Um dia após tomar o depoimento do líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), o relator da CPI do Tráfico de Armas, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse hoje estar convicto de que a facção criminosa é a principal responsável pela entrada ilegal de armas e munição no país. "Não temos dúvida que esta organização é a principal responsável pela entrada ilegal de armas e munição no país. Tenho certeza que o principal caminho utilizado por essas organizações para trazerem armas e munição ao Brasil é terrestre. E a porta de entrada é a tríplice fronteira do Paraguai."
Na avaliação do deputado, o depoimento de Marcos Camacho, o Marcola, serviu para que a CPI tenha a dimensão do controle que o PCC exerce nos presídios e da responsabilidade da facção criminosa com o aumento da violência no Brasil. Também foi importante para a conclusão do relatório da comissão, disse o relator, em entrevista à Agência Brasil.
Marcola informou, por exemplo, que os líderes proibiram, após conversas por telefone dentro dos presídios, o uso de crack pelos integrantes da organização. Segundo o deputado, também foi constatado que esses presos recebem apoio nas penitenciárias e, em troca, oferecem contribuição financeira regular repassada por seus familiares. Aqueles que saem dos presídios continuariam contribuindo em solidariedade aos que ficaram.
De acordo com o deputado, Marcola afirmou ter recebido, na cela em que está preso, a visita de dirigentes da área de segurança de São Paulo na época dos ataques do PCC na capital paulista, ocorridos em meados de maio.
"Eles foram até o presídio e pediram que ele fizesse contato com outros presos, relatando a situação em que se encontrava, se sua integridade tinha sido preservada", disse Pimenta. Marcola contou aos sete deputados que comandaram o depoimento não ter aceitado fazer o telefonema. A tarefa teria sido feita por outro preso. "Se isso foi ou não o responsável pelo fim do motim eu, particularmente, tenho certeza de que isso influenciou para que o acordo pudesse ter ocorrido, mesmo que ele Marcola negue a participação direta nesse processo", acrescentou.