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SUSPEITA DE ESPIONAGEM ILEGAL
Congresso em Foco
17/4/2025 8:10
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, presta depoimento nesta quinta-feira (17) à Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que investiga a suspeita de uso político e ilegal da Abin durante o governo Jair Bolsonaro. A oitiva ocorre na sede da PF em Brasília, às 15h, mesmo horário em que será ouvido seu ex-adjunto, Alessandro Moretti.
As suspeitas contra os dois se intensificaram nas últimas semanas e incluem tentativas de obstrução das investigações, uso indevido de ferramentas de espionagem como o software FirstMile e suposta espionagem ilegal de autoridades estrangeiras, inclusive do Paraguai, durante os governos Bolsonaro e Lula.
Corrêa, que comanda a Abin desde o início do governo Lula e foi diretor-geral da PF entre 2007 e 2010, é acusado de tentar dificultar as investigações sobre o que ficou conhecido como Abin Paralela um esquema de vigilância clandestina que teria sido montado para monitorar desafetos do governo Bolsonaro por meio do software espião FirstMile.
Segundo a PF, há indícios de que Corrêa e Moretti atuaram para interferir no andamento do inquérito desde 2023, quando as apurações já estavam em curso no atual governo. Depoimentos, provas técnicas e documentos apontam para ações da cúpula da Abin que teriam atrasado ou manipulado informações fornecidas aos investigadores, além de possíveis pressões sobre a corregedoria do órgão.
Entre os episódios investigados, está uma reunião realizada em março de 2023, na qual Moretti teria dito que a investigação tinha "fundo político e iria passar", frase interpretada pela PF como tentativa de influenciar o posicionamento de servidores e minimizar a gravidade das suspeitas. A fala foi atribuída à direção-geral por um dos depoentes, sem identificação nominal, mas reforça o entendimento de que houve tentativa de interferência.
Espionagem contra o Paraguai
Outro ponto crítico da investigação envolve uma operação clandestina que teria mirado autoridades paraguaias, possivelmente relacionada à Usina de Itaipu. A ofensiva teria começado durante o governo Bolsonaro, mas, segundo depoimentos colhidos pela PF, foi mantida já sob a atual gestão. A revelação do ataque hacker contra o país vizinho elevou a gravidade do caso e levou os investigadores a cogitar a abertura de um novo inquérito exclusivo sobre esse episódio.
A tensão entre a PF e a Abin, que já vinha se agravando desde a transição de governo em 2022, atingiu um novo patamar com a possibilidade de indiciamento do atual diretor-geral da agência. Nos bastidores, a Abin tem acusado a PF de extrapolar os limites legais de sua atuação, conduzindo uma investigação com motivações políticas. Em nota divulgada na quarta-feira (16), a Intelis associação que representa servidores da Abin criticou duramente a PF, denunciando vazamentos seletivos e o que chamou de tentativa de "descredibilização da Inteligência de Estado".
É inadmissível e nocivo aos propósitos de uma grande nação como o Brasil que uma campanha de descredibilização do seu serviço de Inteligência seja capitaneada, não por atores estrangeiros adversos, mas por grupos da própria administração pública nacional, afirma o texto da Intelis.
A Polícia Federal já elabora o relatório final do inquérito, que deve ser concluído ainda neste mês. Finalizado o relatório, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se oferece denúncia ao Supremo Tribunal Federal, solicita novas diligências ou arquiva o caso. Paralelamente, segue o inquérito que tem como principal alvo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro, apontado como o mentor da Abin Paralela. O vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, também é investigado por envolvimento com o chamado "gabinete do ódio".
Até o momento, a Abin, a Polícia Federal e os citados não se manifestaram oficialmente sobre o conteúdo das investigações.
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