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Suspeita de blindagem para salvar Lula

Congresso em Foco

11/8/2005 11:35

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Ricardo Ramos e Diego Moraes


Um dos mais duros integrantes da CPI dos Correios durante suas intervenções, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) é taxativo: houve uma operação forjada pelo ministro Márcio Thomaz Bastos para salvar o presidente Lula da responsabilidade pelo suposto pagamento de mesada em troca de apoio político de parlamentares. "À medida que o processo foi andando, o presidente colocou suas impressões digitais", afirma Onyx. "Isso é um fato, quer as pessoas gostem ou não", completa o deputado, novato na Câmara dos Deputados.

Para o parlamentar gaúcho, a "armação" foi planejada para que os depoimentos de Marcos Valério e de Delúbio Soares ao chefe do Ministério Público Federal, em Brasília, e a entrevistada dada por Lula, na França, desviassem as atenções de todos do mensalão e coincidissem em um ponto: a existência de um esquema de caixa dois, um crime de pena menor. "Quem é que teria autoridade política, intimidade para levantar um telefone, ligar para o presidente e sugerir a conduta que o presidente adotou (na entrevista)?", questiona Onyx, ao dizer que, no momento, apenas o ministro da Justiça tem essa liberdade. Ele quer convocar o ministro para depor.

Bastos, amigo do presidente da República, teria arquitetado a chamada "Operação Paraguai". Aconselhou Arnaldo Malheiros, advogado de Delúbio Soares a levar o ex-tesoureiro do PT a depor espontaneamente na Procuradoria-Geral da República. Valério e Delúbio contaram a mesma versão ao procurador-geral Antonio Fernando de Souza, isto é, operavam juntos e sem o conhecimento de terceiros a arrecadação informal do partido.

Apesar da impressão de que o presidente teria participado dessa operação, o deputado é prudente ao falar da eventual responsabilidade dele. "Ele (Lula) foi avisado inúmeras vezes (da existência do mensalão)", afirma o deputado, nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco. "Não é possível que ele não soubesse", completa, para em seguida dizer que, mesmo assim, é "prematuro" falar que o presidente estaria implicado.

Onyx, que conviveu com petistas durante oito anos na Assembléia Legislativa do estado, diz perceber semelhanças entre o jeito petista de governar, com Lula, e as experiências na prefeitura de Porto Alegre e no governo do estado, com Tarso Genro e Olívio Dutra. "O presidente ou o governador (é) mantido quase como um garoto-propaganda, com pequena capacidade decisória e completamente preservado de qualquer envolvimento com os atos de governança", sustenta ele, para quem "historicamente o PT tem desprezo pela democracia representativa".

O deputado aponta o ex-ministro da Casa Civil e hoje deputado José Dirceu (PT-SP) e o secretário de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, como os "verdadeiros articuladores, pensadores e formuladores do governo" "(Eles) acabaram por articular a 'verdadeira máfia' que tomou conta do governo Lula", dispara Onyx. Os tentáculos da "máfia", aponta o deputado, seriam os contratos de publicidade, as estatais como os Correios, o IRB e a Petrobras, e os fundos de pensão. Contudo, Onyx afirma que ainda há muito a investigar. "Este é um imenso e complexo quebra-cabeça. Nós talvez tenhamos conseguido reunir 5% das pecinhas. Faltam 95%", pondera.

"Na minha opinião, está claro que foi organizado um grande esquema de viabilização financeira para a manutenção de um projeto de poder"

Congresso em Foco - A que conclusão é possível chegar com as investigações ora em curso na CPI dos Correios?

Onyx Lorenzoni
- Na minha opinião, está claro que foi organizado um grande esquema de viabilização financeira para a manutenção de um projeto de poder. Há muitos anos, acompanho o PT no Rio Grande do Sul. Fui oposicionista no primeiro grande governo estadual petista, o do Olívio Dutra (1999-2002), no qual já tinham o Tarso Genro (presidente interino do PT) e o Miguel Rossetto (atual ministro do Desenvolvimento Agrário). Ali conheci o método petista de governar, que guardou absoluta sintonia com o que a gente vê agora em Brasília. Ou seja, o presidente ou o governador mantido quase como um garoto-propaganda, com pequena capacidade decisória e completamente preservado de qualquer envolvimento com os atos de governança. A figura de um primeiro-ministro, como era o caso de José Dirceu, que foi tomado pela soberba e pela ambição de poder. Dirceu não teve o comedimento, a discrição e o equilíbrio que Miguel Rossetto tinha no Rio Grande do Sul. Dirceu e Luiz Gushiken acabaram por articular a 'verdadeira máfia' que tomou conta do governo Lula. Eles eram os verdadeiros articuladores, pensadores e formuladores do governo.

"O primeiro peão que essa equipe usou foi o Waldomiro Diniz.(Ele) foi o homem responsável pela ampliação
da base partidária e muito provavelmente um
dos que começou a operar essa lógica da compra de parlamentares"

De que forma?
Dirceu comandava as relações políticas, a distribuição dos cargos públicos e usou como operadores o Sílvio Pereira e o Delúbio Soares. Tudo isso, com o apoio, o conhecimento e a articulação do José Genoíno (ex-presidente do PT). O primeiro peão que essa equipe usou foi o Waldomiro Diniz. Para mim, Waldomiro foi o homem responsável pela ampliação da base partidária e muito provavelmente um dos que começou a operar essa lógica da compra de parlamentares.

"Historicamente o PT tem desprezo pela
democracia representativa, apesar de não
vocalizar isso. Ele deixa nas entrelinhas"

Por que o senhor acredita que o governo recorreu a isso?
Porque historicamente o PT tem desprezo pela democracia representativa, apesar de não vocalizar isso. Ele deixa nas entrelinhas. A luta feita lá em Porto Alegre (RS), que depois fracassou na experiência estadual do orçamento participativo, o que era? O 'democratismo' direto, que tinha como fundamento fazer um by pass (forma de governabilidade na qual o dirigente do Executivo prescinde do parlamento para legislar) da representação da Câmara de Vereadores. A primeira experiência do orçamento participativo foi em Porto Alegre. Os vereadores de lá demoraram a se aperceber disso. Depois, o PT aplicou a fórmula no governo do Estado e se demonstrou novamente que era falho. A Assembléia Legislativa era mais preparada para enfrentar o debate político e eles não conseguiram consolidar o orçamento como prática nacional. Tanto que Lula e o grande comando petista nunca venderam o orçamento participativo como uma panacéia como fazia o PT do Rio Grande do Sul. Eles sempre tiveram uma leitura de achar que o parlamento é uma representação da burguesia.

No passado, o Lula achava que no Congresso tinha 300 picaretas. O que isso significa? Desprezo. Há fisiológicos
aqui no Congresso, é verdade, então o que
vamos fazer? Vamos comprar!

O que essa prática levou?
No passado, o Lula achava que no Congresso tinha 300 picaretas. O que isso significa? Desprezo. Há fisiológicos aqui no Congresso, é verdade, então o que vamos fazer? Vamos comprar! E aí começou todo esse processo que estamos descobrindo agora. Quando cai Waldomiro Diniz, o Marcos Valério ganha importância não apenas como viabilizador de recursos via os contratos de publicidade, mas também como lavador de dinheiro que tem origem em outras operações.

Quais operações?
Na minha leitura, operações onde tiveram o dedo de Gushiken e o de Marcelo Sereno.

Fundos de pensão, o senhor quer dizer?
Não. Primeiro, o Gushiken centraliza na Secom todas as decisões com relação à propaganda de governo.

"Eles apoderaram ainda mais a Secom, e o Gushiken
fez uma verdadeira ditadura na publicidade do governo"

Mas já havia uma lei anterior que centralizava as restrições no órgão?
É verdade. Só que, em 20 de março de 2003, eles fizeram uma lei mais restritiva ainda. Eles apoderaram ainda mais a Secom, e o Gushiken fez uma verdadeira ditadura na publicidade do governo. A ponto de virem na CPI dos Correios dois ex-presidentes da estatal, um do PDT e outro do PMDB, e dizerem que jamais participaram de qualquer decisão sobre patrocínio dos Correios nas áreas de publicidade. Era uma negociação direta do tal gerente de marketing dos Correios com a Secom. O que levou a um desses ex-presidentes assinar um termo aditivo absolutamente irregular do ponto de vista legal. Ele assinou um aditivo no contrato de R$ 18 milhões por apenas 23 dias. Veja como 2004 também foi interessante. O Banco do Brasil aditiva o seu contrato de publicidade de R$ 142 milhões para R$ 200 milhões. Faz um aditamento de R$ 58 milhões, o que é vedado pela lei.

"É um grande esquema, ainda há tentáculos que foram lançados pelo IRB, pela Petrobrás, pela GDK aí com a mentira do Silvio Pereira, pelasoperações com os fundos de pensão"

A legislação só permite um aumento de 25%...
Isso. Deveria ter aumentado apenas R$ 35,5 milhões. Quando um contrato passa de R$ 150 milhões a lei também determina que seja feita uma audiência pública pelo Ministério Público Federal, o que não foi feito. E tem que haver uma sólida justificativa para um incremento de tal ordem. O mais grave de tudo é o banco informar que gastou mais do que estava autorizado logo num ano eleitoral. É um grande esquema, pois ainda há tentáculos que foram lançados pelo IRB, pela Petrobrás, pela GDK aí com a mentira do Silvio Pereira, pelas operações com os fundos de pensão, que já temos duas mapeadas: o da Petros (funcionários da Petrobras) e o da Real Grandeza (funcionários de Furnas), que colocaram R$ 500 milhões no Banco Rural e no BMG.

"Não tenho dúvida alguma de que há muitas explicações a serem dadas pelas direções do Banco Rural e do BMG"

É possível fazer alguma relação de que o investimento desses dois grandes fundos de pensão no Rural e no BMG seria uma compensação pela generosidade dos bancos em correr o risco pelos empréstimos? Afinal, Marcos Valério não quitou os empréstimos e o PT já disse que não vai pagar esses empréstimos de caixa dois.
Não tenho dúvida alguma de que há muitas explicações a serem dadas pelas direções do Banco Rural e do BMG. Vamos buscar na CPI dos Correios a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de vários fundos de pensão: Petros, Previ, Real Grandeza, Funcef, os maiores. Vamos quebrar para investigar especificamente a relação deles com o Rural e o BMG. Para levantar quanto, de 2003 para cá, foi aplicado nesses bancos. A gente acha que há uma cooperação, uma ação entre amigos.

"Na atual CPI há uma luminosidade absoluta por
conta da imprensa e, principalmente, da sociedade
brasileira que está acompanhando a CPI diariamente.
Não tem espaço para não investigar"

O senhor considera que o ritmo dos trabalhos não está lento? Como há diversas frentes de investigação, não se corre o risco de a CPI dos Correios terminar como a do Banestado, isto é, em pizza?
Não. Primeiro, porque o perfil dos membros da CPI é diferente. Segundo, porque, ao contrário da CPI do Banestado, na atual CPI há uma luminosidade absoluta por conta da imprensa e, principalmente, da sociedade brasileira, que está acompanhando a CPI diariamente. Não tem espaço para não investigar. O PT até tentou. Fez uma CPI chapa-branca.

Tendo em visto que já ocorreu até agora, é possível pedir a prisão de Valério?
O que dá para pedir - e eu vou fazer - é um estudo para ver se é possível prender cautelarmente Marcos Valério. Para que ele não destrua mais provas e tenha sua integridade física mantida.

E quanto aquele acordo de que Valério teria feito com a CPI para trocar o depoimento da mulher dele por novas provas?
Não houve acordo, nunca fizemos. Não vamos fazer acordo com bandido.

A criação de três sub-relatorias na que o senhor faz parte e a criação da CPI do Mensalão ajudam ou atrapalham as investigações nos Correios?
Ajuda, pois a corrupção não é solteira. Ela tem o corruptor e tem o corrupto. O que vai caber à CPI dos Correios é investigar o corruptor, ou seja, todas as fontes de recursos que irrigaram esse fundo que tinha como destino a estruturação partidária e a preparação da campanha do presidente Lula em 2006. E nós suspeitamos que vieram de muitas ações do governo, com tráfico de influência, formação de quadrilha, prevaricação e desvio de dinheiro público. À CPI do Mensalão, cabe a identificação nominal de todos aqueles que receberam e a sua conseqüente punição.

Há documentos que digam que o dinheiro é público?
Indiretamente já está comprovado. Tanto é verdade que Marcos Valério confessa que pagou os juros do empréstimo do PT com dinheiro da mesma conta que a SMPB recebia verba dos Correios.

"(No início das investigações) Vocês não vão encontrar declaração de nenhum líder do PFL responsabilizando o presidente Lula. Mas, à medida que o processo foi
andando, o presidente colocou suas impressões digitais"

É o dinheiro do mensalão?
Olha, o que eu acho triste nessa história é o seguinte: nós, no início das investigações, tínhamos uma atitude de muita prudência. Vocês não vão encontrar declaração de algum líder do PFL responsabilizando o presidente Lula. Mas, à medida que o processo foi andando, o presidente colocou suas impressões digitais. Isso é um fato, quer as pessoas gostem ou não.

"E aquela era uma CPI (a do Mensalão da Câmara) não só chapa-branca - era roda, pára-lama, capô, tudo branco. Provavelmente o presidente seria o Valdemar
Costa Neto e o relator o (José) Janene"

Que impressões?
Ele editou uma medida provisória que revogou a MP da Timemania só para desobstruir a pauta da Câmara e permitir a criação da CPI do Mensalão. E aquela era uma CPI não só chapa-branca - era roda, pára-lama, capô, tudo branco. Provavelmente o presidente seria o Valdemar Costa Neto e o relator o (José) Janene. Ali, o Lula colocou sua primeira impressão digital. Ele chegou ao cúmulo de fazer uma edição extra do Diário Oficial só para ter esse troço. Foi uma barbaridade. Depois, lá na França, ele dá aquela entrevista gravada, pelo horário de Brasília às cinco horas, numa versão, que hoje recebe o nome de 'Operação Paraguai' de tão falsa que ela é, que é de uma sincronia interessante entre o que Marcos Valério disse sexta-feira à noite e Delúbio falou no sábado (ambos em entrevista ao Jornal Nacional). Alguém armou isso.

"Márcio Thomaz Bastos, na minha opinião (montou a
Operação Paraguai). E esta opinião começa a ganhar
as ruas. Eu tenho visto formadores de opinião
fazendo uma leitura similar"

E quem seria?
Márcio Thomaz Bastos, na minha opinião. E esta opinião começa a ganhar as ruas. Eu tenho visto formadores de opinião fazendo uma leitura similar. Quem é que teria autoridade política, intimidade para levantar um telefone, ligar para o presidente e sugerir a conduta que o presidente adotou? Porque a sintonia fina entre o que o presidente falou, teoricamente gravado às 5 horas da manhã de sexta-feira (15 de julho), entre o que o Marcos Valério e o Delúbio disseram. O que se pensa quando a gente ouve notícias de que o grande criminalista Márcio Thomaz Bastos, amigo pessoal de Lula, recebeu Arnaldo Malheiros (advogado de Silvio Pereira e Delúbio Soares) em São Paulo, que, por telefone, conversou e orientou o Delúbio a não ir à Polícia Federal retificar o depoimento dele. E orientou e marcou o depoimento com o procurador-geral da República? Quando, sabidamente, ele vem orientando a postura de José Dirceu, que coincidentemente tem o mesmo advogado, que é o doutor Arnaldo Malheiros? E o Delúbio e o Silvio confirmaram em depoimento, para todo o Brasil ver: "quem vai pagar o doutor Arnaldo Malheiros é o PT". Mas com que dinheiro? Vai fazer outro vale com Marcos Valério de caixa dois para pagar?

A CPI vai convocar Thomaz Bastos?
Ainda não há uma previsão de convocação. É um desdobramento e os próximos meses vão nos balizar em relação ao nosso comportamento. Tem muita gente a ser ouvida antes. Mas acho que, cada vez mais, o governo puxa os problemas e a crise para dentro do governo, por ação e por omissão de seus principais agentes.

O presidente Lula sabia do mensalão?
Ele foi avisado inúmeras vezes. Tem uma revista de circulação nacional que fez uma cronologia que é auto-explicativa. O Miro (Teixeira, ex-ministro das Comunicações e ex-líder do governo na Câmara) falou, o (deputado Roberto) Jefferson falou, o governador, e não é um qualquer, o governador de Goiás (Marconi Perillo) confirma publicamente que relatou ao presidente. Não é possível que ele não soubesse.

É possível falar em crime de responsabilidade do presidente?
Ainda é prematuro dizer isso, mas eventualmente poderá acontecer dependendo das apurações que vamos fazer.

"Então eles (o Marcos Valério e o Delúbio Soares) hoje, na minha opinião, são absolutamente responsáveis por todo o peso político que hoje se debruça sobre o governo Lula"

Esperam-se maiores revelações dos próximos depoentes na CPI, já que até agora os ouvidos não contribuíram muito com as investigações?
Eu tenho uma leitura um pouquinho diferente: eu acho que eles (os depoentes) se complicaram. Porque com a forma arrogante, prepotente e cínica com que, por exemplo, o Marcos Valério e o Delúbio Soares se portaram, com transmissão ao vivo para todo o Brasil, o que acontece é que a sociedade perdeu a paciência com o PT, com o governo e com o presidente. Então eles hoje, na minha opinião, são absolutamente responsáveis por todo o peso político que hoje se debruça sobre o governo Lula.

"Essa estratégia (do hábeas-corpus), se do ponto de vista da defesa jurídica pode ter eficácia, do ponto de vista político é uma tragédia. E os desdobramentos disso são evidentes. O povo não agüenta mais"

E os hábeas-corpus?
Essa estratégia, se do ponto de vista da defesa jurídica pode ter eficácia, do ponto de vista político é uma tragédia. E os desdobramentos disso são evidentes. O povo não agüenta mais. Eu recebi ontem (quinta-feira) telefonemas de gente da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, que não são meus eleitores, mas, talvez, pela forma enfática como me manifesto acabaram construindo uma ponte de identificação. Então essas pessoas, que nunca votaram em mim, ligaram de todos os cantos do Brasil para protestar. Disseram "olha, deputado, esse homem tá mentindo, o senhor tem que ser duro com ele, tem que denunciar que ele é ladrão". Na rua, as pessoas me param na rua para dizer da sua indignação.

"(A investigação) é um imenso e complexo quebra-cabeça.
Nós talvez tenhamos conseguido reunir 5% das pecinhas.
Falta 95%. Tem muita coisa pela frente ainda"

Já se sabe quais rumos à investigação pode tomar?
Este é um imenso e complexo quebra-cabeça. Nós talvez tenhamos conseguido reunir 5% das pecinhas. Faltam 95%. Há muita coisa pela frente ainda. Impressiona a desfaçatez tanto do Delúbio quanto do Silvinho, que mentiu deslavadamente até ser desmascarado aí naquela ação do deputado ACM Neto, revelando que ele foi brindado por aquele jipe - Land Rover, né? - dado pela GDK. Depois o deputado mostrou essa mesma empresa fazendo uma doação de R$ 400 mil na candidatura de Osasco, base de articulação política de João Paulo Cunha e Silvio Pereira. Quer dizer, então cada vez o cerco se fecha mais e o depoimento deles, na minha opinião, é uma tragédia para o governo.

A CPI deve seguir a famosa linha norte-americana de investigação, chamada follow the money (seguir o rastro do dinheiro)?
Sim, esse é um bom caminho. E também nós temos, inclusive, o apoio de especialistas na área de TI (Tecnologia da Informação). Eu recebi uma oferta ontem (quinta-feira), que disponibilizei à CPI, para usar uma tecnologia de rastreamento igual, acho que até mais avançada, a que foi usada na operação "Mãos Limpas", lá na Itália (investigação que desbaratou a corrupção infiltrada naquele país na década de 90). Essa operação inclusive guardava uma similaridade com a crise atual. Tinha envolvimento com financiamento partidário, ações da máfia e de uma certa forma a analogia de máfia não é ruim para o momento que estamos vivendo.


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