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Grupos organizados
Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Sylvio Costa
2/10/2022 | Atualizado 3/10/2022 às 14:54
A confusão ocorreu num encontro para discutir a reforma trabalhista e envolveu o atual senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o ex-senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que encerrou o mandato em 31 de janeiro de 2019.
Trata-se, portanto, de peça de ficção, atribuída à candidata a deputada federal por Goiás, Eliane Martins, da Democracia Cristã (DC). Mas a mensagem diz que o conteúdo "precisa viralizar", algo típico de notícias propositalmente falsas.
Intitulado "Pecuária Nordeste Goiano", o grupo tem mais de 180 participantes, produtores rurais de uma região que compreende toda a área da Chapada dos Veadeiros e sua rica diversidade.
Criado há mais de cinco anos, o grupo nasceu para a troca de informações sobre questões ligadas exclusivamente à agropecuária. Em 2018, com Bolsonaro candidato a presidente pela primeira vez, passou a ter finalidades políticas ligadas ao bolsonarismo. "Acho que política é hoje 80% por causa do momento histórico que vivemos", disse a esta reportagem o administrador do grupo, Fernando Galdiano Alves, fazendeiro com domicílio eleitoral em Brasília (DF).
Os posts incluem ataques ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exaltação à ditadura, manipulação de vídeos e de fotos e teorias da conspiração envolvendo autoridades. Nas últimas horas, aumentou bastante a publicação de mensagens contra o ex-presidente Lula, sempre tratado como ladrão e em certos posts associados ao diabo. Exemplo:
Também é prática comum no grupo compartilhar fake news antigas, como a versão de que Suzane von Richthofen, condenada por matar os pais, seja candidata a deputada federal pelo PT. Era mentira em 2018, quando a farsa foi montada pela primeira vez, e continua sendo mentira agora. Mas a imagem foi para o grupo e lá ficou:
Por que o administrador do grupo não age contra a publicação de conteúdo falso? Ele, que se declara bolsonarista, responde: "Às vezes, eu corrijo ou outra pessoa esclarece que não procede. Essa da Suzane aí eu lembro que alguém lá falou que não era verdade". E por que não há obrigação de remover mensagem flagrantemente falsa, num país em que os grupos de WhatsApp têm papel fundamental na formação de opinião política? "Sou responsável pelo que publico, cada um é responsável pelo que publica. Fica ruim corrigir, chamar a atenção dos outros. São pessoas conhecidas, senhores, muitos com mais de 60 anos".
No texto, busca-se uma das associações mais recorrentes feitas pelo bolsonarismo aos seus opositores: a vinculação da esquerda à corrupção. O monitoramento que o Congresso em Foco faz da política há mais de 18 anos não confirma tal tese. O PL de Bolsonaro, por exemplo, é o partido com mais parlamentares às voltas com problemas judiciais. O texto também repisa na tecla do anticomunismo, assacando contra os adversários políticos a suspeita de um complô comunista que não combina com a biografia nem de Lula (PT) nem do seu vice Geraldo Alckmin (PSDB).
Quem encaminhou o "textão" para o grupo foi o médico nefrologista Evandro Reis da Silva Filho, que também é um ativo produtor rural, tendo chegado a presidir a Associação dos Criadores de Gado Zebu do Planalto Central.
"Meter porrada em alguns jornalistas" seria algo digno de aprovação?, perguntamos ao médico. Resposta: "Não. Não penso em dar porrada em ninguém. Não acho que se resolve as coisas com pancada não. Acho que conversando é que se resolve. O problema é que tem jornalista também que tenha dó, né? Para fazer sucesso, não quer saber como o outro vai ficar, né?" Em que sentido, Dr. Evandro? "Menosprezando as pessoas, uma coisa que ele multiplica por dez para dar mais leitores. isso que eu acho que é errado".
Segundo o médico, há uma dificuldade hoje em se determinar o que é verdadeiro ou falso em boa parte por responsabilidade da mídia, que deixou a imparcialidade de lado para combater Bolsonaro. Concorda com a tese central do texto de que a vitória de Lula representa a entrega do país ao comunismo. A mensagem por ele compartilhada atribui incorretamente a pobreza de países africanos a regimes políticos de esquerda. E chega a dizer: "Não podemos medir esforços para EXTIRPAR essa desgraça". Para o nefrologista, é real o risco comunista iminente: "Se o Lula ganhar, não vai ser como a Venezuela, porque nós somos um país continental. Mas vai ter várias regiões em que isso vai ser implantado goela abaixo".
Discordância ele manifesta em relação às práticas da ditadura de torturar e matar opositores. Fala que também não endossa o AI-5, o mais violento ato institucional imposto pelo regime militar. Em seguida, acrescenta: "O presidente do TSE é pior que o AI-5. Então acho ridículo também".
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