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Soberania
24/11/2025 | Atualizado às 15:03
O Brasil vive um momento singular de protagonismo internacional. No mesmo ano em que preside os BRICS e acolhe a COP 30, em Belém, o país pauta a agenda global com três temas que refletem sua visão de futuro: o enfrentamento da emergência climática, o combate à fome e à pobreza e a reforma da governança internacional. Na conferência climática, o Brasil exerce liderança na busca por soluções concretas para a transição justa e a preservação da Amazônia, em sintonia com a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza - lançada no G20 - e com o propósito de reconstruir pontes entre desenvolvimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental.
Essa presença afirmativa não se constrói da noite para o dia. É fruto de um esforço articulado do governo e, em particular, do Itamaraty, que traduz as prioridades nacionais em ação diplomática. Em meio às grandes negociações internacionais, a diplomacia brasileira atua para conciliar ambição climática com responsabilidade social e reforma das estruturas multilaterais, reforçando o compromisso do país com um sistema internacional mais representativo e solidário. A eficiência dessa atuação depende de instituições sólidas, de planejamento e de gestão pública qualificada - condições indispensáveis para que a política externa seja instrumento efetivo de desenvolvimento e projeção do Brasil no mundo.
Há 35 anos, no alvorecer da nossa redemocratização, um grupo de diplomatas, movido pela convicção de que a diplomacia tem um papel estratégico para contribuir com o desenvolvimento nacional, deu origem à Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB). A celebração desta efeméride coincide, oportunamente, com um momento auspicioso para nossa política externa. Por trás dos sorrisos e apertos de mão de presidentes e líderes globais, dos acordos comerciais e compromissos ambientais que definem o futuro do planeta, existe sempre o trabalho árduo, discreto e silencioso de valorosos diplomatas.
A diplomacia é parte essencial do Estado brasileiro. Diplomatas representam o Brasil, constroem consensos, abrem mercados, costuram acordos, impulsionam parcerias em ciência e tecnologia e prestam assistência direta a milhões de brasileiros no exterior, em tempos de paz e em situações de crise, em mais de duzentas embaixadas e consulados.
A carreira de diplomata foi uma das primeiras a se profissionalizar no serviço público brasileiro, na década de 1930, e o Itamaraty é referência nacional e internacional de excelência. O Instituto Rio Branco, que completou 80 anos em 2025, é nossa mais antiga escola de governo e uma das mais tradicionais academias diplomáticas do mundo.
Tradição e excelência precisam caminhar de mãos dadas com a modernização. Diz-se que a melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se. Diante de uma conjuntura internacional desafiadora, novas tecnologias altamente transformadoras e demandas cada vez mais fortes da sociedade brasileira, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) precisa adaptar-se continuamente para cumprir sua missão. Quando a diplomacia funciona, empresas exportam mais e melhor, investimentos e tecnologia são atraídos para o país e políticas públicas ganham escala internacional. Uma diplomacia robusta é um ativo econômico e social.
No Congresso Nacional, um grupo de parlamentares, cientes da importância estratégica dos quadros do Itamaraty, articula-se pela formalização da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Exterior - iniciativa bem-vinda e necessária. A adequada valorização do Itamaraty e da carreira diplomática passa por um orçamento compatível com as ambições internacionais do Brasil.
A carreira diplomática, cujo ingresso se dá por um dos mais concorridos concursos públicos do país, precisa continuar a atrair, formar e reter os melhores talentos. A ADB trabalha, em diálogo com o MRE e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), pela modernização da carreira, com uma política de recursos humanos marcada por transparência, eficiência e objetividade. Também defendemos a equiparação dos níveis salariais e das aposentadorias da carreira diplomática àqueles de outras carreiras de Estado cujos graus de responsabilidade e formação profissional são equivalentes.
Ao longo de três décadas e meia, a ADB tem buscado aproximar a carreira diplomática da sociedade brasileira. Trabalhamos para mostrar a importância do Itamaraty e para fortalecer a interlocução do Ministério com a sociedade civil, a academia e os setores produtivos. Queremos um Itamaraty que tenha "a cara do Brasil": mais diverso, com mais mulheres, negros e outros grupos ainda sub-representados.
O Brasil tem orgulho de sua diplomacia e quer ver-se, cada vez mais, representado nela. Temos orgulho de ser diplomatas e de servir ao Brasil. A ADB seguirá fiel ao seu compromisso de aprimorar nossa diplomacia, promover a modernização e a eficiência do Itamaraty - sempre a serviço dos brasileiros e das brasileiras, em qualquer lugar do mundo.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].