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Congresso em Foco
27/11/2007 | Atualizado às 21:25
Um bate-boca acalorado e hilário tirou o ar de serenidade das discussões, em primeiro turno, da PEC da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no plenário do Senado. O senador Mário Couto (PSDB-PA) discursava na tribuna contra a alta carga tributária brasileira, com especial enfoque à CPMF. Foi quando o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) o interpelou em aparte, afirmando que pagou “cerca de 160 reais” de CPMF neste mês, o que seria um valor “razoável” diante das circunstâncias (mesmo sem explicá-las). Suplicy é a favor da prorrogação da cobrança do imposto do cheque por mais quatro anos.
Ao retomar a fala, Mário Couto foi novamente interpelado por Suplicy, e reagiu. “Escute-me um pouco, senador, eu escutei o pronunciamento de Vossa Excelência calado, sem dar um ‘pito’. Agora você tem que me escutar”, alegou Mário Couto. Ao perceber que seu pedido não surtia efeito, ele continuou, arrancando risadas de colegas e jornalistas presentes à sessão. “Calma, senador, tome um gole d’água, um gole profundo e fique calmo”, disse o tucano, ao perceber que Suplicy ficava “nervoso”.
O motivo do suposto nervosismo de Suplicy foi a menção, por parte de Mário Couto, de números da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o rombo financeiro causado pela corrupção no governo Lula. Segundo o senador tucano, foram cerca de US$ 5 bilhões por ano perdidos em razão de práticas irregulares. Além disso, Mário Couto também citou os gastos do Palácio do Planalto (“160 milhões”) com seus assessores, no que foi aparteado pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) – que, por sua vez, fez graça sobre as compras “exóticas” do cerimonial do Palácio, como centenas de pares de meias. “Deve ter uma centopéia por lá”, brincou, em outro momento hilário.
O senador petista não gostou da colocação de Mário Couto, porque, segundo ele, os números da FGV são referentes “aos governos municipais, estaduais e federal”, de forma que generalizam os casos de corrupção e os atrelam injustamente ao governo Lula.
Corrupção desenfreada
Ao deixar o plenário, Mário Couto falou com o Congresso em Foco sobre o episódio, e sobre o suposto nervosismo de Suplicy durante as argumentações. “Eu acho que ele ficou nervoso porque, na realidade, eu tenho certeza de que o sentimento dele era votar contra a CPMF. Eu não acredito que o senador Suplicy, pelo histórico que tem, possa votar a favor de um imposto tão perverso como esse”, especulou o tucano.
“Obviamente que, para se discutir a CPMF, temos que citar os gastos do governo, a corrupção que impera neste governo, e exatamente o que o povo está pagando, porque os impostos que o povo paga – que está hoje em torno de 800 bilhões de reais – é exatamente para cobrir isso: gastos excessivos do governo, a corrupção desenfreada que ele não controla”, continuou o senador. “Quando a gente toca nesse assunto, obviamente fere o PT porque, na história do Brasil, o governo Lula vem batendo recordes de corrupção e gastos. É normal que o senador tenha ficado nervoso. Eu lamento, mas espero que, daqui para a discussão final da CPMF, ele possa rever a sua atitude e votar contra esse imposto perverso.”
Para Mário Couto, os últimos acontecimentos que envolveram as negociações do Planalto com o Parlamento fazem com que, progressivamente, a situação do governo se complique. “[A situação da CPMF no Senado] a cada dia complica, porque a cada dia temos a convicção de que os senadores estão mais conscientes de que o povo brasileiro não pode pagar uma carga tributária tão grande. É a maior entre os países em desenvolvimento, uma das maiores do mundo, e o povo brasileiro não agüenta porque é um povo pobre”, concluiu.
Poucos minutos após a discussão, o senador Romeu Tuma (DEM-SP), que presidia a ordem do dia – o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), havia deixado o plenário durante o bate-boca –, determinou o encerramento da sessão. (Fábio Góis)
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