Alckmin fortalece Serra em detrimento de Aécio, diz vice-líder

Pré-candidato tucano para as eleições presidenciais de 2010, o governador de São Paulo, José Serra, fez um “gol de placa” ao convidar Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento do estado. Com o gesto, Serra fortalece seu nome para o pleito presidencial, em detrimento do outro “presidenciável” do PSDB, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. A opinião é do vice-líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), para quem a ação de Serra supera “questões menores”.

“O governador José Serra demonstrou que está empenhado para viabilizar sua candidatura. Com sua ação, o PSDB se fortaleceu em nível nacional para o projeto da Presidência da República”, declarou ao Congresso em Foco o deputado, para quem Serra “dá uma demonstração de desprendimento” com o convite. “Isso significa um gol de placa.”

Mas Duarte explica que, a depender da atuação dos dois presidenciáveis tucanos, o partido poderá fazer sem problemas prévias partidárias para escolher oficialmente o candidato.

“O que estiver melhor condicionado vai ser democraticamente escolhido, e o que for escolhido vai receber o apoio do outro. Sem forem necessárias as prévias, o partido vai fazer com tranqüilidade”, disse, voltando a exaltar o ato de Serra em relação a Alckmin. “Pode ser que haja consenso [sobre a candidatura de Serra]. Mas uma coisa a gente pode afirmar sem receio: esse gesto deu a ele uma visibilidade de quem é capaz de superar questões menores, de quem tem espírito público elevado.”

Para o deputado paulista, o gesto de Serra resolve um dos principais problemas estruturais do PSDB, principalmente no Estado de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Trata-se da divisão interna no partido provocada por ocasião das eleições municipais de outubro passado, quando parcela da legenda apoiou o candidato do DEM, Gilberto Kassab, para o governo de São Paulo, enfraquecendo a candidatura de Alckmin ao pleito – vencido por Kassab.

“O governador dá uma demonstração de capacidade de unificar o partido em São Paulo, e mostra para os eventuais adversários que tem capacidade de conciliação. Ele conseguiu superar um dos principais desafios, que era minimizar a divisão que existia no partido”, observou Duarte, para quem a ação foi selada de forma “exitosa e harmônica”.

Desempenho 

Duarte diz que, além de promover a união nos quadros internos do PSDB, o convite a Alckmin aumenta a qualidade da gestão Serra em São Paulo. “Ele incorpora em seu time alguém com qualidade eleitoral muito grande”, completou o parlamentar, elogiando igualmente o comportamento do ex-presidenciável tucano. “Ele também dá uma demonstração de espírito público elevado. Não é fácil para alguém que já foi governador e ex-candidato à Presidência da República assumir uma posição de subordinação, segundo a hierarquia.”

Segundo Duarte, o PSDB vai observar atentamente os índices de aceitação popular às candidaturas de Serra e Alckmin, bem como ouvir as lideranças partidárias e os governadores tucanos com o objetivo de avaliar o melhor cenário para 2010. Duarte diz que o partido vê em ambos a “qualidade moral e político-administrativa” que os credencia para presidir o país.

“O PSDB tem tomado cuidado para não preterir as pretensões nem de um nem de outro”, arrematou o deputado, acrescentando que, estimulados com a “pacificação” do tucanato em relação à vendeta eleitoral entre Alckmin e Gilberto Kassab, DEM e PSDB vão “caminhar juntos em uma aliança” para as eleições de 2010. “Isso vai facilitar muito para que essa aliança seja ampliada com a participação de mais partidos.” (Fábio Góis)