Criado pelo presidente Lula, em seus anos de oposição, a organização não-governamental Instituto Cidadania passou a atrair doações de empresas privadas e ao menos de uma estatal desde que o PT chegou ao poder. Foram pelo menos R$ 2,5 milhões nos últimos três anos, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.
Apesar da injeção financeira sem precedentes, o Instituto Cidadania reduziu o número de projetos, segundo o repórter Fábio Zanini. Em 2002, a ONG financiava-se à moda antiga, com a ajuda de sindicatos, associados e uma modesta "mesada" do PT. Os principais projetos tinham orçamento de R$ 350 mil (em valores atualizados), segundo informou Paulo Okamotto à Folha na época.
Okamotto, que atualmente preside o Sebrae, foi presidente e mantém-se no Conselho Fiscal no Instituto. A única parceria da ONG era a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), de Araxá, Minas Gerais. No mesmo ano, a CBMM foi a maior doadora da campanha de Lula, desembolsando R$ 1 milhão.
Já em 2003, o orçamento de projetos quadruplicou e os cofres da ONG passaram a ser recheados por doações polpudas de gigantes como as siderúrgicas Vale do Rio Doce e Usiminas, a empresa de telefonia Telemar e a Bunge, no ramo de alimentos.
A Vale diz que doou R$ 300 mil e CMBB, R$ 800 mil. As outras não informaram os valores doados. Já o Sebrae aparece como "parceiro". Em 2005, o instituto anunciou que receberia R$ 1,2 milhão do Sebrae. Hoje o Sebrae afirma que o repasse não ocorreu. O presidente do Instituto, José Alberto Camargo, diz que o trabalho na ONG permanece normal e não está em crise.