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Energia
Congresso em Foco
15/11/2025 9:00
Um estudo conduzido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) concluiu que o planejamento do setor elétrico nacional deve incorporar cenários climáticos futuros para evitar aumento de custos e riscos de falta de energia. O documento indica que antecipar medidas de adaptação às mudanças climáticas pode reduzir em até 13% os custos de operação e gerar queda média de 7% nas tarifas de energia.
Cenários analisados e principais impactos
A pesquisa utilizou dados de 24 modelos climáticos internacionais (CMIP6) para avaliar a influência das mudanças do clima sobre vazões, vento, irradiação solar e temperatura no Brasil. O levantamento mostra tendência de redução significativa das vazões médias nos subsistemas Sudeste, Norte e Nordeste - regiões onde se concentram os principais reservatórios hidrelétricos - e aumento no Sul, mas em áreas com menor capacidade de regularização. Isso significa que o padrão histórico de segurança hídrica pode ser alterado, afetando a geração e a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Nas fontes renováveis variáveis, como eólica e solar, não há mudança estrutural na capacidade média de geração, mas há incertezas regionais. O estudo aponta que a elevação da temperatura tende a reduzir a eficiência dos módulos fotovoltaicos, o que pode neutralizar ganhos de irradiação. Além disso, o aumento das temperaturas médias pode elevar o consumo de energia entre 3% e 4% nos meses mais quentes, chegando a picos de 6% em cenários de emissões elevadas. Esses picos podem coincidir com períodos de menor vazão, gerando risco de desequilíbrio entre oferta e demanda.
Projeções de expansão e custos
Foram comparados três cenários de planejamento: um caso de referência, sem considerar os efeitos do clima; casos alternativos, que incorporam projeções climáticas; e casos de descarbonização, voltados à neutralidade de emissões. As simulações indicam que o SIN poderá precisar de até 31 gigawatts adicionais de capacidade instalada, combinando energia solar, eólica e fontes despacháveis.
Os portfólios de descarbonização demandam mais investimentos - cerca de 121 gigawatts a mais, com elevação de 70% nos custos totais -, mas resultam em sistemas mais eficientes e menos dependentes de combustíveis fósseis. Já a antecipação de políticas de adaptação reduz os custos operacionais futuros e evita violações aos critérios de confiabilidade energética.
Recomendações e riscos sociais
O relatório propõe que o Brasil adote critérios climáticos em todos os modelos de expansão e operação do sistema elétrico, refine os dados sobre bacias hidrográficas e priorize investimentos em eficiência e resposta da demanda. Também recomenda maior resiliência da infraestrutura e mecanismos de remuneração que incentivem flexibilidade e serviços ancilares.
O estudo alerta ainda que os impactos climáticos afetam de forma desigual a população, atingindo com maior intensidade povos indígenas, comunidades quilombolas e famílias de baixa renda. Entre os riscos associados estão a perda de segurança alimentar, a expansão de doenças transmitidas por vetores e o aumento da vulnerabilidade hidroenergética.
De acordo com o relatório, considerar as mudanças climáticas no planejamento do setor elétrico não representa um custo adicional, mas um investimento essencial para garantir segurança energética, estabilidade tarifária e resiliência socioambiental a longo prazo.
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