A candidata do Psol à presidência da República, Heloísa Helena, disse nesta terça-feira que se arrepende de ter chamado o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de "empregadinho". Em entrevista ao Jornal Nacional, a senadora disse que embora nunca tenha exercido um cargo titular no Executivo está preparada para assumir o Planalto e assegurou que, se eleita, vai manter programas sociais do atual governo.
Sempre chamando os jornalistas de "amor" e "minha flor", Heloísa foi habilidosa para driblar as perguntas e falou ao longo de quase todos os 11 minutos e meio a que teve direito. A candidata disse que, quando chamou Genro de empregado do presidente Lula, um mês atrás em um ato de campanha, não pretendia ofender nenhum trabalhador. Afirmou que a intenção era unicamente intimar Lula para o debate político.
"Eu me arrependo por ter usado aquele termo e respeito as pessoas humildes. Mas não posso aceitar que ministros, com o tanto de problemas que há no país, ajam como moleques de recado do presidente da República, para ficarmos no bate-boca eleitoral", justificou a senadora. A parlamentar assegurou que embora utilize termos considerados pesados como "safado" ou "lacaio", se considera uma pessoa tranqüila.
Heloísa Helena assegurou ainda que, embora tenha votado contra o ProUni - programa de bolsa de estudos em universidades particulares para alunos pobres - no Congresso, não pretende extinguir a iniciativa caso eleita. Assegurou o mesmo para o Bolsa Família.
Questionada se estaria preparada para assumir a presidência mesmo sem nenhuma experiência efetiva em cargos administrativos, a candidata afirmou que se não confiasse em seu potencial teria ficado de fora da disputa. "Não sou mercadora de ilusões Estou preparada para entrar no Planalto e combater os sabotadores do desenvolvimento", assegurou.
Reforma Agrária
Confrontada com o programa político do Psol, que prega a desapropriação de terras produtivas para a reforma agrária, Heloísa garantiu que, se eleita, não pretende colocar essa idéia em prática. "Não posso tomar terras produtivas porque é impossível, a Constituição não permite, a menos que tenha trabalho escravo e plantação de maconha", disse. A senadora explicou que a diretriz estratégica de um partido é diferente de um plano de governo.
A candidata disse que a meta de seu governo é assentar 200 mil famílias e que vai incentivar a reforma agrária desde o início do mandato para evitar invasões em fazendas produtivas. "As ocupações só se dão por conta da incompetência do governo", declarou. Ela negou, no entanto, que seja favorável a ações de vandalismo como a invasão à Câmara por integrantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MSLT) em maio.
Indagada qual seria o projeto do Psol para o governo, a senadora afirmou que seu plano é tornar o país um local acolhedor para jovens e crianças. Por fim, agradeceu ao apoio que tem recebido nas ruas durante sua campanha. "Agradeço às flores e aos bombons", disse sorrindo.