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Uma história nada chévere

Congresso em Foco

18/8/2007 | Atualizado 19/8/2007 às 0:02

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Sylvio Costa


São muitas as definições correntes sobre a Colômbia e seu povo. Uma delas, de tom algo poético, aponta o país como “uma esquina cercada por uma piscina (o Caribe) e duas praias (o Pacífico e o Atlântico)”. Outra, cruelmente bem-humorada, diz que “o colombiano é o melhor sujeito do mundo até o dia em que não gosta de alguma coisa que você faz ou fala e aí de repente te mata”.

Lorota. Quem visita cidades como Cartagena das Índias, Bogotá ou Santo André dificilmente deixará de se encantar pelos colombianos, sua simpatia, música, humor, culinária, arte e mistura étnica. Ou pelas inúmeras belezas naturais do país. É tudo muito chévere, palavra equivalente ao que aqui no Brasil chamamos, dependendo do gosto do freguês, de “legal”, “bacana”, “massa”.

O diabo é a guerra. Ao somar o número de homicídios políticos no país entre 1975 e 2004, o professor Francisco Gutiérrez Sanín, do Instituto de Estudos Políticos e Relações Internacionais (Iepri) da Universidade Nacional da Colômbia, contabilizou 53.659 assassinatos. Nesse período, de 30 anos, houve em média cinco execuções por dia de algum modo associadas ao conflito. É o que ele qualifica como “uma enorme catástrofe humanitária” (Nuestra guerra sin nombre – transformaciones del conflicto em Colômbia, coordenado por Francisco Gutiérrez, María Emma Wills e Gonzalo Sánchez Gómez, Bogotá, Grupo Editorial Norma, 2005).

Vale lembrar que a guerra do Vietnã matou, segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, 47.378 norte-americanos. De qualquer maneira, os números reais podem ser ainda maiores do que Gutiérrez conseguiu comprovar, pesquisando as estatísticas oficiais. De acordo com reportagem recente da BBC, pelo menos 3 mil civis morrem a cada ano na Colômbia em razão dos confrontos. As organizações armadas de esquerda falam que passam de 500 mil as mortes ocorridas desde o início do conflito, em 1964. E, em meio a dados tão discrepantes, há relativa convergência, pelo menos, quanto à estimativa do total de pessoas que tiveram de abandonar suas casas por causa da guerra: cerca de 3 milhões de pessoas.

Bom exemplo?

Citar a Colômbia como exemplo de política de segurança eficiente virou moda no Brasil. Não são poucos os políticos, autoridades de segurança e mesmo especialistas da área que se põem a indicar o “modelo colombiano” como referência. De fato, nossos vizinhos obtiveram uma fantástica redução dos crimes comuns. As taxas de homicídios despencaram nos últimos anos, sobretudo nas grandes cidades, como Medellín, Cali e Bogotá. O que os apologistas do tal “modelo” nem sempre reparam é que permanecem intocados dois ingredientes fundamentais do caldeirão colombiano: o narcotráfico e a violência política.   

Entre 2000 e 2004, a Colômbia recebeu aproximadamente US$ 3,3 bilhões dos Estados Unidos para enfrentar a guerrilha e o tráfico. Houve, repita-se, queda dos homicídios e da violência, sobretudo nas maiores cidades, onde é mais forte a presença das forças de segurança. Também foi possível forçar um recuo territorial das guerrilhas, que àquela altura já se aproximavam de Bogotá.

Mas o combate à indústria da droga revelou-se um retumbante fracasso. O Plano Colômbia, concebido pelo governo norte-americano, tinha a pretensão de erradicar todos os cultivos de coca até 2005, e o que aconteceu? Apesar de muitas plantações terem sido destruídas, outras se desenvolveram em lugares diferentes, e a Colômbia segue fornecendo mais da metade da cocaína vendida no mundo e a quase totalidade da heroína consumida nos EUA.

Ao mesmo tempo, prossegue o enfrentamento entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o menos conhecido Exército de Libertação Nacional (ELN). O presidente Alvaro Uribe, que prometia liquidar as duas organizações, agora tenta negociar com elas. Seu maior interesse é libertar os reféns em poder dos guerrilheiros: perto da metade dos mais de 3 mil reféns hoje existentes no país. A estimativa remete a outro recorde colombiano: a maior taxa de seqüestros do planeta.

Um conflito sem mocinhos

Perceber as características dos atores envolvidos e o caráter transnacional da guerra civil colombiana é um bom começo para compreender o conflito. Iniciemos pelo pedaço mais óbvio da história: a indústria das drogas colombiana é, na realidade, uma indústria global, com atuação em praticamente todo o Ocidente. Ela, simultaneamente, financia e é financiada pelos chefes do crime organizado em diversos países. Um exemplo é o narcotraficante brasileiro Fernandinho Beira-Mar, cujo poder derivou da parceria que estabeleceu com os cartéis da Colômbia, país no qual foi preso em 2001.

No último dia 7, em um condomínio de luxo de Barueri (SP), a Polícia Federal prendeu Juan Carlos Ramirez Abadía, o Chupeta, deixando claro, mais uma vez, que o narcotráfico não respeita limites nacionais. Parêntesis: o colombiano Chupeta é apontado como o maior traficante de drogas do mundo na atualidade, a PF calcula que ele movimentou perto de US$ 10 bilhões nos últimos dez anos.

Fácil concluir, portanto, que o problema colombiano não é apenas colombiano. Além de envolver um negócio de dimensão internacional (sim, o narcotráfico), produz refugiados (estimados em mais de 300 mil), zonas de tensão nas fronteiras, emigrações etc. Isto é, se razões de solidariedade – essa coisa pouco em voga – são insuficientes, os líderes políticos de outras nações deveriam se interessar pela guerra na Colômbia no mínimo pelos efeitos que ela provoca no território de seus próprios países. Mas o mundo praticamente a ignora. Assim como ocorre em relação a toda América Latina, os países ricos não dão muita bola para a Colômbia.

Desgraçadamente, a performance dos atores globais e nacionais evidencia, quase sempre, outro triste traço do conflito colombiano: a falta de mocinhos. Os EUA querem resolver a parada no estilo típico de George W. Bush e têm dado com os burros n’água. A França até acena com uma linha mais inteligente, de defesa de uma solução negociada para o conflito. Mas seu interesse se prende ao desejo – diga-se, legítimo – de libertar a mais famosa refém da guerrilha, a senadora Ingrid Betancourt, seqüestrada pelas Farc em fevereiro de 2002 quando era candidata a presidente da República pelo Partido Verde (Ingrid tem dupla naciona

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