Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
18/7/2007 | Atualizado às 20:35
A Mesa Diretora do Senado decidiu ontem (18) encaminhar ao Ministério da Justiça o pedido do Conselho de Ética para que os documentos da defesa do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), sejam periciados pela Polícia Federal. Caberá ao ministério repassar à PF as 30 perguntas do conselho.
Elaboradas pelo colegiado que investiga as denúncias de que Renan teria aceitado que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagasse a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso, as perguntas buscam apurar se os documentos apresentados pelo senador para comprovar ser dono do dinheiro entregue à criança são verdadeiros.
Os três membros da comissão – senadores Almeida Lima (PMDB-SE), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) – querem, ainda, descobrir eventuais discrepâncias entre os documentos, além de examinar se há indício de recebimento de propina na evolução patrimonial de Renan.
Uma perícia parcial realizada pela PF a pedido do conselho em junho revelou que Renan não comprovou as vendas de gado que afirma ter feito em 2004, além de apontar uma série de "inconsistências" em dez notas fiscais apresentadas no valor total de R$ 122.879,83.
Veja abaixo as perguntas
1. São autênticas, válidas ou legítimas as notas fiscais apresentadas?
2. As Guias de Transporte de Animais apresentadas são autênticas?
3. A quantidade de vacinas de febre aftosa adquiridas é compatível com a quantidade de reses declaradas?
4. Há compatibilidade entre os recibos de venda de gado e os depósitos em contas bancárias?
5. Os créditos ocorridos nos extratos bancários e descritos nos recibos, como oriundos de venda de gado, estão respaldados pelas respectivas notas fiscais do produtor?
6. É possível afirmar que as notas fiscais do produtor foram contabilizadas ou registradas pelo emitente?
7. É possível afirmar que as operações de venda de gado descritas nas notas fiscais do produtor ocorreram efetivamente conforme suas descrições?
8. As primeiras vias das notas fiscais do produtor são autênticas?
9. As fichas de controle de estoque de gado bovino são compatíveis com a documentação disponível para exame?
10. Qual é, a partir das declarações de imposto de renda apresentadas, a evolução patrimonial no período de 2002 a 2006?
11. Essa evolução patrimonial é compatível com a renda declarada?
12. A renda declarada, oriunda de atividade rural, é compatível com as notas fiscais de produtor apresentadas?
13. Há compatibilidade entre as informações dos documentos fiscais e os demais documentos apresentados?
14. Os documentos apresentados para perícia são suficientes para comprovar a capacidade econômico-financeira do representado para satisfazer os compromissos alimentícios que alega ter honrado?
15. É possível afirmar, pelos documentos apresentados, que a quantidade de gado vendida era de propriedade do representado?
16. É possível afirmar, em cotejo com as datas e números das dez notas fiscais anteriores e as dez notas fiscais posteriores dos respectivos talonários, que as notas fiscais apresentadas respeitaram a ordem cronológica de emissão (dia, mês e ano)?
17. É possível afirmar que os documentos apresentados cumpriram todas as indispensáveis formalidades para sua constituição, validade jurídica, fiscal e ou administrativa?
18. É possível afirmar que as Guias de Transporte Animal e as notas fiscais correspondem ao gado bovino vendido?
19. Há relação ou correspondência entre as notas fiscais e as GTAs?
20. As alegadas transações de compra e venda de gado bovino cumpriram todas as formalidades, inclusive perante os órgãos públicos federais, estaduais e municipais?
21. É possível afirmar, com certeza, que os valores das vendas efetuadas refletem a média praticada no mercado de compra e venda de gado no Estado e região em que foram vendidos, ou se poderia caracterizar-se algum tipo de superfaturamento?
22. Os documentos de compra de vacina para gado bovino apresentados podem trazer a certeza da quantidade de gado de propriedade do comprador das vacinas?
23. A vacinação e a quantidade de gado bovino do representado estão formal e tempestivamente registrados na Adeal (Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado de Alagoas)?
24. Há saques em dinheiro ou transferências bancárias das contas do senador representado, coincidentes ou correspondentes aos valores e ao período em que foi beneficiária Mônica Veloso e/ou sua filha nos alegados pagamentos de despesas ou dispêndios de alimentos?
25. No período que o senador representado teria arcado com as despesas e haveres alimentícios de Mônica Veloso e/ou sua filha -entre janeiro de 2004 até dezembro de 2006-, possuía ele em suas contas bancárias recursos suficientes para os pagamentos que alega ter realizado?
26. Os montantes em dinheiro ou crédito oriundos das supostas venda de gado bovino constam das movimentações bancárias das contas correntes do representado?
27. As declarações de imposto de renda apresentadas pelo representado em sua defesa são autênticas?
28. Os extratos bancários apresentados pelo representado são autênticos?
29. Há algum documento materialmente falso apresentado na defesa do representado? Havendo, qual?
30. Os valores apurados nas vendas de gado mencionadas na defesa foram depositados no Banco do Brasil, na conta bancária do representado?
Leia também
MPF pede bloqueio de contas de Zuleido Veras na Suiça
O Ministério Público Federal pediu o bloqueio de duas contas bancária do empresário Zuleido Veras na Suíça. Zuleido é dono da empreiteira Gautama e foi apontado pela Polícia Federal como o principal operador do esquema de fraude em licitações e obras públicas desmontado pela Operação Navalha. O MP suspeita que ele estivesse transferindo dinheiro para a Suíça desde que as fraudes vieram a público.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, uma das contas chamava "Amatuag", Gautama escrito de traz para a frente. Ambas foram descobertas pela Polícia Federal, a partir da análise da movimentação financeira das contas já bloqueadas no Brasil e que tiveram o sigilo quebrado.
Remessas ao exterior são uma estratégia recorrente de pessoas investigadas por crimes. Há mais dificuldade burocrática de identificação de saldos em contas fora do país para o eventual cumprimento de medidas judiciais futuras, como ressarcimento de dinheiro público desviado.
Recentemente, Veras fez à ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon diversas solicitações de liberação de suas contas no Brasil. Sob a alegação de que precisava pagar os salários de funcionários da Gautama, Zuleido conseguiu a liberação de R$ 2 milhões. Parte do dinheiro pode ter ido para uma das contas na Suíça. (Carol Ferrare)
Temas
Eleições partidárias
AGENDA DA SEMANA