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Congresso em Foco
20/5/2008 | Atualizado 21/5/2008 às 1:27
Um novo desdobramento da CPI Mista dos Cartões Corporativos promete acirrar ainda mais os ânimos entre governo e oposição quanto à autoria do vazamento do chamado “dossiê anti-FHC” para a imprensa. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), deixou a comissão há pouco – onde presta depoimento neste momento o vazador do dossiê, o ex-secretário de Controle Interno José Aparecido – para fazer uma “denúncia”, em plenário, contra seu colega de Parlamento Tião Viana (PT-AC).
Segundo Virgílio, uma conversa com mais de dois interlocutores – um deles o deputado Nilson Mourão (PT-AC) – teria chegado ao conhecimento de Tião Viana, que a repassou ao senador tucano. Em essência, o conteúdo da conversa teria trazido a novidade de que havia sido Virgílio o vazador dos dados dossiê, compilaçãp de gastos com cartão corporativo pelos ecônomos do governo Fernando Henrique Cardoso, para o jornal Folha de S.Paulo – que, a exemplo da revista Veja, adiantou a informação aos leitores, em 26 de março.
“Eu gostaria de registrar minha profunda decepção com uma pessoa que eu considerava meu amigo”, ensejou Arthur Virgílio, mencionando a conversa com a suposta novidade supracitada. Informado por Tião que, em um ponto do diálogo, foi dito que o dossiê teria chegado ao chefe de seu gabinete, como “fogo amigo”, Virgílio avisou que iria à tribuna do plenário denunciar o ocorrido. “Não queria jamais supor que essa leviandade teria partido do senador Tião Viana, figura que eu sempre quis muito bem, muito bem mesmo”, afirmou. "Foi para mim que o senador Tião ligou quando foi acusado de violar o sigilo do caseiro Francenildo Costa. Por isso digo que não sou homem exato para fazerem brincadeiras comigo", complementou.
“Não é muito meu feitio, meu feitio é contar tudo. Não sou jornalista: jornalista é que tem de proteger fonte. Eu não tenho de proteger fonte nenhuma, eu gosto de dizer tudo com clareza, como estou fazendo agora”, discursou Virgílio, dizendo ter interpelado, de “maneira dura”, o chefe de gabinete de Alvaro Dias, que teria participado da conversa.
Segundo Virgílio, o deputado Nilson Mourão perguntou para o chefe de gabinete de Alvaro Dias se José Aparecido – que enviou planilha anexada em e-mail com os gastos da era FHC – também teria enviado as informações para o chefe de gabinete de Virgílio. O tucano disse que foi inclusive levantada a hipótese de que o Correio Braziliense já estaria a par dos fatos. Virgílio desmentiu dizendo que, em conversa com um jornalista da editoria de política do jornal, nada havia em pauta sobre o assunto.
Sorrateiramente
No momento em que Virgílio falava, Tião Viana chegava ao plenário sem que o colega visse. Já ao lado do tucano, Tião aprontou o microfone do lado e esperou o fim da “denúncia”. “É muito bom que Vossa Excelência esteja aqui”, disse Virgílio ao petista, ao perceber que ele o ladeava.
Ao fim do discurso de Virgílio, Tião disse que a decepção era sua, devido ao fato de que uma conversa entre amigos tivesse sido levada a público. “Fui informado por minha assessoria, que o senador Arthur Virgílio, após uma indagação do deputado Nilson Mourão, haveria feito considerações muito críticas à minha pessoa, e que depois falou para a imprensa que iria me denunciar em plenário”, declarou Tião, visivelmente contrariado.
“Quero dizer a Vossa Excelência que a decepção, se está havendo, é minha, porque no dia de ontem a um amigo eu dirigi a palavra, e mais a ninguém, a nenhum parlamentar, após saber pelo meu chefe de gabinete e um jornalista que trabalha em meu gabinete, que o chefe de gabinete do senador Alvaro Dias, de nome Cílio, havia dito para os dois assessores que fora o senador Arthur Virgílio que havia vazado para a Folha de S.Paulo os documentos”, defendeu-se Tião, acrescentando que se sentiu no dever de informar o tucano por questão de amizade.
“Vem agora o senador Arthur Virgílio e rompe uma relação de amizade e respeito, baseado em um comentário que o deputado Nilson Mourão fez. E mais: eu disse que já tem comentários em setores da imprensa. Se alguém está decepcionado aqui com um amigo sou eu, porque não aceito um juízo de valor precipitado sobre a minha conduta de ordem moral e de respeito a um amigo”, bradou o senador acreano, encerrando sua interpelação.
Ao notar o mal-estar instalado entre os colegas, o senador Gerson Camata (PMDB-ES), que presidia a sessão no momento, tentou acalmar os ânimos. “Espero que Vossas Excelências se reconciliem”, disse, lembrando que eram dois “nomes importantes” no Senado que estavam se desentendendo. (Fábio Góis)
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