Segundo os repórteres Rita Magalhães e Marcelo Godoy, do jornal Estado de S. Paulo, foi o próprio Primeiro Comando da Capital (PCC) que determinou o fim das rebeliões no estado, assim como dos ataques a instalações policiais, fóruns, presídios, ônibus, agências bancárias e estações do metrô.
Desde as 19h30, não se registram novos atentados. Ontem (segunda, 15), a capital paulista foi tomada pelo pânico e quase parou por causa da onda de violência desencadeada pelo PCC. Com milhares de ônibus sem circular, muitos assalariados sequer foram trabalhar. Em várias empresas, os funcionários foram autorizados a ir embora mais cedo.
Shopping centers foram evacuados e fechados. Escolas e faculdades supenderam as aulas, e, entre as 16h30 e as 20h30, São Paulo viveu o pior congestionamento de trânsito dos últimos tempos. Boatos se espalharam por toda a cidade, e até o aeroporto de Congonhas chegou a ser fechado por mais de uma hora. Devido à violência, a Bolsa de Valores de São Paulo cancelou o pregão after market, realizado diariamente das 17h30 às 19h.
Apesar da insistência do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que foi a São Paulo reiterar o pedido ao governador Cláudio Lembo (PFL), o governo estadual se recusou a aceitar ajuda federal para controlar o movimento liderado pelo PCC.
A ordem do PCC
Conforme o relato de Magalhães e Godoy, a organização criminosa determinou o fim dos ataques e motins "após uma longa conversa entre o líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, três representantes do governo - um coronel da PM, um delegado e um corregedor - e uma advogada. A Secretaria da Administração Penitenciária nega o acordo, confirmado ao Estado por duas fontes do governo".
De acordo com os repórteres, "a determinação para o fim dos motins foi enviada na mesma noite por meio de um 'salve geral' com o seguinte conteúdo: 'Deixamos todos cientes que as faculdades (presídios) que se encontram em nossas mãos estarão se normalizando a partir das 9 horas de amanhã, desde que nossos irmãos (líderes) já se encontrem em banho de sol em Venceslau.' Apesar de os líderes do PCC transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau permanecerem trancados nas celas, sem banho de sol, os rebelados obedeceram à determinação e puseram fim à maior rebelião simultânea do país, com a adesão de detentos de 73 presídios no estado".
O balanço oficial divulgado horas atrás pelo governo paulista relaciona 74 presídios em que houve rebelião.