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Sobre as cinzas das próximas Cinzas

Congresso em Foco

2/3/2009 7:07

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Marcelo Mirisola*

      

Depois da decisões (ou tentativas) de fechar Guantánamo e de estabelecer diálogo com Ahmadinejad  e de, efetivamente, rever a política ambientalista norte-americana, agora Barack Obama determinou que os presuntos oriundos dos conflitos do Iraque e do Afeganistão serão expostos à curiosidade da platéia, e à justificável morbidez dos cartunistas de plantão,urubus e pacifistas espalhados ao redor de todo mundo. Desde que Bushinho invadiu o Iraque somam mais de 5 mil os cadáveres despejados praticamente incógnitos na Base Aérea de Dover, em Delaware. Uma decisão honesta da parte de Obama. Sobretudo porque Delaware não fica em Orlando, nem a base Aérea de Dover é o Castelo da Cinderela.

 

A crise que Barack Obama enfrenta é – também – simbólica. E eu torço para que as expectativas criadas em função da origem, e da cor da pele do presidente americano, não inviabilizem seu governo.  Por isso que Obama – ele mesmo um símbolo ambulante – transformou-se na última resposta (ia escrever “esperança”) viável diante de uma crise sem precedentes. Não quero nem pensar no que vai acontecer se o homem falhar.

 

Na guerra dos símbolos, desde o 1º dia, Obama revela-se um homem corajoso e íntegro. Resta, porém, saber até aonde o mundo dos símbolos e arquétipos pode fazer frente ao grito das ruas, ao desemprego e à falta de expectativas de toda uma nação – e do mundo inteiro – afundada em dívidas e calotes. O curioso, o grande paradoxo é que, antes de virar grito de desespero, essa “realidade” também já foi virtual e essencialmente simbólica, especulativa.

 

Apostaram o sonho americano no cassino financeiro. Bolinaram as musas, fornicaram com o inconsciente. Quanto isso acontece, a maionese desanda. O último exemplo ( e o mais óbvio) que me vem à mente – desculpem, estou de ressaca do carnaval –  foi a apropriação da suástica indiana pelo nazismo. Hitler girou a suástica para a direita, e deu no que deu. Leiam William Reich.

 

Não, não estou sendo esotérico. E isso aqui não é horóscopo do Quiroga. Só quero apontar uma disputa bem curiosa, talvez um corte epistemológico na linha da história. Vivemos tempos decisivos. Uma guerra travada no inconsciente da humanidade. Homem x Musas. Resta esperar pelos humores da nova suástica (se quiserem podem chamar de “ex-mercado”). Para que lado ela-ele vai girar como farsa dessa vez? Se eu fosse você não faria apostas. Na dúvida, siga a sugestão de Manuel Bandeira, e dance um tango argentino. Porque se a nova suástica girar pro lado indiano made in Projac – independentemente da sorte de Obama – o carnaval e as novelas da Glória Péres vão se prolongar pelos próximos anos, o ano inteiro. Todo dia. E o Brasil finalmente vai cumprir as profecias e chegará ao futuro: Ivete Sangalo será o nosso Führer de saias.  

                               ******

Não tenho televisão. E o apartamento que alugo no Rio de Janeiro foi alugado para uns gringos nesse carnaval ( eles não sabiam que o ar condicionado estava quebrado). Por conta disso, vim para São Paulo, e vou ficar na cidade até dia 1º de março. Quando essa crônica for publicada, provavelmente - espero – já terei voltado à Copacabana.

 

Pois bem, em São Paulo aproveitei os canais da tevê aberta e por assinatura. Sem exagero, posso dizer que fazia uns cinco meses que não ligava o aparelho. A última vez – lá no Rio – antes de a tevê quebrar, me decepcionei com Raul Gil, que homenageou o xarope do Ed Motta. Tudo bem, o Raul Gil continua sendo o mesmo Raul Gil que há trinta anos prendia minha avó na frente da televisão: usa a mesma tintura no cabelo, os mesmos ternos, o mesmo sorriso amarelo, as mesmas pulseiras e anéis. Mas agora ele conseguiu algo inédito: ele é brega de um tempo que não existe mais.

 

Não é pouca coisa. Fico comovido com isso, acho que é uma questão de um cuidado que tenho com minhas perdas irreparáveis. Como se o Raul Gil zelasse pelo defunto da criança triste e abismada que eu fui. Portanto, eu relevo a homenagem ao Ed Motta e até finjo que o novo programa dele, invadido por sertanejos e neo-pentecostais, não é uma bosta. Porque se eu me convencesse do contrário, talvez minha querida nona morresse outra vez. Dose fatal demais:  pra mim e pra ela. Basta o desgosto de acabar meus dias comendo gororoba nos quilos da vida.  Saudades da sua comida, Vó.

 

Mas ontem, quarta-feira de cinzas aqui em São Paulo, depois de tanto tempo sem zapear, além de ter cogitado no programa do Raul Gil ( não achei), tive duas boas surpresas. Uma delas foi a entrevista que Fernando Gabeira deu pro João Gordo. Ou melhor, a despeito do João Gordo. Gabeira contou um episódio pitoresco da eleição perdida. Disse que nos comícios, e onde tivesse uma oportunidade, o então candidato Eduardo Paes alardeava que havia se preparado a vida inteira para ser prefeito do Rio de Janeiro. O tipo de frase de efeito que um publicitário qualquer (que leu algum almanaque sobre J.L.Borges) determinou que ficaria bem na boca do jovem político. Nem é preciso dizer que Paes gostou da idéia, e passou a reproduzi-la vulgarmente sem qualquer tipo de reflexão. E o pior: proferiu essa estultice de boca cheia num debate com Gabeira, provavelmente achando que encerrava a questão - e, de certo modo, a encerrou: foi eleito. Mas enfim, quando Paes falou essa merda, Gabeira retrucou: “e eu me preparei a vida inteira para a vida inteira”. O que eu posso dizer? A sutileza e elegância do Gabeira, que o eleitorado carioca despreparado infelizmente não soube aproveitar, salvou o começo da minha noite na tevê.

 

Um pouco antes, outra boa surpresa. Na mesma MTV. Não, não se trata dos garotos do Hermes e Renato que continuam firmes e fortes, vida longa para eles. Mas de duas garotas desmioladinhas que falavam de sexo aleatoriamente: as “gurias” carregavam um sotaque sulista engraçadíssimo e roçavam deliciosos pezinhos tímidos sobre a canga cenográfica. Praia familiar de Jurerê-SC ao fundo. Nenhuma tatuagem à vista. Claro que elas falaram um monte de bobagens. Eram duas garotas, e o assunto era sexo afinal de contas.

 

A questão não é o assunto (qualquer chimpanzé sabe do que se trata), mas a faxina que foi feita. Quero acreditar que sim, fizeram mesmo uma faxina. Há pouco tempo, quem vomitava arrogâncias sobre sexo na MTV era a dentuça tatuada Penélope Nova. Será que as garotas estão ocupando o lugar da ex-feia (como se isso fosse possível ) Penélope Nova?  Se for isso, voltarei a assistir televisão... no carnaval de 2010.

 

Para terminar, gostaria de fazer duas sugestões: leiam urgentemente Joel Silveira e reflitam sobre as cinzas nesse tempo de quaresma. A promessa é de renovação.

 

*Marcelo Mirisola, 42, é paulistano, autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô, O azul do filho morto (os três pela Editora 34), Joana a contragosto (Record), entre outros.   

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