Lula convida Papa Leão XIV para COP30 durante encontro no Vaticano

O presidente Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, reuniram-se nesta segunda-feira (13) com o papa Leão XIV, no Vaticano, em uma audiência marcada por gestos de cordialidade e simbolismo político e religioso. O encontro ocorreu horas antes da abertura do Fórum Mundial da Alimentação 2025, evento promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que celebra 80 anos de fundação.

Durante a audiência, Lula convidou o pontífice a participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).

"Convidei-o a vir à COP30, considerando a importância histórica de realizarmos uma Conferência do Clima pela primeira vez no coração da Amazônia", afirmou o presidente nas redes sociais.

Por causa do Jubileu, ano santo que mobiliza a Igreja Católica em 2025, o papa explicou que não poderá comparecer pessoalmente, mas garantiu que o Vaticano será representado no evento. Segundo Lula, o pontífice manifestou o desejo de visitar o Brasil "no momento oportuno".

Religião, desigualdade e fé

Em publicação após o encontro, Lula disse ter conversado com o papa sobre temas como religião, desigualdade e o papel da fé na transformação social. O presidente parabenizou Leão XIV pela Exortação Apostólica Dilexi Te, destacando a mensagem de que "não se pode separar a fé do amor pelos mais pobres".

"Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência, que precisa ser lida e praticada por todos", escreveu.

O presidente também relembrou sua relação com figuras históricas da Igreja no Brasil, como Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara, Dom Luciano Mendes de Almeida e Pedro Casaldáliga, e citou o papel das Comunidades Eclesiais de Base em sua formação pessoal e política.

Brasil fora do Mapa da Fome

Lula aproveitou a ocasião para informar ao papa que o Brasil foi retirado novamente do Mapa da Fome, conforme o relatório da FAO divulgado em julho deste ano.

"Falei ao Papa sobre minha participação no encontro da FAO e como em dois anos e meio tiramos pela segunda vez o Brasil do Mapa da Fome. Agora, estamos levando esse debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", afirmou.

Ainda nesta segunda, o presidente deve encerrar a Segunda Reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, também na sede da FAO, e inaugurar o espaço que abrigará o secretariado da iniciativa.

Diplomacia e simbolismo

A reunião entre Lula e o papa Leão XIV foi a primeira entre os dois. O encontro foi articulado pelo Itamaraty em conversas entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

Participaram também da audiência os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), a senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA), a presidenta da Embrapa, Sílvia Massruhá, e o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira. Em seus mandatos, Lula já havia se reunido com os papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco, com quem mantinha relação de amizade.

Missionário agostiniano

Primeiro papa agostiniano da história, o recém-eleito Papa Leão XIV traz uma trajetória marcada pela missão pastoral, experiência internacional e envolvimento com temas centrais do pontificado de seu antecessor, Francisco. Nascido Robert Francis Prevost, em 14 de setembro de 1955, em Chicago (EUA), o novo bispo de Roma sucede um Papa que transformou o papel da Igreja no mundo contemporâneo e terá o desafio de equilibrar tradição e renovação.

Primeiro papa agostiniano e norte-americano da história, Robert Francis Prevost foi escolhido para chefiar a Igreja Católica em 8 de maio, após a morte do argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Ele também tem nacionalidade peruana.

A identidade missionária de Prevost se consolidou durante sua longa permanência no Peru, onde atuou por mais de uma década. Lá, foi vigário judicial, professor de seminário, pároco em áreas periféricas e formador de novos religiosos agostinianos. Também serviu como diretor de missões e foi figura central na formação de comunidades locais, especialmente em Trujillo, onde desempenhou simultaneamente papéis pastorais e acadêmicos.