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Guerra na Ucrânia dura desde 2014, e já deixou mais de 14mil mortos. Foto: Pixabay
A nova escalada de tensão entre dois grandes parceiros comerciais do Brasil, Rússia e Ucrânia, começa a atrair os olhos dos parlamentares. Para o primeiro vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), cabe ao Brasil se posicionar em favor da Ucrânia. No seu entendimento, os interesses ucranianos no conflito são os mais compatíveis com os preceitos da Constituição brasileira.
Para Rubens Bueno, a intervenção russa em uma questão interna ucraniana representa uma “tentativa, com mão de ferro, de manter a Ucrânia dentro de um único sistema, como se fosse a antiga União Soviética”. O deputado considera que o interesse russo na região é de natureza econômica. “É um país muito rico, especialmente na produção de carvão, gás natural, ureia e demais insumos para a agricultura. E a Rússia quer, há muitos anos, manter isso em seus braços”, apontou.
O parlamentar considera que, diante do quadro que se formou na região, o apoio brasileiro à Ucrânia seria a postura de maior compatibilidade com o texto constitucional. “De acordo com a Constituição, cabe ao Brasil se posicionar pela autodeterminação dos povos e defesa da paz em todos aqueles povos que tenham a sua independência já formalizada”.
Além da questão constitucional, o deputado aponta para o fato do Brasil possuir vastas colônias de ucranianos, que se estabeleceram no Paraná no final do século XIX e início do século XX. “Temos uma colônia de mais de meio milhão de ucranianos no Brasil. É uma população enorme. Acho que nós temos, portanto, que nos posicionar em favor da Ucrânia e evitar uma nova invasão” defendeu.
Institucionalmente, o Ministério das Relações Exteriores não manifestou sua posição sobre o conflito. Já no poder legislativo, a posição só poderá ser definida após a eleição para a presidência da Comissão de Relações Exteriores, que se dará no início de fevereiro.
Apesar do interesse constitucional, o Brasil possui ainda laços diplomáticos fortes com a Rússia, país que também integra o bloco do Brics. O deputado considera que não há risco de comprometimento desse laço caso o Brasil se posicione. “Em situações como essa, temos de fazer o uso da diplomacia brasileira, que é reconhecidamente uma das mais respeitadas do mundo”, apontou.
A tensão diplomática entre os dois países é parte de um conflito que ocorre desde 2014, quando o até então presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovytch foi deposto pela população da capital, por romper as negociações para a entrada do país na União Europeia. Em resposta, os russos financiaram movimentos separatistas no leste do país, e anexaram a península da Crimeia, região portuária de maioria russa.