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Congresso em Foco
17/8/2007 | Atualizado 20/8/2007 às 14:10
Rodolfo Torres
Alvo de intensa artilharia na Câmara, a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) deve enfrentar bombardeio ainda maior no Senado. Os sinais vêm tanto da oposição, que promete elevar o tom dos ataques ao chamado imposto do cheque, quanto da própria base aliada, que vê com restrições o texto encaminhado pelo Executivo.
Até mesmo o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), critica a prorrogação por mais quatro anos da CPMF, como prevê a proposta de emenda constitucional aprovada quarta-feira passada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
“Eu particularmente sou contra a prorrogação indefinida da CPMF. Mas o duro é o governo sentir o baque da perda de R$ 37 bilhões no orçamento. Aí realmente é muito complicado”, afirmou. Raupp defende que a alíquota de 0,38% seja mantida por apenas dois anos e reduzida gradualmente até sua extinção. “A partir daí, coloca-se um redutor de alíquota”, sugeriu.
O governo, por enquanto, não trabalha com a possibilidade de alterar a proposta, que prevê a prorrogação da CPMF até 31 de dezembro de 2011, com a manutenção da alíquota e sem qualquer partilha das receitas com prefeitos e governadores.
Mas a divisão dos recursos, defendida por governadores e setores da oposição, encontra simpatia mesmo entre petistas, como o senador Paulo Paim (PT-RS), que discorda da resistência do governo federal nesse ponto. Um dos principais opositores à criação da CPMF na Câmara durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o hoje senador governista considera um “equívoco” a derrubada da contribuição, mesmo reconhecendo que o dinheiro não foi destinado à saúde, conforme previa a proposta original.
“Nós teremos um belo debate sobre a questão. Mas eu acho que a CPMF deveria ser considerada principalmente como um instrumento de combate à corrupção”, afirmou. “Se você pegar o seu CPMF, a Receita Federal sabe todas as operações que você fez ou não ao longo de sua vida”, exemplificou.
Para entrar em vigor, a PEC ainda terá de vencer um longo caminho: passar por uma comissão especial da Câmara, que analisará o mérito da proposta, e ser aprovada em dois turnos pelo Plenário, com o apoio mínimo de 308 dos 513 deputados. Aprovado, o texto será encaminhado ao Senado, onde também será submetido às comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ).
Disputa apertada
O governo precisará do apoio de 49 dos 81 senadores, em dois turnos, para aprovar a proposta que estende a cobrança da contribuição, criada em 1997 para destinar mais recursos à saúde pública brasileira. Juntos, PSDB, DEM e Psol, que fazem oposição a Lula, têm direito a 31 votos na Casa, o que torna estreita a margem de segurança do governo no Senado: apenas dois votos caso não haja dissidência entre os oposicionistas.
Na Câmara, a situação é considerada mais confortável pelo governo, que estima ter pelo menos 400 votos entre os deputados. Mas setores da oposição prometem atrapalhar a votação. “Vamos fazer o governo sangrar”, afirmou o líder do DEM (ex-PFL), Onyx Lorenzoni (RS), ao anunciar que sua bancada irá obstruir todas as votações em plenário até que o governo desista da proposta.
Integrante da comissão especial que analisará o mérito da PEC a partir desta semana, o deputado Nilson Mourão (PT-AC) diz que o governo não cederá às pressões da oposição e dos governadores, seja para extinguir, seja para partilhar a arrecadação da CPMF. “A base do governo vem em peso. A oposição pode usar os mecanismos quer quiser, mas nós aprovaremos”, disse.
O petista afirma que, independentemente das críticas, a CPMF “veio para ficar”. “É o imposto mais transparente. É a garantia de uma cobrança segura, evita sonegação”, avaliou.
O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), coordenador nacional do movimento “Xô, CPMF”, acredita que a pressão da opinião pública será decisiva para o futuro da proposta. Segundo ele, existe um descontentamento generalizado em relação à CPMF porque o objetivo inicial da contribuição, que seria melhorar a saúde pública, não foi atingido.
Ele também afirma que o governo, que tem sobra de reservas, não tem uma posição muito definida em relação ao destino da contribuição. “Ora o governo diz que a precisa da CPMF para realizar o equilíbrio fiscal, ora diz que é para os programas sociais”, disse.
A equipe econômica tem refutado a tese de que o recurso não tem alcançado seu destino, alegando que 41% do dinheiro arrecadado com a contribuição vão para o Fundo Nacional de Saúde, 21% para a Previdência, 19% para o Fundo de Pobreza e o restante para a Desvinculação de Recursos da União (DRU).
Oposição indecisa
Os argumentos do governo, contudo, não convencem a oposição, que ainda tenta unificar o discurso. Apesar do radicalismo do DEM na Câmara, no Senado, a bancada do antigo PFL prefere esperar a chegada do texto para aprofundar a discussão. Segundo o líder da oposição na Casa, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o partido estuda dois caminhos: ou a extinção imediata da cobrança ou a redução gradual da alíquota até a sua extinção.
“Vamos estudar para valer para verificar realmente o que pode acontecer, o que pode ser melhorado. Se o ideal é minimizar ao longo dos anos e acabar com a contribuição aos poucos, ou se é acabar de uma vez. O certo é que do jeito que está nós não vamos deixar”, declarou Demóstenes.
Os tucanos vão se reunir nesta terça-feira, no Senado, para definir qual será a postura da bancada. A idéia é aparar as divergências internas para enfrentar com mais força o governo.
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