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Neutralidade questionada

13/7/2005
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Sônia Mossri

O Palácio do Planalto adotou um jogo duplo em relação à reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo (PT-SP). Oficialmente, não se intromete na disputa política que paralisa o Congresso. Já nos bastidores, sem nenhum sinal Vermelho do presidente Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, voltou aos velhos tempos e atua junto a parlamentares em favor da reeleição.

A pressão sobre deputados para a aprovação da emenda constitucional instituindo a reeleição para as presidências da Câmara e do Senado está cada vez mais forte. José Dirceu usa argumentos praticamente infalíveis: liberação de verbas e cargos. Com o apoio, João Paulo esforça-se para colocar a emenda constitucional em votação hoje no plenário da Câmara.

Durante todo o dia de ontem, João Paulo disparou dezenas de telefonemas e reuniu-se com líderes partidários em busca dos 308 votos necessários para a aprovação da emenda da reeleição. Um time de assessores do presidente da Câmara também se mobilizou em defesa da reeleição.

O líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), foi um dos alvos principais do presidente da Câmara. Essa pressão foi inútil. Borba liberou a bancada do partido, numa tentativa de passar como neutro no meio de todo esse tiroteio. Não foi uma decisão fácil.

Borba desabafou com amigos que passou por constrangimentos e a saída foi a liberação da bancada. É a única forma de não se indispor com os caciques do PMDB, divididos com relação à reeleição, e com o presidente da Câmara.

Além de João Paulo, estão diretamente interessados no caso Sarney, que defende a medida que permite a ele se candidatar a um novo mandato no Senado, e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que trabalha contra a aprovação.

José Dirceu ressurge como um dos principais operadores do governo. Usando um novo estilo, agora é totalmente discreto. Nos últimos dias, passaram pelo gabinete de José Dirceu senadores e deputados que não se mostram muito simpáticos à reeleição. Todos pedem para não serem citados.

O argumento de Dirceu a favor do colega de partido João Paulo e do novo amigo José Sarney é que o governo precisa de estabilidade e segurança, o que não seria um atributo de Calheiros, que disputa a presidência do Senado e bombardeia a reeleição.

A tese de Dirceu é que o governo não poderia se tornar “refém” de Renan Calheiros, a quem se atribui a cobrança de um preço alto para a aprovação de projetos de interesse do governo no Congresso.

Segundo parlamentares da base aliada assíduos do Palácio do Planalto, a avaliação do ministro Dirceu é que somente Sarney daria mais segurança ao governo Lula. A análise é de que o atual presidente do Senado já teria demonstrado mais afinidade e lealdade ao governo do que Renan.

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