Violência contra a mulher
"Pode parar, senão vou te matar aqui": deputado Da Cunha ameaça ex em vídeo
Membro da bancada da bala, o deputado ameaçou atirar na ex-companheira. "Vou encher tua cara de tiro", diz Da Cunha em trecho do vídeo
Congresso em Foco
18/3/2024 | Atualizado às 15:33
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Membro da bancada da bala, Delegado Da Cunha (PP-SP) é réu por agressão contra ex-companheira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
O deputado Delegado Da Cunha (PP-SP) é réu por lesão corporal e violência doméstica contra a ex-companheira Betina Grusiecki. Conforme reportagem veiculada no Fantástico neste domingo (17), a vítima gravou as ameaças do parlamentar, cuja última agressão aconteceu em 13 de outubro do ano passado, em Santos. Em um momento do vídeo, Da Cunha diz à ex: "Pode parar, senão vou te matar aqui".
O parlamentar ganhou projeção e notoriedade ao gravar vídeos para o YouTube registrando operações militares, mesmo encenando algumas ações, como o suposto flagrante em que prendia um sequestrador em 2021. Membro da bancada da bala, o deputado ameaçou atirar na ex-companheira, com quem esteve por três anos. "Vou encher tua cara de tiro", diz Da Cunha em trecho do vídeo gravado por Betina.
Conforme a acusação da ex, o casal brigava com frequência e o companheiro a agrediu por várias vezes ao longo do relacionamento. Apesar da defesa do deputado alegar que na ocasião do vídeo exibido pelo Fantástico não houve agressão física, o Instituto Médico Legal (IML) atestou lesões no couro cabeludo e lesões corporais leves.
"A gente estava em um momento em que os dois estavam fora do prumo, os dois estavam desestabilizados", justificou-se o parlamentar. "O demônio estava dentro de casa, então não era a mesma Betina e nem o mesmo Da Cunha".
Durante a audiência virtual entre o deputado e a vítima, Da Cunha disse se sentir coagido quando Betina após novas discussões ameaçava ir embora de casa. "Eu era muito apegado, eu fazia qualquer coisa para ela não ir embora", explica.
No vídeo em questão, Betina até tenta fazer as malas, mas logo as agressões começam. A vítima chegou a ser sufocada, enquanto o agressor dizia: "Desmaia aí". Betina atingiu Da Cunha com um secador de cabelo na cabeça, ação que o Ministério Público entendeu como legítima defesa.
À família de Betina, o parlamentar enviou vídeos colocando as roupas da ex-companheira em sacos de lixo, com a legenda "quem pode mais, chora menos". Em conversa telefônica com a mãe de Betina, Da Cunha pediu que o vídeo da agressão não fosse publicado, sob a justificativa de que a divulgação acabaria com a vida dele. "Colocar um vídeo desse, eu vou perder meu mandato".
A defesa do parlamentar afirmou que vai pedir que a Justiça submeta o vídeo à perícia. Atualmente, Betina e a família têm medidas protetivas contra o deputado, e a ação ainda está em andamento. 
