O presidente da Câmara, Marco Maia, também defendeu que o ministro primeiro deve prestar explicações ao Ministério Público, o que já foi feito por escrito. Depois, ele admite ?debater? o assunto no Congresso.
Em conversas com senadores da base e ministros, Palocci disse não haver nada errado com sua evolução patrimonial e atribui o aumento nos rendimentos aos trabalhos realizados por sua empresa de consultoriam, a Projeto, que hoje administra doais imóveis que valem mais de R$ 7 milhões. O ministro afirma que não pode revelar quem eram seus clientes por causa de uma cláusula de confidencialidade que havia nos contratos firmados por ele com as empresas.
Movimentação
A convocação de Palocci na Comissão de Agricultura da Câmara movimentou os corredores do Legislativo nesta quarta-feira. Enquanto parlamentares se revezam nos discursos no plenário, os governistas se reuniam com Marco Maia na Presidência.
O assunto derrubou as votações. Estava prevista a análise do novo Código Brasileiro Aeronáutico, que aumenta de 20% para 49% o capital estrangeiro em companhias aéreas.
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