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Congresso em Foco
2/6/2006 6:53
Sylvio Costa e Edson Sardinha
Em reunião reservada, deputados da CPI do Tráfico de Armas ouviram uma testemunha ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) sob a condição de manter seu nome sob sigilo.
A testemunha disse aos parlamentares que é verdadeiro o relato feito no último dia 16 pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre o acordo firmado entre o principal líder do PCC, Marcola, e a cúpula policial paulista para cessar os atentados promovidos pela organização criminosa. Segundo levantamento divulgado nesta semana pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, a onda de violência deflagrada três semanas atrás resultou em 162 mortes.
Quando a reportagem foi publicada, a advogada Iracema Vasciaveo deu entrevista coletiva para negar o acordo. Ela reconheceu que se reuniu dois dias antes com Marcola; o corregedor da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Antonio Ruiz Lopes; o delegado José Luiz Ramos Cavalcante, da Polícia Civil; e o coronel Ailton Araújo Brandão, comandante do Comando de Policiamento Interior. Admitiu que o governo colocou à sua disposição um avião da Polícia Militar para ir até o presídio de Presidente Bernardes (SP), onde o chefão do PCC cumpre pena. Mas insistiu que, durante os 40 minutos em que conversaram, não houve entendimento nenhum.
Na coletiva, para espanto dos repórteres, ela chegou a sugerir que Marcola e os demais presos não tinham informações sobre os ataques e as rebeliões em outros presídios. Negou ainda que seja advogada do PCC, embora tenha feito uma ressalva: "Como, segundo eles alegam, é uma entidade que tem diversos membros, você, logicamente, advoga para alguns deles".
"Ô, Sr. Marcola, ajuda a gente"
A testemunha ouviu de Iracema uma versão bem diferente. Distante dos gravadores e câmeras de TV, a diretora jurídica da Nova Ordem contou que não apenas o encontro selou o acordo entre a polícia e o PCC como o compromisso se deu em condições vexatórias para as autoridades estaduais de São Paulo.
O coronel Ailton Araújo Brandão, disse a testemunha, chegou a se dirigir a Marcola em termos que assustaram a própria Iracema. "Ô, Sr. Marcola, ajuda a gente", teria apelado o coronel humildemente. O líder do PCC tirou proveito da situação. "Vocês queriam testar meu poder de fogo, pois aí está ele", teria provocado ele.
A testemunha acrescentou que os representantes da polícia concordaram em atender a duas reivindicações que o governo paulista já havia acatado antes, mas que, até então, não haviam sido colocadas em execução: a instalação de 60 televisores com tela de plasma (aparelhos adquiridos pelo próprio PCC), para os presos assistirem aos jogos da Copa do Mundo; e a troca da cor dos uniformes, de laranja para cinza.
Assumido o compromisso, Marcola, ainda na presença dos ilustres visitantes, ligou do celular para seu braço-direito operacional, Robson Lima Ferreira, o Marcolinha, que se encontra preso em Presidente Venceslau (SP). Foi Marcolinha quem se encarregou de passar a ordem adiante, pondo fim aos ataques.
Entrevista à Bandeirantes
Também foi Marcolinha quem deu, de dentro da prisão, a entrevista telefônica que a TV Bandeirantes levou ao ar no último dia 18. A entrevista, conduzida pelo jornalista Roberto Cabrini, foi apresentada como se tivesse sido feita com o Marcola, o que não ocorreu, segundo assegurou a testemunha.
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo abriram investigação para apurar como um preso que deveria estar incomunicável poderia ter concedido a entrevista.
Além de garantir sigilo à testemunha, os deputados que a ouviram a dispensaram de repassar informações que pudessem lhe trazer risco de vida após ouvirem dela um angustiado desabafo: "Eles estão sempre vigiando, têm informações sobre tudo que acontece aqui fora. Se eu falar tudo que sei, eu morro".
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