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Educação
1/10/2025 15:00
A Educação é a base de todas as transformações sociais, especialmente sob o aspecto da inclusão. É nela que moldamos cidadãos, construímos oportunidades e definimos o futuro de um país. No entanto, quando olhamos para a realidade brasileira, vemos uma contradição dolorosa: temos uma das legislações mais avançadas do mundo em defesa das pessoas com deficiência, mas ainda estamos muito distantes de garantir o direito à educação inclusiva de forma efetiva.
Levantamento recente do Instituto Rodrigo Mendes, com informações do Censo Escolar realizado anualmente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), escancara esse abismo: se o Brasil mantiver o ritmo atual de formação de professores para educação especial, levaríamos 468 anos para preparar todos os profissionais da rede. Isso significa que, na prática, uma geração inteira de crianças e jovens continuará sem o apoio adequado dentro da sala de aula.
Nos últimos dez anos, o número de alunos com deficiência mais que dobrou. Hoje são mais de 2 milhões de matrículas em escolas regulares. Porém, o contingente de docentes formados na área passou de apenas 4,4% para 6,4% no mesmo período. É um crescimento pífio diante da urgência. A proporção de professor para aluno, que já era baixa, piorou: em 2014 havia 1 docente especializado para cada 9 estudantes da educação especial; agora temos apenas 1 para cada 13.
Essa baixa formação de professores - tanto para a educação básica quanto para a especial - não é fruto do acaso. É consequência direta da desvalorização histórica da profissão docente no Brasil. Salários baixos, falta de infraestrutura mínima, sobrecarga de horas/aula, turmas superlotadas, ausência de capacitação continuada e uma rotina marcada pela exaustão afastam talentos e desestimulam os jovens a seguirem a carreira. Assim, formamos menos professores, e os que se formam muitas vezes não recebem a preparação adequada.
É nesse cenário de contradições que tenho lutado em prol de uma Educação de qualidade, capaz de formar cidadãos conscientes, participativos e preparados para a vida. Por uma Educação de inclusão real, que não deixa ninguém para trás e que garante ao aluno com deficiência o direito de aprender e se desenvolver com dignidade. E por uma Educação que valorize o professor.
Não é aceitável que a mais nobre das profissões continue recebendo salários aviltantes, sem condições adequadas de trabalho. Por isso, defendi e sigo defendendo que o professor da educação básica pública tenha reajuste salarial sempre que houver aumento dos vencimentos dos parlamentares federais. Se os representantes do povo podem ter seus salários corrigidos, muito mais justo é que aqueles que formam o futuro da Nação também sejam valorizados.
E, claro, sigo firme na defesa da formação obrigatória dos educadores para o atendimento de alunos com autismo e outras deficiências. Porque inclusão não é apenas colocar todos na mesma sala de aula; inclusão é garantir que cada aluno tenha a oportunidade real de aprender, com professores preparados, motivados e respeitados.
Formação inicial consistente, programas de capacitação continuada, equipes multidisciplinares, salas de recursos multifuncionais, melhores condições de trabalho e remuneração justa, esses são os pilares de uma educação inclusiva que funcione de verdade.
Mas, acima de tudo, é preciso lembrar: sem o professor, não há inclusão possível. É ele quem transforma a lei em prática, a igualdade em realidade e a esperança em futuro. É ele que dá voz e oportunidade às pessoas com deficiência, garantindo que cada aluno tenha não apenas uma vaga na escola, mas condições reais de aprender e se desenvolver.
Se o Brasil quer uma educação plena, cidadã e, acima de tudo, inclusiva, precisa valorizar o professor. Não podemos esperar séculos para reconhecer isso. O tempo da inclusão é agora, e ele só será verdadeiro se vier de mãos dadas com a valorização de quem ensina.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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