Descrente com os constantes adiamentos causados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que pediu a cassação de seu colega José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, prefere não nutrir esperanças. Delgado disse que não acredita que o processo contra o petista seja concluído nesta quarta-feira (30), para quando está marcada a votação do caso no plenário da Câmara.
"Será que vota mesmo na quarta? Não tenho certeza de mais nada. Estava esperançoso que isso acabaria semana passada e não deu, agora não sei mais. Todos me questionam por que não votamos o processo do deputado José Dirceu. O desgaste chegou ao limite", lamentou o parlamentar.
O desânimo é tanto que Delgado deixou até de acreditar que Dirceu terá, de fato, o mandato cassado. A vontade de degolar o petista tem esfriado na Câmara, na visão de alguns deputados, desde que ele conquistou no STF e na CCJ as vitórias que adiaram por vários dias a votação do relatório no Conselho.
Delgado rebateu o argumento utilizado pela defesa de Dirceu no último recurso encaminhado ao Supremo. Os advogados pediram a retirada do depoimento da testemunha de acusação - a presidente do Banco Rural, Kátia Rebelo - do relatório. Afirmam que o Conselho a interrogou depois de ouvir as testemunhas de defesa, o que contraria os ritos processuais previstos em lei. Delgado alega que a retirada do depoimento enfraquece a acusação.
No recurso encaminhado à corte, Dirceu pediu a elaboração de um novo texto. A votação do pedido pelos ministros do Supremo foi na última quarta-feira (23) e terminou empatada em cinco a cinco. Agora, será preciso esperar o voto do ministro Sepúlveda Pertence, que está de licença médica, para saber se o petista conseguirá outra vitória no Supremo. A decisão final deve ser anunciada amanhã.
"Se não tiver decisão do Supremo até a hora da leitura, vamos ler com a Kátia Rabelo. Se a decisão for para retirar, já temos um texto pronto sem ela. Mas mesmo se tirarmos essa parte, ainda tem as relações com Marcos Valério, o problema do senhor Roberto Marques, da senhora Ângela Saragoza, e o depoimento do Ricardo Guimarães, provas mais que suficientes para o plenário fazer seu julgamento", disse Delgado.