Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
18/11/2009 22:01
Fábio Góis
A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foram convidados pela quarta vez - agora na Comissão de Ciência e Tecnologia - a explicar no Senado as causas do apagão da semana passada. Desta vez, porém, a oposição resolveu incluir no convite, além dos técnicos do setor, uma entidade nada técnica, a esotérica Fundação Cacique Cobra Coral. Definida em sua página principal na internet como a "luz que ilumina os fracos e confunde os poderosos", a Fundação Cacique Cobra Coral diz ser capaz de prever, a partir de seus contatos espirituais, tragédias relacionadas a fenômenos meteorológicos.
Leia mais:
Dilma em dose tripla no Senado
Base dribla oposição e convida Dilma e Lobão
Além de Dilma, Lobão e o Cacique Cobra Coral, os oposicionistas querem ouvir 18 convidados, entre eles o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek.
O convite inusitado à fundação esotérica veio do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), para quem a atribuição dos problemas do setor elétrico aos fenômenos meteorológicos requer uma comprovação de "especialistas". "Se houve problema meteorológico, como dizem, vamos ouvir a fundação", disse o tucano, ressalvando que sua intenção não é desrespeitar os que seguem o Espiritismo. A idéia causou revolta entre os membros governistas, que acusaram a oposição de fazer escárnio com assunto sério.
"Se a oposição já está apelando para a Fundação Cobra Coral é porque, realmente, não tem mais opção", criticou Wellington Salgado (PMDB-MG) ao Congresso em Foco. "Seria importante ela fazer consulta à fundação para saber se o José Serra vem candidato mesmo [à sucessão presidencial pelo PSDB] ou se vai ficar no governo de São Paulo. Essa é a grande dúvida que tenho hoje."
O requerimento que convida os ministros a esclarecer as causas do blecaute generalizado foi apresentado pelo senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB), e aprovado depois de mais de uma hora de discussões. Além da CCT, três comissões aprovaram requerimentos de convite a Dilma e Lobão para falar sobre o sistema de energia elétrica brasileiro: Infra-Estrutura (CI), Assuntos Econômicos (CAE) e Relações Exteriores (CRE). A audiência seria conjunta com os membros da CI e CAE.
Às vésperas das eleições de 2010, a oposição nega que esteja usando o episódio para enfraquecer a pré-candidata oficial à sucessão de Lula, atribuindo-lhe a culpa pelas mazelas do sistema - Dilma foi ministra de Minas e Energia entre 2003 e 2005, tendo sido responsável pela reformulação do marco regulatório do setor. Segundo Virgílio, o convite esotérico "foi um protesto diante de um governo que ora diz, através do ministro [Lobão], que foi um raio que causou o apagão, ora diz, através de não sei de quem mais, que foram as chuvas".
"O sistema é frágil, é inconsistente, e o Brasil está inseguro. Eles fazem tudo isso para esconder a ministra Dilma da opinião pública e do debate com o Congresso", disse Virgílio, para quem a recusa ao comparecimento é falta de decoro. "Na gestão dela [na pasta de Minas e Energia], ela viu os investimentos caírem de 20 bilhões de reais/ano para 6 bilhões de reais/ano. A produção de megawatts também caiu. Aí eu pergunto: será possível a ministra não aparecer. Será que não está aí a falta de decoro, a falta de respeito à opinião pública?", completou o tucano.
Enquanto a oposição dá demonstrações de que quer manter acesso o debate sobre o apagão, os membros da base preparam estratégias para minimizar eventuais desgastes no embate dos ministros como os oposicionistas, nas audiências no Congresso.
"Eu respeito a contribuição da oposição", ironizou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "Já está cheio de cobra por aqui", alfinetou Wellington.
Temas
DEFESA DO CONSUMIDOR
Lula sanciona lei que cria novos direitos para clientes de bancos
RESOLUÇÃO DERRUBADA
Veja como cada deputado votou no projeto sobre aborto em crianças
PROTEÇÃO À INFÂNCIA
Governo critica projeto que suspende norma sobre aborto legal infantil