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EUA x Brasil
Congresso em Foco
21/7/2025 11:31
Um artigo publicado neste domingo (20) pelo jornal americano The Washington Post afirma que a recente ofensiva do presidente Donald Trump contra o governo brasileiro tem provocado resultados opostos aos esperados por seus articuladores. A medida central da disputa - a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos - teria como objetivo pressionar o Judiciário brasileiro a interromper o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, segundo o texto, a iniciativa acabou beneficiando politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Assinado pelo colunista Ishaan Tharoor, o artigo analisa a escalada diplomática entre os dois países e ressalta que o governo norte-americano não escondeu o real propósito da tarifa: retaliar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo processo contra Bolsonaro, e obter a suspensão das investigações. A pressão teria sido intensificada após uma campanha de lobby liderada por Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que se encontra nos Estados Unidos.
Além da tarifa, a administração Trump revogou os vistos do ministro Moraes e de seus familiares. Em nota, o secretário de Estado Marco Rubio acusou o magistrado de promover perseguição política e censura. O Washington Post indica que a medida está inserida em um contexto de aproximação ideológica entre setores da direita norte-americana e o bolsonarismo.
A publicação relata que, ao contrário de outros países da região que cederam à pressão de Washington, o Brasil adotou postura firme. A economia brasileira, mais diversificada e robusta, teria permitido ao governo Lula explorar o episódio como demonstração de soberania. A reação do presidente incluiu manifestações públicas com críticas diretas a Trump e o uso de símbolos nacionalistas, como bonés com os dizeres "O Brasil pertence aos brasileiros".
O artigo destaca também a resposta do STF. Moraes emitiu uma nova ordem judicial contra Bolsonaro, proibindo contatos com governos estrangeiros e determinando o uso de tornozeleira eletrônica, sob a acusação de incitar atos de desestabilização ao lado do filho Eduardo.
De acordo com a análise, as consequências internas foram imediatas. O aumento da aprovação de Lula nas pesquisas e o constrangimento gerado entre lideranças da oposição e do setor empresarial, tradicionalmente aliados de Bolsonaro, são apontados como efeitos diretos da medida tarifária. Um diplomata ouvido pelo jornal sob anonimato afirmou que a ação de Trump foi "um presente antecipado para Lula" e que o ataque à soberania brasileira em defesa de Bolsonaro acabou gerando rejeição inclusive entre antigos apoiadores do ex-presidente.
A publicação traça ainda um paralelo histórico. Relembra que, nos anos 1970, o então presidente Jimmy Carter rompeu com o apoio dos EUA a ditaduras militares na América Latina em defesa dos direitos humanos. A atual situação, segundo o Post, representa uma inversão: um presidente americano tentando pressionar o Judiciário de um país democrático para proteger um aliado político acusado de tentativa de golpe.
O texto conclui com a percepção de que o impasse não deve ser resolvido em curto prazo. Diplomatas norte-americanos ouvidos pela reportagem indicaram desconforto interno com a decisão de sancionar um magistrado estrangeiro por conta de suas decisões judiciais. Para esses interlocutores, tal ação compromete a posição dos EUA na defesa internacional da democracia.
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