O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato negou, durante depoimento na CPI dos Correios, que a diretoria de marketing tivesse qualquer responsabilidade sobre a distribuição de recursos para as agências de publicidade. Ele afirmou que o relacionamento da Visanet com o Banco do Brasil não era feito por intermédio da sua diretoria e que não cabia a ele a administração dos recursos destinados à publicidade, nem a escolha de novas campanhas feitas pelas agências.
Ele explicou que competia à diretoria de negócios requisitar as campanhas e à diretoria de logística, promover os pagamentos. Pizzolato afirmou à CPI que a diretoria de marketing apenas gerenciava os contratos.
Segundo Pizzolato, os cartões de crédito estavam subordinados à diretoria de varejo. Ele disse que a DNA cuidava da publicidade dessa diretoria e, por isso, foi a agência escolhida para cuidar da publicidade da Visanet.
Pizzolato disse aos parlamentares que, quando assumiu a diretoria, três agências de publicidade atendiam ao Banco do Brasil e tiveram o contrato prorrogado - entre elas, a DNA, do empresário Marcos Valério.
Cerca de 60 dias depois da posse, Pizzolato foi informado por uma nota técnica que o banco tinha direito de usar R$ 24 milhões da Visanet para publicidade de cartões Visa emitidos pelo Banco do Brasil. A interpretação na época foi que, por não serem recursos do orçamento do banco, poderiam ser aplicados sem autorização da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Pizzolato não soube responder duas perguntas. Primeiro, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da comissão, perguntou quem autorizou os recursos de R$ 35 milhões repassados à agência DNA do publicitário Marcos Valério de Souza. Pizzolato não respondeu, apenas reafirmou que não era responsável pela distribuição dos recursos.
O ex-diretor de marketing também não se manifestou quando o relator-adjunto, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), pediu para ele explicar o aumento das verbas da DNA. Em 2001, a agência recebeu R$ 12 milhões. Em 2002, foram R$ 4 milhões. Em 2003, depois que Pizzolato assumiu a diretoria de Marketing, as verbas da DNA subiram para R$ 29 milhões e ela ganhou, sozinha, todos os recursos da Visanet. Em 2004, a agência obteve verbas de R$ 44 milhões. Pizzolato não explicou o porquê do aumento de repasses à DNA.
Integrantes da CPI vêem com desconfiança a tentativa de Pizzolato de se eximir de responsabilidade quanto ao relacionamento entre o BB e as agências de publicidade. O assunto estava diretamente afeto à sua diretoria. O ex-diretor também recebeu mais de R$ 326 mil, repassados ilegalmente por meio do valerioduto, fato que até o momento ele ainda não explicou de modo satisfatório.