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Já provei dessa mariola

Congresso em Foco

19/10/2008 | Atualizado 20/10/2008 às 0:00

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Marcelo Mirisola*

 

Nem vou falar da rabada no Pavão Azul, lá na Hilário de Gouveia. Tampouco do chope do Serafim. Não foi nem num lugar, nem no outro, que me senti em casa. Quase. Mas eu sabia que em algum momento o sotaque ia bater. Se eu tivesse que apostar comigo mesmo, apostaria meu batismo carioca na Help, até mesmo pela urgência do caso. Vão fechar a boate e enfiar um Museu de Arte Contemporânea no lugar. Seis por meia dúzia. Já o sotaque que falei há pouco nada tem a ver com traslado, pacote de seis dias e seis noites. Estou falando de identidade. Tem gente que sobe o Corcovado. Outros fazem turismo nas favelas. Se o fulano quiser, tem a opção de nadar no meio dos cocôs e depois tirar uma foto com o poeta de bronze, no posto seis.

 

Quase consigo minha cidadania no Jardim Botânico – se não fossem as jaqueiras obsessivamente catalogadas, acho que conseguiria. Tive a impressão de que as pobres árvores “mãos ao alto” haviam sido rendidas.  A gente sabe que uma jaqueira ao lado de outra jaqueira é mais uma jaqueira. Uma plaquinha basta. Orquídeas são diferentes, e justificam o cuidado. Sobretudo porque não são jaqueiras.

 

Por pouco não virei carioca depois de ter comprado o jornal O Globo na entrada do parque Guinle. Fiquei entre essa experiência e dois tiroteios no Pavão-Pavãozinho, de modo que só me faltava – para virar carioca – acompanhar o debate entre Fernando Gabeira e Eduardo Paes na televisão.

 

Chegando da praia, antes mesmo de entrar no chuveiro, corpo melado de suor e sal e havaianas cheias de areia, eu ligo a televisão e quem aparece? Marta versus Kassab. Que diabo! O que esses dois fazem aqui em Copacabana?  Eles são a carranca da cidade que deixei para trás, digo, os dois são o trânsito e a antipatia, a falta de sol e a alma engordurada e branquela que não quero para mim. Marta e Kassab se complementam: como se o beiçola de botox da Marta saísse das bochechinhas do Kassab. São figuras de massinha. E ambos são mal-educados. Não se respeitam, e não respeitam “a posição” (chega até a soar como um deboche da minha parte, mas estou falando sério) que ocupam. Tratam-se de “você”. Não agüentei mais de cinco minutos; no lugar de um debate, vi uma briga de trânsito. Baixaria. Tive medo de imaginar o dia-a-dia deles longe dos holofotes. Se incorresse nessa aventura, decerto seria processado. Quem quiser que faça o exercício em casa e longe das crianças. São almas sebosas, ambos.

 

Já debaixo do chuveiro, pensei duas coisas: 1. É compreensível que um sócio do Clube Pinheiros vote no Kassab. Mas como é que um mano do Jardim Ângela pode votar na Marta? 2. Quem proíbe vinagrete na feira é capaz de ter orgasmos vendo avião explodir na Avenida Bandeirantes.

 

Ou seja. Kassab e Marta são iguais. Pobre paulista, pobre São Paulo.

 

Não é exagero. Tudo isso que não me atrevi a imaginar estava lá no primeiro dia do programa eleitoral da ex-sexóloga Marta Suplicy. Vocês sabem do que estou falando... Eu acho que a Marta é igual ao Kassab, que é igual ao Afanásio Jazadji, que é a cara do Datena. São criaturas mutantes. Aconteceu a mesma coisa com o Lula depois de eleito: ganhou a cara do Setubão. Essa gente usa suspensórios e fuma charutos.

        

Infelizmente não deu tempo de transferir meu título para o Rio de Janeiro.  Mas vou providenciar os documentos para reeleger o Borba Gato no lugar do Redentor em 2013. A propósito, quase esqueço: me senti em casa no Rio de Janeiro quando comprei mariola de um ambulante na Cinelândia. Aliás, fui eu quem identificou, pechinchou e solicitou a iguaria – sem saber o que era e de onde vinha. Nunca tinha experimentado uma mariola na minha vida e, no entanto, adivinhei o gosto e as reminiscências que o doce de goiabada iria me provocar antes mesmo prová-lo. Curioso, né? Como se eu tivesse vivido um dejavu de outra pessoa. Só mesmo dona Zíbia Gasparetto para explicar o ocorrido... Eu acredito no sobrenatural e também acredito que a morte – como disse o professor Antonio Candido – não faz muito bem para o estilo.

       

Mas o sabadão na frente da TV ainda me renderia outros trens fantasmas. Sou fã do Raul Gil (um pouco menos depois que ele homenageou o Ed Motta) e gosto dos calouros dele, e do quadro do Chapéu. Nesse sabadão foi a vez da garota Maisa tirar chapéus. Para quem não sabe, a menina tem seis anos de idade e ameaça de uma vez só a audiência da Xuxa e o contrato de renovação de Adriane Galisteu no SBT. Impressionante, essa menina.

 

O termo aberração é pouco para falar dela. Semana que vem trato do fenômeno. Tarefa difícil. Não menos exigente seria minha segunda opção: tentarei discorrer sobre a obra de um cineasta genial que o Nilsão Primitivo teve a generosidade de me apresentar, o nome do cara é Sady Baby. Se não conseguir falar da Maisa nem do Sady Baby – o que é mais provável –, bem, só me restará apelar para o mais fácil. Tenho algumas sugestões a dar sobre a crise financeira internacional. Me aguardem.

 

**Mais uma coisa. O blog Prosa & Verso do jornal O Globo publicou um conto inédito meu, cujo título é: “Enguiçado”. Quem quiser dar uma espiada é só ir até lá.

 

*Marcelo Mirisola, 42, é paulistano, autor de Proibidão (Editora Demônio Negro), O herói devolvido, Bangalô, O azul do filho morto (os três pela Editora 34), Joana a contragosto (Record), entre outros.

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