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Corregedor pede mais tempo para ouvir deputados denunciados

Líderes se reúnem com Hugo Motta para definir se dão até 50 dias para corregedor encaminhar ao Conselho de Ética denúncia contra 14 deputados que ocuparam a Mesa da Câmara.

12/8/2025
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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reúne-se com líderes partidários e o corregedor da Casa, Diego Coronel (PSD-BA), nesta manhã, para discutir se será prorrogado o prazo de análise das representações contra 14 parlamentares envolvidos no motim que paralisou os trabalhos da Casa na semana passada. O encontro, marcado para as 10h, será realizado na residência oficial da Presidência da Câmara.

As denúncias foram apresentadas por partidos que pedem a suspensão dos mandatos dos deputados acusados de ocupar a Mesa Diretora e obstruir as sessões em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 4.

Diego Coronel, corregedor da Câmara, defende tempo maior para ouvir deputados denunciados.Zeca Ribeiro/Agência Câmara

Divergência sobre o rito

O despacho de Motta à Corregedoria, feito na sexta-feira (8), seguiu o rito ordinário, que prevê cinco dias úteis para defesa e até 45 dias para o parecer do corregedor. No entanto, como se trata de pedidos de suspensão cautelar de mandato, também é possível adotar o rito sumário, com prazo de 48 horas para manifestação da Corregedoria e envio ao Conselho de Ética até quarta-feira (13). Partidos da base governista pedem que os casos sejam analisados o mais rápido possível.

Diego Coronel afirma que pretende propor mais tempo para análise, mas que aceitará a palavra final dos líderes e do presidente da Câmara. O corregedor argumenta que, diante da gravidade das possíveis punições, que podem chegar a seis meses de suspensão de mandato, com corte de salário e benefícios, é necessário ouvir as partes antes de qualquer decisão.

A expectativa é que cada caso seja avaliado individualmente, podendo haver aplicação de ritos diferentes para deputados distintos.

Os denunciados

As acusações incluem obstrução física da Mesa Diretora, ocupação do plenário e comissões, intimidação de colegas e jornalistas, além de incitação de pautas não previstas, como anistia aos condenados do 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e impeachment de ministros do STF.

Veja quem são os deputados denunciados e o que pesa contra cada um deles:

  • Allan Garcês (PP-MA) - Participar da ocupação da Mesa Diretora e obstruir os trabalhos legislativos.
  • Bia Kicis (PL-DF) - Integrar o grupo que ocupou a presidência da Câmara e impedir a retomada da sessão.
  • Carlos Jordy (PL-RJ) - Atuar na ocupação e incentivar a manutenção do bloqueio físico à Mesa Diretora.
  • Caroline de Toni (PL-SC) - Participar da ocupação e apoiar a obstrução dos trabalhos.
  • Domingos Sávio (PL-MG) - Aderir à ocupação e apoiar as demandas do grupo, travando o andamento da pauta.
  • Júlia Zanatta (PL-SC) - Usar a filha de 4 meses como "escudo" durante a ocupação, colocando-a em ambiente de tensão; obstruir fisicamente a sessão.
  • Marcel van Hattem (Novo-RS) - Fazer parte da ocupação e colaborar na interrupção dos trabalhos.
  • Marco Feliciano (PL-SP) - Participar ativamente da ocupação da Mesa Diretora e apoiar o bloqueio dos trabalhos.
  • Marcos Pollon (PL-MS) - Impedir a retomada dos trabalhos; último a deixar a cadeira da presidência; acusado de xingar o presidente Hugo Motta.
  • Nikolas Ferreira (PL-MG) - Integrar o grupo que obstruiu a sessão.
  • Paulo Bilynskyj (PL-SP) - "Tomar de assalto" a Mesa Diretora; ocupar a Mesa da Comissão de Direitos Humanos, impedindo o presidente de atuar; agredir o jornalista Guga Noblat.
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) - Participar da ocupação da Mesa Diretora e obstruir o funcionamento da sessão. É o líder do PL na Câmara.
  • Zé Trovão (PL-SC) - Tentar impedir fisicamente o presidente Hugo Motta de retomar a Mesa Diretora.
  • Zucco (PL-RS) - Participar da ocupação e apoiar a obstrução física do plenário. É o líder da oposição na Câmara.

Próximos passos

Após o parecer da Corregedoria, a Mesa Diretora decidirá, por maioria, se os casos seguem para o Conselho de Ética. Caso sejam remetidos, o colegiado terá três dias úteis para votar cada pedido, com possibilidade de aprovação, rejeição ou aplicação de outra penalidade. Tanto parlamentares punidos quanto a Mesa poderão recorrer ao plenário.

Se o Conselho não votar no prazo, a Mesa pode levar a decisão diretamente aos 513 deputados, onde a manutenção de uma suspensão exige pelo menos 257 votos favoráveis.

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