O relatório geral do orçamento da União para 2009 prevê um corte de R$ 6 bilhões nas receitas e despesas. Os cortes foram de R$ 15,4 bilhões em áreas como folha de pessoal, outras despesas correntes e reserva de contingência. Os investimentos tiveram um aumento de R$ 9,4 bilhões.
O motivo do corte foi a crise econômica mundial. Segundo o relatório do senador Delcídio Amaral (PT-MS) – entregue na noite de ontem (15) e que começará a ser votado hoje – as bases da proposta enviada pelo governo previam “um cenário econômico otimista”, porque foram feitas antes do endurecimento da crise.
“As alterações realizadas por esta Relatoria e seus Comitês de Assessoramento foram pautadas pela prudência na projeção das receitas e parcimônia no uso dos recursos orçamentários”, avisou Delcídio.
DESPESAS POR GRUPO
(em R$ bilhões)
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Proposta do |
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Grupo de Despesa |
governo |
Relatório |
Diferença |
% |
Pessoal e Encargos sociais |
169,20 |
168,80 |
-0,40 |
-0,24% |
Juros e Encargos da Dívida |
127,10 |
126,30 |
-0,80 |
-0,63% |
Outras Despesas Correntes |
548,70 |
539,10 |
-9,60 |
-1,75% |
Investimentos |
37,90 |
47,30 |
9,40 |
24,80% |
Inversões Financeiras |
43,00 |
42,00 |
-1,00 |
-2,33% |
Amortização da Dívida |
631,70 |
631,70 |
0,00 |
0,00% |
Reserva de Contingência |
27,40 |
23,90 |
-3,50 |
-12,77% |
Total* |
1.585,00 |
1.579,10 |
-5,90 |
-0,37% |
*Não inclui o orçamento de investimento das estatais, que é de R$ 79,7 bilhões
Fonte: Relatório-geral do Orçamento da União para 2009
De acordo com o relatório de Delcídio, o orçamento de 2009 será de R$ 1,658 trilhão. Descontado o orçamento de investimento das estatais, será de R$ 1,579 trilhão.
Os critérios adotados para os cortes foram as despesas de custeio – exemplo: pessoal e contas de consumo –, garantidos os valores obtidos em 2008. Depois, partiu-se para redução de investimentos até em áreas sociais, como saúde e educação, direitos humanos e segurança pública.
“Infelizmente, devido ao expressivo volume de cortes necessários e às dificuldades de ajustes na programação decorrentes das vinculações de fontes a determinados itens de gasto, não nos foi possível ressalvar completamente do corte tais ações e programas”, afirma o relator no texto.
Sofreram cortes seletivos outros investimentos também, principalmente os programas que, até novembro passado, tiveram empenhos (reserva para pagamento) inferiores a 50% do total.
Apesar disso, Delcídio garantiu os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Plano Piloto de Investimentos (PPI). O relator protegeu as duas áreas porque elas, segundo ele, servem como “política anticíclica” para proteger a economia brasileira dos efeitos da crise internacional. (Eduardo Militão)