O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) poderá ter a participação mais efetiva da Itália, segundo informou o presidente do Conselho de Ministro da República Italiana, Romano Prodi. O anúncio foi feito depois da visita do premier italiano ao Congresso Nacional, onde teve encontros reservados com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Prodi revelou ainda que os compatriotas estão à disposição para financiarem empreendimentos em infra-estrutura, inclusive de risco.
Segundo o primeiro-ministro italiano, a ampliação das relações entre os dois países passa pelo intercâmbio de investimentos. Prodi defendeu ainda o fortalecimento dos vínculos entre Europa e América Latina e lamentou que sejam escassas as relações entre instituições culturais italianas e brasileiras.
Para o senador Renan, o Brasil vive um grande momento para atração de investimentos produtivos, propiciado pela manutenção de instituições estáveis, fortes e democráticas. “Nossa democracia é jovem, mas sólida. O Parlamento, em especial o Senado, é estratégico na defesa dos pilares democráticos, mas precisa fazer as reformas estruturais demandadas pelo país para tornar o ambiente ainda mais propício a investimentos”, afirmou.
Mais cedo, em um encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto, os dois países assinaram memorando de entendimento para a realização de atividades de cooperação com terceiros países. E o primeiro resultado foi a assinatura de um documento que garante o desenvolimento conjunto de novas tecnologias para a produção de biocombustíveis envolvendo a Petrobras e a italiana Eni. A intenção é desenvolver tecnologia em países da África, provavelmente Angola e Moçambique.
“É claro que consultamos os dois países. Porém, não é possível falar em valores ainda. A partir de hoje (28) estaremos com a mão na massa e começaremos a trabalhar”, garantiu o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Em relação à troca de tecnologia, a Petrobras irá enviar amostra de petróleo pesado para ser refinado em planta da Eni. Esse tipo de óleo exige uma ténica específica, a qual o Brasil não domina.
Desde que Romano Prodi assumiu o governo italiano no ano passado, as relações do Brasil e Itália se intensificaram por causa da identificação ideológica. O presidente Lula é amigo pessoal dos principais líderes italianos, como o ministro das Relações Extreriores, Mássimo D’Alema, e o subsecretário de Estado para Relações Internacionais, Donato di Santi. “Quando vejo o Donato assinar um tratado, lembro de quando éramos oposição e nem pensávamos em assumir o governo. Sou amigo dele há tanto tempo que me alegro com esse ato”, afirmou o presidente Lula na assinatura do memorando. (Fábio Lino)