A "CPI das Sanguessugas", criada essa semana no Congresso, será comandada por partidos antes contrários a instalação da comissão: PT e PMDB. Na última quarta-feira, o colégio de líderes fechou acordo para que o presidente do colegiado seja um deputado. Assim, a relatoria coube a um senador.
Na Câmara, por conta de um rodízio entre os partidos, os petistas ganharam o direito de indicar a presidência. O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), e o presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP), já afirmaram várias vezes que consideram a CPI um palanque para a oposição criticar o governo.
Situação mais inusitada, porém, ocorrerá no Senado. A relatoria será preenchida por uma indicação da maior bancada, o PMDB. O líder do partido na Casa é o paraibano Ney Suassuna, acusado de envolvimento na máfia das sanguessugas.
Há ainda a possibilidade de o relator ser indicado pelo bloco PSDB/PFL, que juntos tem maioria no Senado. O senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, afirmou hoje que vai defender o nome do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) para a relatoria da comissão.
"Somos (PSDB e PFL) a maior bancada do Senado. Não tem como nós não ficarmos com uma das vagas", disse ele. A palavra final, porém, será do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ainda por causa do regimento e do tamanho das bancadas, dois dos três partidos responsáveis pela criação da CPI devem ficar de fora das investigações. Pelo rodízio na Câmara, a vaga é do PRB, o que deixará PSOL e PV sem assento na comissão.