Em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, disse que os R$ 29.436,26 pagos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são referentes a várias contas do presidente. Okamotto listou, entre essas contas, uma viagem de ida e volta à China da primeira-dama Marisa da Silva, no valor de R$ 13.682,32; várias viagens internacionais de Lula para Cuba, França, Itália e Portugal; e pagamentos de assistência médica.
O presidente do Sebrae também fez um longo relato sobre as despesas e sobre como elas ocorreram, contando que começaram a vir à tona depois que Lula pediu que encaminhassem a rescisão de seu contrato de trabalho, em dezembro de 2002, junto ao partido. Okamotto admitiu que contas de Lula estavam em aberto na tesouraria do partido, e que assumiu as dívidas para não mais constranger o presidente, já que o então tesoureiro do PT Delúbio Soares dizia que as contas não fechavam, e que Lula precisaria ter descontados os valores.
Okamotto contou, então, que Delúbio mostrou verbas que Lula tinha a receber do PT. Uma delas era de R$ 49,242 mil, relativos a saldo de salário, férias e 13º. Lula teria, porém, que descontar sobre esse montante pouco mais de R$ 17 mil, relativos a imposto de renda, INSS e outros encargos, e o PT queria também descontar R$ 29.436,26 a título de adiantamento a funcionário. Ficariam, então, R$ 2.446,59 de salário líquido a receber, conforme Okamotto. "Ponderei a Delúbio que, para fazer a rescisão do contrato, eram necessários documentos comprovando os pagamentos e despesas. Mas ele disse que não tinha os documentos necessários".
O presidente do Sebrae continuou dizendo que, quando foi fazer a homologação da rescisão, viu que o partido não havia feito descontos e tinha depositado um cheque de R$ 31.832,00 na conta de Lula. Okamotto contou que procurou Delúbio para fazer a rescisão, quando, então, foram levantadas as contas de Lula na contabilidade do partido. Daí em diante, explicou, houve uma sucessão de problemas, até que Okamotto resolveu assumir a dívida, já que Delúbio disse que a conta do partido não fechava na tesouraria.