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Congresso em Foco
12/9/2005 9:07
Diego Moraes |
Sete meses após colocar o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) na mais importante cadeira da Câmara, a oposição começa a articular o afastamento dele. Os líderes oposicionistas na Casa abriram ontem a temporada de "caça ao Severino" depois que o parlamentar recusou-se a deixar seu cargo frente às denúncias de que teria cobrado propina do empresário Sebastião Augusto Buani. Buani, que tem um restaurante no 10º andar do anexo 4 da Câmara, disse à revista Veja que, para manter sua loja em funcionamento, pagava R$ 10 mil de propina todos os meses a Severino. O presidente da Casa diz que as acusações são uma represália, já que, segundo ele, Buani deve mais de R$ 150 mil à Casa. Ontem, enquanto o empresário depunha à Corregedoria da Câmara, o contrato da empresa Buani & Palucci com a Casa foi rescindido. O líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), foi quem comunicou a decisão de Severino de permanecer. "Ele disse que não vai renunciar ao cargo", anunciou. Os líderes afirmaram que vão recorrer ao Conselho de Ética e à Corregedoria da Câmara para pedir o afastamento do pepista. Um dos articuladores do movimento anti-Severino, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), disse que não vai desistir enquanto o presidente se recusar a deixar o cargo. "Se ele quiser ser presidente da Câmara, ele vai ser presidente da Câmara de 'São Nunca'", esbravejou. A oposição alega que a estreita ligação entre Congresso e governo mantida durante a gestão de Severino, apesar de ser um problema, não era motivo para pedir a saída dele da presidência. Porém, acobertar denúncias de corrupção não está nos planos do bloco oposicionista. "Sempre estivemos preocupados em manter uma postura comedida, para não entornar o caldo. Agora não dá mais. Com as acusações que ele fez de que o PFL e o PSDB plantaram as denúncias contra ele, ele perdeu toda a autoridade moral para dirigir a Câmara", disse o líder dos tucanos na Câmara, Alberto Goldman (SP). O corregedor da Casa, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), tentou colocar panos quentes nas pretensões dos opositores. Ele é um dos principais aliados de Severino e, por isso, os parlamentares temem o acobertamento das investigações pela Corregedoria. Nogueira foi enfático: "A corregedoria tem toda a tranquilidade de inocentar um inimigo e incriminar um amigo", afirmou.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), pediu que o próprio Severino Cavalcanti peça afastamento do cargo. Para Bornhausen, não é permitido ao presidente da Câmara envolver-se em acusações de tal porte. "Ele tem que entender que precisa se afastar para que as acusações que envolvem o nome dele possam ser feitas de forma correta e independente", afirma.
Em depoimento à Corregedoria, o empresário negou ter sido autor das denúncias contra Severino e afirmou que não houve qualquer problema com os contratos assinados entre sua empresa, a Buani & Palucci, e a Câmara. Buani disse que não sabe quem fez as denúncias contra o parlamentar à revista Veja , mas suspeita de um funcionário que trabalhava no restaurante e foi demitido no início do ano. Severino, que embarcou ontem rumo à Nova York para representar o Congresso na Organização das Nações Unidas (ONU), disse que viaja aliviado com a notícia. Os membros da oposição, por sua vez, disseram que ainda não é hora de o parlamentar contar vitória. Eles desconfiam de um acordo com Buani para abafar as denúncias.
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