O bicheiro João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, foi extraditado ontem do Uruguai, onde estava preso desde 11 de abril de 2003, para o Brasil. Ele é acusado de ser o chefe do crime organizado em Mato Grosso e de ter mandado matar Sávio Brandão, dono do jornal "Folha do Estado", em 2002, além de ter financiado, no mesmo ano, a campanha do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) ao governo do Mato Grosso.
Arcanjo desembarcou em Cuiabá no início da noite de sábado, cercado por forte esquema de segurança: a operação mobilizou 60 policiais em terra, além de um avião da FAB e dois helicópteros. O Comendador já se encontra detido na penitenciária de Pascoal Ramos, na capital matogrossense.
A extradição havia sido determinada pela Suprema Corte do Uruguai em 6 de outubro de 2005, mas foi questionada pelos advogados do Comendador. No último dia 3, a Suprema Corte negou o último recurso, confirmando a decisão de mandá-lo de volta ao Brasil.
O Comendador estava preso em Montevidéu, acusado de falsificar documentos. Em Mato Grosso, ele já foi condenado a 49 anos de prisão e ainda responde a processos por crime organizado, formação de quadrilha, homicídios, lavagem de dinheiro, contrabando e evasão de divisas.
Ex-policial civil, Arcanjo ganhou o apelido pelo qual se tornou conhecido por causa da comenda que recebeu da Câmara Municipal de Cuiabá. Controlador do jogo do bicho e de casas de jogos, ele se tornou um dos homens mais influentes do Mato Grosso em razão do seu poder financeiro e do bom relacionamento com políticos e juízes.
Levantamento realizado pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva atribui ao Comendador um patrimônio estimado em R$ 2,4 bilhões. O valor inclui fazendas, imóveis residenciais e comerciais, hotéis e aviões.