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Lula: "Brasil tem limite para brigar com os EUA, mas não tem medo"

Presidente brasileiro também criticou a articulação de Eduardo com o governo Trump para sancionar o Brasil: "É a excrescência da excrescência da política".

3/8/2025
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Em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3) que o Brasil tem "limites para brigar com os EUA", mas também não tem medo de negociar e exigirá respeito na relação bilateral. A declaração foi feita durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília, evento que marcou a posse de Edinho Silva como novo presidente do partido.

Lula afirmou que, embora o Brasil adote uma postura de cautela nas negociações com os EUA, não aceitará imposições unilaterais e injustificadas. "Eles têm que saber que nós temos o que negociar. Nós queremos negociar em igualdade de condições", disse o presidente, acrescentando que "colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável".

"Quem quiser confusão conosco, pode saber que nós não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo", enfatizou Lula.

Jornalistas levantam a mão para fazer perguntas a Donald Trump. Presidente dos EUA usou processo contra Bolsonaro para justificar taxação contra o Brasil.Abe McNatt/Casa Branca

Ele destacou que os Estados Unidos são uma potência econômica, bélica e tecnológica, mas o Brasil não pode ser tratado como uma "republiqueta". "Queremos crescer, temos interesses econômicos, estratégicos, queremos ser respeitados pelo nosso tamanho", afirmou.

Crítica à subordinação ao dólar e defesa de moeda alternativa

Lula também voltou a defender a criação de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional, proposta que vem gerando incômodo no governo norte-americano. "Eu não preciso ficar subordinado ao dólar. Eu não estou falando isso agora, não. Essa é uma ideia antiga", reiterou.

O presidente ressaltou que a busca por maior autonomia monetária é parte do esforço para fortalecer a soberania nacional e diversificar as relações comerciais do Brasil. Desde o anúncio das tarifas, o governo lançou a campanha "Brasil com S de Soberania", destacando a independência e a dignidade nas relações exteriores.

Limites e disposição para o diálogo

Lula reconheceu a importância das relações diplomáticas com os EUA, que remontam a mais de 200 anos, mas alertou para a necessidade de um diálogo baseado no respeito mútuo. "Eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que acho que tenho que falar. Temos que falar apenas o que é necessário", afirmou, sinalizando disposição para o diálogo, mas sem submissão.

Ele também revelou que propostas já foram apresentadas por integrantes do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores. "As propostas estão na mesa", reforçou, em referência à abertura de diálogo com Trump, que na última sexta-feira acenou positivamente à possibilidade de conversas com Lula.

Excrescência da política

O tom político do discurso também incluiu críticas à oposição brasileira. Lula acusou parlamentares de "trair o povo brasileiro" ao apoiar ações internacionais contrárias aos interesses do país. Segundo ele, é inadmissível que políticos renunciem ao mandato para pedir ao governo americano o aumento das tarifas contra o Brasil. "Eles estão se abraçando à bandeira americana para trair a pátria", disparou, em alusão ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se apresenta como responsável pelas articulações com o governo dos EUA para sancionar o ministro Alexandre de Moraes e a economia brasileira. "É a excrescência da excrescência da política", ressaltou o presidente.

Lula afirmou que seu governo não busca conflitos com nenhum país. "Este país é um país de paz. Nós queremos crescer economicamente, dar mais dignidade ao nosso povo. Não queremos confusão, mas não pensem que temos medo", declarou.

Contexto do embate comercial

A escalada de tensões teve início com a decisão de Trump, ainda em seu primeiro ano de mandato, de elevar em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, medida que impacta setores-chave da economia nacional. Na tentativa de abrir um canal de diálogo, o chanceler Mauro Vieira se reuniu na semana passada com o secretário de Estado americano, Marco Rubio — primeiro encontro formal entre os governos desde a posse de Trump. Os Estados Unidos deixaram cerca de 700 produtos fora do tarifaço de 50%.

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