Um mês depois de deixar o Ministério da Fazenda por envolvimento no escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deixou a residência oficial destinada ao titular da pasta e se mudou para um endereço tão nobre quanto. Palocci alugou uma casa às margens de uma reserva florestal, no Lago Sul, em Brasília. O aluguel de uma casa no local varia entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. O condomínio é formado por apenas cinco casas. A única à venda custa R$ 1,4 milhão.
Segundo o advogado de Palocci, José Roberto Batocchio, a casa do ex-ministro não é tão luxuosa. Ele disse que o aluguel está sendo pago pelo próprio ex-ministro, que continua recebendo o salário do cargo, porque está na quarentena. O salário de ministro é de cerca de R$ 8,4 mil. Batocchio lembrou que Palocci e sua mulher, Margareth, são médicos e que os dois têm no seu patrimônio uma casa em Ribeirão Preto e um automóvel Toyota, usado por ela. "A casa não é luxuosa. E a renda familiar dele permite que alugue um imóvel como esse. Como está de quarentena, ele ainda recebe o seu salário de ministro."
O condomínio possui ampla área de lazer, com quadras de tênis e vôlei de praia. A área das casas varia entre 500 e 600 m2, com quatro suítes, escritório, seis banheiros, churrasqueira, piscina e vaga para três ou quatro carros. O condomínio possui forte esquema de segurança.
Na última quinta-feira, o ex-ministro foi indiciado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato e falsidade ideológica. Os quatro crimes estão vinculados a fraudes no contrato de limpeza pública durante sua gestão em Ribeirão e pelo esquema de propina com a empresa Leão Leão. Palocci deixou o ministério no dia 27 de março, depois que o caseiro Francenildo teve o seu sigilo bancário quebrado por dirigentes da Caixa Econômica Federal.
A Polícia Federal responsabilizou o petista pelo episódio. O caseiro contradisse Palocci ao afirmar que o então ministro da Fazenda freqüentava a mansão alugada por alguns de seus ex-assessores em Ribeirão Preto (SP) para festas com garotas de programa e reuniões para fazer lobby em Brasília.