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Congresso em Foco
24/3/2009 | Atualizado às 11:47
O senador Tião Viana (PT-AC) negou ontem (23) que tenha autorizado qualquer acordo para que a suposta crise entre PT e PMDB seja cessada. A crise foi instalada após as eleições para presidência do Senado, em que Tião foi derrotado pelo senador José Sarney (PMDB-AL). Os petistas esperavam apoio do PMDB a Tião, mas a maior bancada da Casa decidiu lançar candidatura própria.
Para amenizar o clima de tensão entre os dois partidos, os senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Ideli Salvatti (SC), os peemedebistas Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL) e o senador Gim Argello (PTB-DF) teriam feito um acordo de cessar-fogo em um jantar na semana passada. O encontro teria ocorrido com a bênção do Planalto, que enviou à reunião o ministro de Relações Institucionais, José Múcio.
“Quero deixar claro que aquela reunião não contou com a minha autorização. Tudo o que se tratou não teve o meu envolvimento, portanto estou distante dela, do que se tratou nela e do que se decidiu nela”, declarou Tião em discurso no plenário. "Tenho a mais absoluta consideração pelo Poder Legislativo [...] E sei que esta é a conduta também do presidente da Casa, senador José Sarney. Então, não venham querer fazer um acordo a minha revelia e seguramente à revelia do presidente desta Casa", completou.
Esclarecimentos
O petista aproveitou ainda o espaço na tribuna para pedir esclarecimentos a Renan Calheiros que, segundo matéria publicada pela revista Época neste fim de semana, teria dito que Tião não tem “autoridade moral para discutir ética”. Tião, que na semana passada ameaçou fazer declarações bombásticas contra José Sarney, disse que “por enquanto” age em “busca de esclarecimento”.
“Gostaria de esclarecer que não acredito, primeiramente, que tal afirmação seja de autoria do senador Renan. Não consigo imaginar que possa sair da parte dele qualquer tipo de insinuação a esse respeito. Aguardarei a manifestação do senador Renan Calheiros”, disse Tião que considerou as declarações e seus devidos esclarecimentos algo “absolutamente normal no dia-a-dia da política, das relações partidárias”.
Na semana passada, Tião alvo de acusações em que teria emprestado um celular do Senado para sua filha utilizá-lo em viagem ao México. O parlamentar confirmou as acusações e, por pressão, decidiu pagar a conta telefônica. Tião foi pressionado também a mostrar suas despesas médicas que, segundo reportagens, seriam "altíssimas". Diante dos fatos, o senador acreano disse estar sofrendo "intimidação" e "ataque anônimo". (Renata Camargo)
Leia abaixo o discurso na íntegra
SENADOR TIÃO VIANA – Srª Presidente Senadora Serys Slhessarenko, Srªs e Srs. Senadores, serei muito objetivo no assunto que trago à Casa. Por enquanto é uma busca de esclarecimento, absolutamente normal no dia-a-dia da política, das relações partidárias, das relações que se estabelecem no Senado.
Primeiramente, vou me reportar à chamada reunião que houve na semana passada, um jantar, envolvendo alguns Senadores: Senador Aloizio Mercadante, Senadora Ideli Salvatti, Ministro José Múcio, Senador Gim Argello, Senador Renan Calheiros e Senador Romero Jucá, reportando-se a um suposto acordo para que se esfriasse e se parasse qualquer confronto político de partidos antagônicos, que seriam o PT e o PMDB aqui.
Quero deixar claro que aquela reunião não contou com a minha autorização. Tudo o que se tratou lá não teve o meu envolvimento. Portanto, estou distante dela, do que se tratou nela, do que se decidiu nela. A minha posição é clara, a minha responsabilidade seguramente é a mesma do Senador José Sarney, Presidente da Casa: não desrespeitarmos o Poder Legislativo, não tratarmos o Poder legislativo como um Poder que deva ser desmoralizado e que afete a condição de Poder, pilar fundamental do Estado democrático brasileiro.
Tenho a mais absoluta consideração pelo Poder Legislativo, com os valores que a democracia pressupõe, entre eles o de ter um Poder Legislativo com credibilidade. E sei que esta é a conduta também do Presidente da Casa, Senador José Sarney. Então, não venham querer fazer um acordo a minha revelia e seguramente à revelia do Presidente desta Casa.
A minha responsabilidade no trato de todo e qualquer assunto que envolva o Senado Federal é faze-lo à luz do dia, olhando no olho das pessoas, frente a frente com todas as pessoas, e assim o farei. Sei que o Presidente da Casa também o fará. Então, quero dizer que desautorizo tal encontro que, parece-me, serviu muito mais para disseminar intrigas, fofocas e insinuações a respeito das pessoas. Não contem comigo para essa prática!
Outro item, minha Presidenta. A revista Época faz insinuações fortes atribuindo, por ocasião do tal encontro ainda, ao Senador Renan Calheiros considerações a meu respeito, dizendo: “O Senador Tião Viana não tem autoridade moral para discutir ética comigo ou com qualquer outro colega”.
Gostaria de esclarecer que não acredito, primeiramente, que tal afirmação seja de autoria do Senador Renan Calheiros; entretanto, diante de ele não ter esclarecido o fato comigo nem tornado pública a sua impressão do ocorrido, aguardarei que o Senador Renan Calheiros elucide esse fato, porque não consigo imaginar que possa sair da parte dele insinuações a esse respeito. O Senador Aloizio Mercadante já me disse que não houve tal afirmação durante a tal reunião. Então, aguardarei a manifestação do Senador Renan Calheiros a respeito deste assunto.
Quero dizer que discuto todo e qualquer assunto da vida brasileira com todo e qualquer Senador da República no mais absoluto respeito e elevada consideração. Agora, não aceito que se usem argumentos de inferir juízo de valor sobre a dignidade de ninguém pelas costas ou por recados. Então, por essa razão, antes de fazer qualquer juízo de valor sobre a suposta reunião no que diz respeito a mim, aguardarei a manifestação do Senador Renan Calheiros.
Era o que tinha a dizer a bem do respeito interpessoal e das relações políticas responsáveis e corretas que se deve ter nesta Casa.
Muito obrigado.
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